Fecho o dia de hoje, este dia assim, sem tocar em outro tema. Embora com muito a querer ser dito sobre tanta coisa. Mas, hoje... foi um dia assim.
Corremos da Galiza para Ourém.
Logo depois, deixei que o “expresso” me transportasse a Lisboa. Fui até ao Largo do Calvário, subi a Rua Dias Coelho, e andei por ali a pé, a recuar meio século no “meu tempo”. Pelos mesmos sítios de 19 de Dezembro de 1961, parando onde então parei o carro, caminhando, em caminho inverso, os que teriam sido os passos de José Dias Coelho, reconstituídos no processo dos “pides” que o assassinaram, e que foram louvados em 1961, e que tiveram todas as atenuantes em julgamento e recurso em 1976, incluso a de terem merecido o louvor por terem cumprido a sua missão, assassinando um comunista. Era assim o fascismo. Não erradicado.
Juntámo-nos, hoje, 50 anos depois, para o lembrar. Gritando “Fascismo nunca mais”. Mas quantos éramos?, quantos somos?
Foi contidamente comovente a cerimónia. De luta que continua.
Mais do que qualquer de nós, Margarida Tengarrinha teve a voz controlada, o tom firme, as palavras certas. “Servindo-se” do acto para dizer o que tem de ser dito, lembrado, ensinado. E também o que tem de ser dito, lembrado, ensinado – e foi-o por uma mulher que tinha 33 anos em 1961, e era companheira e mãe –: que somos seres humanos, com vida íntima, afectos, sofrimentos, e que lutarmos sempre. Porque só lutando somos.
Assim fechei o dia assim…
8 comentários:
Que a noite te traga o merecido descanso.
Um beijo.
Todavia os nossos mortos continuam vivos e actuantes no nosso partido.
Um grande abraço para ti caro camarada, por todas as razões e mais uma.Pelo o que julgo saber, calculo que esta homenagem tenha um significado especial para ti.
João Filipe
Sérgio, tive muita pena em não ter lá estado... tive que ir para Setúbal para a Assembleia Municipal, onde aprovámos uma muito boa Saudação à Greve Geral, duas moções sobre a destruição da protecção social, em especial em relação aos idosos mais dependentes (por causa do CATI da Segurança Social) e uma sobe a aprovação do OE para 2012. Aprovámos uma outra, apresentada por outra força política, mas também muito oportuna, sobre a privatização dos CTT, em que o PS fez um discurso de justificação do voto favorável surpreendentemente hipócrita (como se não fizesse parte dos seus planos privatizar o que ainda é púboico e está por privatizar).
Apesar de tudo, acho que também homenageámos o Dias Coelho...
Triste , mas comovente, o teu dia de ontem.
Embora não podendo ter estado na Rua José Dias Coelho, onde já fui, levada por uma amiga,aqui deixo a minha homenagem a esse homem corajoso que continua a acompanhar-nos.
Um beijo.
Quando a memória -e que memórias- permanece viva, há 'dias' que nunca se fecham...
"Fascismo nunca mais!" foi a palavra de ordem dita junto da placa que grita o assassinato de José Dias Coelho; a evocação trouxe à memória tantos camaradas que como ele deram a vida e a liberdade conhecendo a prisão, a tortura, a distância, a separação... Eu que não as vivi ontem tive junto de mim os que me deram Abril quando tinha dez anos. Ao Sérgio, a minha gratidão pelas memórias desse Dezembro de 1961encontradas neste blog e que me permitem saber e contar como foi.
é impressão minha ou este texto foi alterado depois de publicado?
Enviar um comentário