quinta-feira, março 24, 2016

avante! - Cuba


Capa N.º 2208









 - Edição Nº2208  -  24-3-2016

O que lhes dói…

A visita do presidente dos EUA, Barack Obama, à República de Cuba é um verdadeiro acontecimento histórico. Pelo facto de ser inédito na história de Cuba revolucionária; de representar um passo na alteração da política dos EUA face a Cuba; e de materializar uma importantíssima vitória política e diplomática da Revolução cubana.
Quando redigimos estas linhas ainda a visita de Obama não terminou. Contudo é já possível identificar alguns resultados e pontos positivos. O primeiro é a visita em si. Cuba recebeu Obama como tinha afirmado que o ia fazer: com respeito e com a hospitalidade que caracteriza o seu povo. Mas também com a dignidade e firmeza de quem há meio século resiste às manobras, guerra económica e política e atentados das sucessivas administrações dos EUA. O segundo é o conteúdo concreto dos acordos alcançados, quer no campo das relações económicas e diplomáticas, quer de intercâmbio nas áreas da saúde e educação. Não porque tenham uma dimensão significativa, ou mesmo grande importância económica, mas porque elas próprias furam o bloqueio que os EUA impõem a Cuba e retiram campo à sua extraterritorialidade. O terceiro ponto, e talvez o mais positivo, é que durante três dias as televisões de todo o Globo noticiaram esta visita. E o que o Mundo viu foi um país soberano, independente, firme nas suas convicções, receber com dignidade e respeito o presidente dos EUA e com este dialogar de igual para igual. Um respeito e uma dignidade bem patentes na conferência de imprensa conjunta em que Barack Obama reconheceu os avanços notáveis de Cuba em diversas áreas e afirmou que o destino de Cuba cabe unicamente aos cubanos.
Como seria de esperar os mais retintos anti-cubanos espumaram veneno face aos acontecimentos. Não tanto porque a visita de Obama tenha terminado com o bloqueio que eles tanto defendem, ou que tenha significado uma mudança significativa na política de ingerência dos EUA que lhes paga o «salário». Não… o seu nervosismo tem a ver com uma coisa que lhes dói mais… é que esta visita é um sinal de tolerância, diálogo e respeito mútuo e, acima de tudo, uma vitória de Cuba na luta das ideias. Uma luta que agora continua sob novas e mais exigentes condições.


Ângelo Alves 

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