Curiosamente (ou não...), nos trabalhos em que estou metido tropecei neste texto:
«(...) No caso de Portugal pode mencionar-se como factor positivo o controlo pelo Estado de um importante sector da produção e, como consequência, a sua possível orientação para objectivos políticos. Além disso, existem instrumentos legais para traduzir esses objectivos em programas de acção imperativos. A nacionalização do sector bancário, a reforma agrária e o controlo da gestão podem todos eles ser utilizados como instrumentos para dirigir a economia. O potencial de tais instrumentos está longe de ter sido esgotado, e eles deviam desempenhar um papel importante na execução do plano.
No que respeita à exequibilidade plano proposto, a manutenção do sector existente de empresas públicas - que inclui os bancos - e a inclusão desse sector no plano, são de importância fundamental. . Falando em geral, e sem cair em sistemas de raciocínio dogmático, parece impossível evitar a questão de saber se a economia pode ser planeada em relação às necessidades sem que as condições essenciais mínimas para a socialização da economia sejam satisfeitas. Será portanto necessário discutir essas condições essenciais.»
(Manuela Silva, Secretária de Estado para o Planeamento - 1976-77 - no 1º governo constitucional.
De intervenção num seminário sobre o planeamento da satisfação das necessidades básicas, na Universidade de Gand-Bélgica, em Setembro de 1977, no lançamento de um livro Employment and basic needs in Portugal, editado pela OIT, e poucos dias antes de se demitir por esse plano não ter sido debatido na AdaR - depois de aprovado pelo governo em 1 de Junho -, preterido por outros debates considerados prioritários, em favor da contra-revolução e a "cavalgada" neo-liberal, como a Lei Barreto para destruir a reforma agrária. Texto incluído no livro referido e na sua edição em português, da Fundação Damião de Góis, em 1985 )
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