segunda-feira, julho 09, 2012

99%...

Como todos os sábados, comprei o Expresso. É assim uma espécie de mergulho num outro mundo. Fico informado pela "informação" desse outro mundo que não é o meu, leio opiniões das “vedetas” e umas divertem-me, outras advertem-me do que seriam capazes alguns caceteiros se a sua arma fosse além do verbalismo exacerbado (ou puderem ser mandatários de outros tipo de caceteiros não verbais…). Um exemplo só para registo: a grande vedeta deste último número é um multi-badalado historiador (Rui Ramos) que se incomoda com o que chama ”bullying do PCP”, e usa expressões como “uns quantos barrigudos de meia-idade”, “o desespero dos comunistas, com as suas poucas dezenas de avozinhos valentões” e etc., e faz ameaças ou pede providências ameaçadoras!

Mas chego ao caderno Economia, à página Cem por Cento de Nicolau Santos, e sinto algum retempero. Uns tantos por cento…
Esta semana o título e o começo eram aliciantes para a leitura:


«Como é que se pode confiar nesta gente?

A banca, grande responsável pela brutal crise que o mundo ocidental está a viver, não aprendeu nada com o tsumani que criou. Continua a ter o mesmo tipo de práticas e comportamentos, os mesmos estímulos perigosos, a mesma falta de ética para com os depositantes, a mesma arrogância e balofa superioridade que nos conduziram até aqui, a mesma divisa “a ganância é boa” (…)»

É claro que não escreveria assim, que reduzo os 100%, mas está ali, e no que segue, muita coisa que vale a pena ler e debater. Reflectir!
  • Para já, que coisa é essa do "mundo ocidental"?, não será o capitalismo desenvolvido, estas metrópoles do sistema neo-colonial, imperialista?,
  • e não será "a banca, grande responsável pela brutal crise,” parte e agente de um capitalismo financeiro, de um sistema de relações sociais de produção na sua actual fase?
  • e as “práticas e comportamentos” não são derivadas e coerentes com um funcionamento movido pela intrínseca e identificadora “ganância”, que melhor se diria exploração, só morigerada se a correlação de forças sociais a tal obrigar.

N.S. vê a salvação numa regulação/supervisão do capitalismo, já experimentada não para regular mas para mais desregular (falta espaço para os exemplos…), e permito-me reescrever a sua parte final:

«Não, nesta gente não se pode confiar. As opiniões públicas massas têm de pressionar os políticos a democracia representativa para dar mais poder aos supervisores à democracia participativa. E estes os eleitos têm de ser implacáveis no seu trabalho transparentes nas suas tarefas. A ética tem de voltar a ser o lema de quem guarda e gere o dinheiro dos cidadãos.»

Não! Nesta gente não se pode confiar!

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

O Rui Ramos nem conhecia,mas é mesmo de ignorar pelas inconveniências que diz, transpirando ódio.
O Nicolau Santos também conheço mal, mas parece-me que quer remediar a crise com o "capitalismo de rosto humano".
Assim me pareceu, mas não tenho a certeza.

Um beijo.

samuel disse...

Uma poda só lhe fazia bem, ao Ramos... :-)

Abraço.