Há uns meses, tantos que podem passar a medir-se na bitola anual, chegava-se ao entendimento entre troikas, que se alcunhou acordo e era pacto de agressão (e submissão).
Pela nossa parte, foi dito que nenhum dos anunciados resultados se viriam a verificar, que tão-só se estava perante um álibi e um ataque – uma agressão! – aos direitos dos trabalhadores e sociais, e afirmou-se a necessidade de renegociar o que, necessariamente, viria a ter de ser revisto, reestruturado, renegociado… sei lá que verbo usar…. porque nada se iria cumprir.
Mais foi dito que quanto mais tarde pior para a situação económica e social.
Qual quê!?, com modos de quem repudia insultos, foi resmungado que tudo seria cumprido à risca, ao centésimo de percentagem dos objectivos, pelo que os sacrifícios que se pediam (a todos, dizia-se...) seriam compensados.
“Um ano depois, um milhão de desempregados, milhares de falências, colapso nos serviços públicos, quebra brutal no consumo e no investimento e êxodo sem precedentes de jovens talentos portugueses, a receita infalível para nos salvar da crise está em vias de ser bastante alterada. Se isto não é falhanço, não sei o que é um falhanço.” (Nicolau Santos a Cem por Cento, Expresso de 14.07.2012).
Entretanto, nem as moscas tendo mudado, mudaram os verbos. Uns dias de ausência e esta visita de inspecção da troika de fora surpreende-nos com os verbos perseverar, garantir, favorecer, melhorar, facilitar, ajustar, progredir, talvez aumentar (pacotes), alongar (prazos), baixar (taxas de juros), e etc.
Tudo o que quiserem menos negociar ou renegociar (aliás, não se renegoceia o que não foi negociado..).
Esticar a corda! Até onde der a resistência dos materiais e enquanto houver dicionários acessíveis. E enquanto os deste lado da corda não acordarem, anestesiados ou distraídos com manobras de diversão...
2 comentários:
Anestesiados e distraídos como convém. Mas há quem esteja atento.
Um beijo.
Camarada, sê bem-vindo!
É, as ovelhas seguem o rebanho, angustiadas, tentando passar pelos pingos da chuva sem se molhar.
Se não forem algumas ovelhas negras a criar desassossego...as outras só acordam depois de completamente tosquiadas.
Um grande abraço,
Jorge
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