Nas minhas viagens e visitas blogoesféricas de informação, não raro paro em José Ferreira (Fala Ferreira) que, de longe (ao que julgo), vai acompanhando com atenção e cuidado a situação poruguesa, publicando estudos e comentários que sempre me fazem pensar e com que quase sempre coincido.
Hoje li o que me convida a transcrição quase integral:
«Vi agora o Olho nos Olhos de segunda-feira passada. Pouca coisa me surpreendeu – porque, seguindo a análise do PCP (...) no início da crise, que parece ter sido diluída em discursos de conjuntura, defendi argumentos muito próximos. Não obstante, noto que há uma diferença na escolha dos argumentos que leva a caminhos aparentemente divergentes.
Há, não obstante, uma diferença entre a economia de Alexandre Patrício Gouveia e Medina Carreira e a minha sociologia. Onde eles vêem más opções, eu vejo a formação de uma fracção da elite económica assente na imbricação entre a banca e a construção civil. O governo não os protegeu para além das suas capacidades por falta de visão, mas incapacidade de derrotar uma poderosa máquina de criar empregos, de aumentar salários e – quando se tornou incapaz disto – de corromper.
Economias e sociologias à parte, há da minha parte a necessidade ideológica de assumir que o problema está do lado da criação de riqueza e não da despesa do Estado (o que se deve) também ao facto de eu partir do suposto que 60% da despesa do Estado é gasto em saúde, educação e reformas (...).
No entanto, se falarmos das despesas desorçamentadas do Estado, feitas através de PPPs cujo encargo só entrará a partir de 2014 nas contas públicas, a coisa muda de figura. Sobretudo porque essa despesa do Estado têm uma influencia directa nas opções dos empresários. Desse modo, aquela separação que eu usava entre Estado e privado – que deixava as culpas no privado – , além de ser pouco marxista, deixa de ter sentido.
Então, torcendo um pouco a distinção do sociólogo francês entre mão esquerda e mão direita do Estado, vemos que o Estado gastou em:
E verificamos que o Estado gastou mal, sobretudo, do seu lado direito e hoje corta, sobretudo, do lado esquerdo.»
Mas tudo "isto" não é estratégico
... e capitalismo em funcionamento,
contraditório e catastrofista?,
a que só a luta de classes
pode fazer frente e vir a derrotar!
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