quarta-feira, agosto 31, 2016

"Não são os deuses que dormem, nós é que os sonhamos"

de  factos i relevâncias:

31.08.2016

Antes passar às coisas terrenas, do chão e do céu, da natureza e dos seres humanos, da vida e da luta, um pequeno (porque grande seria a obscenidade) desabafo sobre o que acabo de “ouver” do Brasil.

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O julgamento linchamento político da Dilma (que não idolatro nem odeio, que nem conheço pessoalmente de lado nenhum) é um episódio asqueroso, insuportável.

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Há alguns personagens dessa ignomínia à democracia que fazem discursos que parecem retirados, palavras ocas ou cheias de peçonha, discursos tristemente irónicos, do que estou a ler – como obra literária de enorme valia – em que estou a fazer, como escreve Domingos Lobo, no avante! , uma viagem “…pelo mais obscuro e silente da nossa condição em conjunções de abismo, de caverna, de esconjuros…” , discursos que nele se incluiriam “… como uma missa negra, lírica e grotesca, a que preside, com o terror do silêncio e da ausência (Não são os deuses que dormem, nós é que os sonhamos, pág. 229)”. 
 
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É curioso como nesse livro – Não se pode morar nos olhos de um gato, de Ana Margarida de Carvalho –, de que saboreio gostosamente a escrita e onde, por vezes, me arrepio e sofro pelo que fomos e somos, já anotara (na página 73), entre meia dúzia de frases, aquela que Domingos Lobo cita da página 229, e que é o título do “capítulo amarrado” (o 6º), numa escrita em que algumas delas serão como que uma coluna vertebral de uma escrita em língua portuguesa rica, prolixa, fecunda.

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E por aqui me fico, pois nem esta obra me leva ao atrevimento de escrever sobre literatura e Ana Maria de Carvalho obrigar-me-ia a fazê-lo se, como estou a pensar enquanto escrevo, vier a transcrever estas notas de diário.

terça-feira, agosto 30, 2016

Exit?... mas ele não estava out?

BRASIL - A defesa que, mais uma vez, denuncia o golpe

30 de agosto de 2016 - 9h02

Discurso de Dilma repercute no mundo


Discurso da presidenta Dilma em manchete no Publico.ptDiscurso da presidenta Dilma em manchete no Publico.pt

A pressão dos covardes, porém, não deu resultado. "Coração valente", a presidenta foi ao plenário - acompanhada de artistas, intelectuais e de lideranças políticas e sociais - e fez um discurso altivo e contundente. Durante horas, Dilma também aguentou as provocações dos falsos moralistas, respondendo com firmeza aos algozes. O efeito foi imediato. Nas redes sociais, a hashtag #Pelademocracia foi a mais acessada no twitter mundial. Na imprensa internacional, o histórico discurso teve ampla repercussão.

O jornal estadunidense The New York Times - tão bajulado pelo jornalismo nativo com complexo de vira-lata - destacou em seu site: "Dilma diz que não será silenciada durante seu julgamento”. O diário ainda realçou a frase: "Não espere de mim o silêncio dos covardes". Outros veículos mundiais, como a Time, NBC, CBC e AFP, reproduziram a frase: “Eu não cometi um crime”. Al Jazeera e France 24 ressaltaram um trecho do discurso: "Minha consciência está limpa”. E a BBC de Londres registrou: "Rousseff diz ao Senado que acusações são um pretexto para um golpe". Já o jornal espanhol El País foi além dos registros e classificou a depoimento da presidenta como "duro e emocionante".

Segundo o texto opinativo, assinado pelo jornalista Antonio Jiménez Barca, a presidenta "apelou aos sentimentos, à sua história política, ao seu caráter e à sua trajetória para deixar claro que está sendo expulsa injustamente... Ela sabe que só um milagre a salvará, sabe que tudo está perdido. Ou quase. Por isso, apesar desta interpelação, Rousseff não dirigiu seu discurso só aos senadores, mas ao país inteiro, aos livros de história, ao seu próprio retrato e à sua própria biografia, consciente da dimensão do momento, da importância do discurso"

Já o jornal português Público destacou que "a presidente Dilma Rousseff não poupou nas palavras na sua defesa perante o Senado, no julgamento em que deverá ser destituída do cargo, do qual está suspensa desde maio... A presidente defende-se das acusações [pedaladas fiscais] - e muitos analistas dizem que esta contabilidade criativa não é diferente da realizada por outros governos". O diário afirma que nada de errado foi descoberto contra a mandatária - "a sua honestidade pessoal nunca foi posta em causa" -, mas crítica o sistema político brasileiro - "que ninguém duvida que seja corrupto".

A repercussão do discurso reforça a narrativa mundial de que o Brasil vive um golpe - ou, ao menos, uma farsa, segundo um artigo arrasador do renomado jornal francês Le Monde. Era este impacto que os golpistas, sempre tão covardes, temiam.


*É jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Reflexões sobre desporto e jogos olimpicos

Quando o futebol (e, sobretudo, o seu negócio!) começa a avassalar tudo (a tornar tudo seu vassalo), ao fechar o o XVº caderno de factos i relevâncias pareceram-me pertinentes algumas obsservações lá deixadas sobre as Olimpíadas, há uma semana:

Terminaram os Jogos Olímpicos, e terminaram melhor do que poderia ter sido desejado (e provocado) pelo imperialismo. 
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Eu, que os acompanho desde 1948, que sempre me interessei pelo desporto, vejo-me – nesta provecta idade – impressionado por resultados que confronto com memórias. 
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A minha admiração pelo ser humano e pela sua superação é imensurável em segundos e metros, mas estes são sinais de uma evolução que espanta.  
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Até onde o limite humano, com a velocidade a vir abaixo dos 10 segundos nos 100 metros e dos 20 segundos nos 200 metros, com os 400, 800 r 1.500 metros a serem não meio-fundo mas pura velocidade, com os 5.000 e os 10.000 a serem corridos em pouco mais de 13 e de 27 minutos, e a maratona a roçar as 2 horas, isto para só falar do atletismo de corrida?    
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...e apenas do masculino, porque se fosse no feminino o confronto com os resultados do “meu tempo” o espanto seria maior  
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No “meu tempo” (de 1948, quando comecei a sonhar com olimpíadas, e pouco adiante) menos de 11’’ nos 100 metros já era considerado muito bom, como 22’’ nos 200, de 50’’ nos 400, 2’ nos 800, de 4’ nos 1.500, de menos de 15’ nos 5.000  e de ½ hora nos 10.000.
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Isto para falar de distâncias corridas e minutos (ou segundos), mas seria o mesmo se se falasse de metros saltados em comprimento e altura, seja de uma vez só ou em três saltos (pulo, passo e salto… dizia-se então), seja sem ajuda ou com ajuda de vara. 
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Lembro só o triplo-salto quase inacreditável de um tal Rui Ramos (do Belenenses!), que pulou 15 metros e mais 54 centímetros, ou o record do Álvaro Dias no salyo em comprimento com 7,34 metros que mereceu enorme admiração. 
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E, em altura, o tempo que durou o récord do Espírito Santo estabelecido em 1940 – como ibérico! – (antes do rolamento ventral e muito antes do fosbury flop), com 1 metro e 88, que só o Avelino Mingas (e não o Rui Mingas, como se esperava) bateu já nos anos 60, era eu vice-presidente da Federação, com um salto de 1 metro e 94!   
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Agora mesmo, nestes Jogos Olímpicos, o canadiano  que ganhou saltou  2 metros e 38
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A propósito, e à margem da memória, única fonte que quero usar para estes registos, procurei Avelino Mingas, ministro das Finanças em Angola/MPLA. e assassinado na/durante a “revolta activa”, em 1977 (com 35 anos), e vi muita informação impressionante e algumas coisas bloqueadas… 
(23.08.2016)
Tendo ontem referido alguns nomes retirados da memória, relativos a marcas e resultados no que respeita a saltos, queria encerrar estas recordações sem cometer a injustiça de não anotar alguns outros nomes (sem falar em modalidades) que a memória me traz, ou que trago comigo desde esse tempo.
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Tomás Paquete, Matos Fernandes, Francisco Bastos, Fernando Casimiro, Manuel da Silva, o sinaleiro que lançava o peso… e tantos outros. 
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Deste tempo em que o desporto era actividade lúdica e não espectáculo e mercado, sendo o espectáculo legítimo e louvável enquanto assumido como tal, mas podendo ser o mercado excrescência (moderna) da escravatura quando a mercadoria é o ser humano, já complementando e ultrapassando a fase histórica da mercadoria força de trabalho, expressão da sobrevivência do capitalismo.
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Ou de uma etapa (histórica e, por isso, efémera) de pós-capitalismo coexistindo com o seu estertor.
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No entanto, para encerrar este olímpico capítulo, duas observações.
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Para mim, as Olimpíadas, como ideal, era o encontro mundial do amadorismo e de paz, por isso retomado em 1948, depois do hiato de 1940 e 1944 após a negação de tal ideal em 1936, por obra e graça do nazi-fascismo.
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Por isso, o espectáculo interpretado por profissionais com base em modalidades desportivas não tinha lugar nos Jogos.
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Hoje, poderiam juntar às referências do Manifesto de 1848 de actividades de prestígio e respeitabilidade fora da esfera mercantil (ligadas à saúde, à educação,,, à prática de catecismo religios), as do desportista tornado profissional e, ele próprio, mercadoria.
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(“Os clubes conseguem tratar os jogadores como se fossem carne. Não os tratam como pessoas. O futebol é isto, os clubes tratam-nos como se fossemos um prouto. (…)” Sandro, A Bola, 22 de Agosto de 2016)
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Última observação-recordação: no “meu tempo” (lá estou eu…) quem ganhava as provas de fundo eram os ardinas, os vendedores de jornais, rua-a-rua, porta-a-porta, varanda-a-varanda, que esperavam à porta das tipografias os números ainda a cheirar a chumbo para partir em correria para chegarem o mais cedo possível com as notícias aos cidadãos.
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Até formaram um clube desportivo, Vendedores de Jornais Futebol Clube.
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Criado em 1921 (creio eu), que ainda hoje existe!
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A mais antiga prova de estrada do calendário português
A Estafeta Cascais-Oeiras-Lisboa SEASIDE é a evolução da mais conhecida Estafeta Cascais - Lisboa, nascida em 24 de Abril de 1932 que, com 72 edições já realizadas, é a mais antiga corrida de estrada do atletismo português, tendo já por ela passado a grande maioria dos melhores fundistas nacionais de sempre. A ideia foi do jornalista Alberto Freitas: Uma estafeta de Cascais ao Terreiro do Paço (27.400 metros), com os seguintes cinco percursos: Cascais - Parede (6200 m), Parede - Paço de Arcos (6300 m), Paço de Arcos - Algés (5900 m), Algés - Av. da índia (5700 m) e Av. da Ìndia - Terreiro do Paço (3500 m). No entanto, temendo (?!) o trânsito da época, a prova foi encurtada à última hora, ficando-se pela Avenida da Ìndia e ficou assim com quatro percursos. Até agora, esta edição inaugural, para alguns a edição zero, não tinha sido considerada para as estatísticas. Com a evolução agora considerada, para quatro percursos, o mesmo número da edição de 1932, é lógico considerá-la nas estatísticas, em termos de triunfos colectivos e individuais. Voltemos à edição inaugural. A concentração dos atletas fez-se às 13.30 horas no Terreiro do Paço, donde os atletas foram transportados para Cascais em automóveis conduzidos por adeptos da modalidade a quem a Associação de Atletismo de Lisboa apelou. A partida foi dada às 14.50 horas, com vinte minutos de atraso, por Alberto Freitas e, como juíz de chegada, actuou Afonso Salcedo, pai do actual secretário-geral da Federação Portuguesa de Atletismo, Jorge Salcedo. Participaram oito equipas de quatro clubes (três do Benfica, duas do Sporting e dos Vendedores de Jornais e uma do Probidade). O Benfica apresentava-se como favorito e daí o facto de bastantes adeptos do clube terem acompanhado a corrida de automóvel e bicicleta, acrescentando-se ao entusiasmo e à entusiástica indisciplina dos milhares de espectadores que em todas as localidades dificultaram sobremaneira a organização e a própria “vida” dos corredores. O “herói” da corrida acabaria por ser o mais jovem atleta da equipa vencedora, Armindo Farinha, que, partindo com o atraso de 50 metros do veterano Cecílio Costa (que fora recordista dos 5 e 10 mil metros), confiou a Manuel Dias a vantagem de 150 metros, tornando fácil para o Benfica uma vitória que com outro atleta no terceiro percurso o Sporting até poderia vencer. Aquela que acabou por ser a primeira edição oficial com cinco percursos realizou-se no ano seguinte, a 23 de Abril de 1933. O primeiro percurso foi subdividido, através de uma transmissão no Estoril, de forma a proporcionar a presença de um meio-fundista curto, e o último, até ao Terreiro do Paço, foi mesmo abolido de vez. Estiveram presentes quatro equipas apenas e a vitória pertenceu aos Vendedores de Jornais. Ao longo dos seus 80 anos de vida, apenas por 7 vezes a prova não se realizou: em 1953, devido ao litígio entre os clubes lisboetas e a FPA, em 1956, devido ao facto da Câmara Municipal de Lisboa ter impedido a utilização das ruas da capital, o que levou até a que, nos quatro anos seguintes (de 1957 a 1960), a prova tivesse sido substituída por um Guincho – Algés, e já neste século, em 2005 e 2006, 2008, 1009 e 2010, por falta de patrocinadores. Outras alterações, de menor vulto se deram ao longo destes 80 anos. Relativamente ao local da chegada, a construção da rotunda de Alcântara levou a meta para a antiga FIL em 1973. Julgou-se depois encontrar um local definitivo, com a utilização do Estádio do Restelo, mas a realização de um jogo de futebol obrigou nos anos seguintes à sua alteração para a entrada do Estádio (!), primeiro, e para os Jerónimos, depois. Finalmente, o patrocínio da FIL, a partir de 1982, levou a nova alteração. Também o local da partida foi alterado em 1982, graças ao patrocínio da câmara de cascais, levando o primeiro percurso a crescer de 2200 para 3200 metros. Em 1992 deu-se outra grande transformação na prova ao abrir-se, pela primeira vez, a participação a equipas populares e a equipas femininas, que deram outra dimensão à iniciativa. Contudo, com a diminuição dos patrocinadores e alguma falta de vocação para enquadrar o atletismo popular, a prova foi diminuindo de interesse competitivo e, na última década a prova não se realizou em cinco anos. Agora, a competição, graças ao esforço da Associação de Atletismo de Lisboa e da Xistarca, com o patrocínio da Seaside, e os apoios da CP - Caminhos de Ferro Portugueses, Revista Atletismo e água Vitalis conhece uma evolução de modelo competitivo com quatro percursos numa distância exacta de 20 km.
(Associação de Atletismo de Lisboa)
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Acabaram os Jogos Olímpicos, que não foram, como patrioteiramente parecia pretender-se que fossem  SÓ medalhas esperadas… que não houve, excepto uma, e de bronez e que se honra.
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Acabaram, Por aqui e por agora.

sexta-feira, agosto 26, 2016

Com uma imensa alegria


 - Edição Nº2230  -  25-8-2016


Com uma imensa alegria!

Se há tema Actual para esta edição do Avante! um deles é, sem sombra de dúvida, o facto de dois dias depois da publicação deste artigo a Quinta da Atalaia estar cheia de camaradas e amigos para a derradeira jornada de trabalho de fim-de-semana da Festa do Avante! 2016. Lá estaremos todos, incluindo o Secretário-geral do Partido, para trabalhar, conviver e celebrar aquela que é uma das mais belas obras colectivas do nosso Partido e de todos aqueles que connosco compartem essa apaixonante, audaciosa, bela e exigente tarefa de levantar a cidade de três dias, terra da liberdade, da solidariedade, da luta, do presente, de Abril e do futuro.
No terreno será já visível o resultado de milhares de horas de trabalho, criatividade e organização. E se é assim todos os anos, se na última jornada de trabalho a consciência do que ainda há para fazer convive saudável e naturalmente com o sentimento de dever quase cumprido, este ano as razões para ter confiança e orgulho na nossa obra colectiva são acrescidas. Depois de uma notável campanha de fundos e de com ela termos juntado chão nosso ao nosso chão; depois de meses de trabalhos árduos, complexos e exigentes, já podemos ver como toma forma e está bonito o «casamento» da nossa tão querida Atalaia com a «recém-chegada» Quinta do Cabo.
É possivelmente a mais bonita «prenda» que poderíamos dar à 40.ª edição da Festa. A mais bonita porque resultante, tal como a Festa, da nossa audaciosa decisão, determinação, confiança no futuro e capacidade de realização. E que realização! Em apenas um ano conseguimos dotar o novo terreno de condições que em outros momentos da Festa demoraram anos a «conquistar» pela força dos nossos braços e vontade.

Faltam poucos dias para aquele momento único de abrir os portões da Festa do Avante! e entregar com sorrisos rasgados, emoções ao rubro e um orgulho quase único a «nossa» Festa a todos aqueles que dela «tomarão posse», fazendo sua a Festa que por ser edificada com o trabalho, os sentimentos e a vontade de todos e para todos, é uma das mais apaixonantes obras de construção colectiva no Mundo. Até lá, ao trabalho, com uma imensa alegria!

Ângelo Alves





Como nos dizia (e diz!) o Joaquim Pires Jorge!
Mesmo quando com olhos húmidos por uma grande tristeza,
mesmo com a voz embargada porque contava dor e sofrimento.
Com uma imensa alegria porque estava/estávamos na luta, 
cada um com os seus problemas MAS TODOS, NÓS!






quinta-feira, agosto 25, 2016

A nova troika ou o capitalismo na contagem dos seus efémeros séculos

notas de um (quase)-diário:

25.08.2016

Do Diário de Notícias a foto acima
 que, com idênticas  que o profissionalismo dos foto-jornalistas prodigalizou nos jornais de todos o mundo, e que tanto (e justamente… até certo ponto) irritaram Ricardo Costa (Pior que o Brexit só a imagem da nova Europa).

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De AbrilAbril:
Rumo de integração é para continuar
A nova troika dá indicações
para o que aí vem

Renzi, Merkel e Hollande decidem
que o rumo de integração deve continuar,
apesar da crise e da saída do Reino Unido

É a segunda vez que os representantes das três maiores economias da União Europeia (UE) se reúnem após o Brexit. Ontem, a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, encontraram-se na ilha de Ventotene. Esta reunião procurou centrar a discussão naquilo que os três líderes consideram ser importante, antes da cimeira de 16 de Setembro em Bratislava (Eslováquia), que terá em cima da mesa a negociação para a saída do Reino Unido da UE.
Embora com algumas divergências, a mensagem foi clara: o processo de integração da UE e o rumo de aprofundamento dos mecanismos existentes irão continuar, não obstante a crise vivida no seio da UE e o próprio resultado do referendo britânico, que colocou em causa alguns desses elementos, como a perda de soberania e as políticas de austeridade.
Depois de, no mês de Junho, os mesmos protagonistas terem considerado o resultado do referendo uma derrota, a tónica para a discussão futura está dada, nomeadamente para quando na cimeira de Bratislava estiverem presentes os outros chefes de Estado da UE27.
Outro aspecto desta «mini-cimeira» que não deixa de ser relevante foi o jantar servido a bordo do porta-aviões Giuseppe Garibaldi, navio italiano que pertence à operação naval no Mar Mediterrâneo. Tal acontece numa altura em que as questões militares estão em cima da mesa, com a implementação de várias medidas securitárias e de contenção dos refugiados a nível europeu, e depois de no domingo Jean-Claude Juncker ter afirmado a necessidade de políticas de segurança e de defesa comuns que permitissem a criação de um «exército comum europeu para que a União Europeia (UE) possa cumprir o seu papel no mundo».

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Como seria oportuno lembrar (e fazer chegar às gentes!) tudo o escrito e dito por nós, desde sempre (anos 50 do século passado e depois) sobre esta integração capitalista europeia, que até teve, entre as siglas originais e/ou percursoras, FRITAL (que então se referia a França e Itália, e agora serviria para o acrescento Alemanha, então dois Estados, um em cada um dos processos de integração europeus - o COMECON e a CEE-Mercado Comum)!

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A nova troika ou o capitalismo na contagem da efemeridade dos seus séculos?  

domingo, agosto 21, 2016

Os benefícios (para quem?) da banca privada e à solta (com supervisão, claro...)

21.08.2016

Adormeci, já em horas adiantadas de hoje, a ler coisas em atraso, procurando recuperar…

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 Levantei-me com a ideia de seleccionar instantâneos (fotogramas) de um trailler de um filme de terror(ismo) desta sociedade de que estamos a viver o estertor (o capitalismo tem os séculos contados, não é, Avelãs?!).

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Eles aí ficam, de 2010, 2011 e de ontem, 20.11.2016 (e  se poderiam juntar muitos mais, como Banif, BCP e etc. e tais):


                                          Venha a "troika", JÁ!



sexta-feira, agosto 19, 2016

Um trecho de antologia



Valdemar Cruz
Por Valdemar Cruz
Jornalista

19 de Agosto de 2016

A última imagem e o próximo combate
Rapaz numa ambulância. O estupor provocado por uma imagem, um só retrato, uma só punhalada nas certezas acomodadas, pode ter um efeito demolidor. A repetição até a náusea dessa imagem arrasadora, nas televisões, nos jornais, nas redes sociais, mesmo se aparentemente inevitável numa sociedade cada vez mais dependente da mediatização dos acontecimentos, tem um reverso perigoso e para o qual cada vez será mais difícil encontrar antídotos. Assistimos à banalização de uma dor incomensurável e impossível de reduzir a uma imagem cujo significado corre o risco de se esgotar na emoção do momento, até a próxima criança, até a próxima imagem, até o próximo combate do qual resulte mais um olhar desesperado, mais um rosto a rasgar a sensibilidade das consciências. E essa é, também, uma das gritantes e deploráveis hipocrisias associadas a estes arrastões noticiosos, sobretudo quando abafam a complexidade dos conflitos onde são gerados. A Síria é hoje palco de uma guerra onde se confrontam demasiados poderes e interesses para que seja possível assumir, sem a questionar, a sempre eficaz, mas simplista, divisão entre os inquestionavelmente bons e os definitivamente maus. Como se vê, de resto, pelas hesitações dos EUA, que ora diabolizam o papel da Rússia no apoio (constante, antigo) a Assad, ora colaboram com as forças armadas russas na tentativa de desalojar o chamado Estado Islâmico. O que se passa na Síria é uma batalha longa e cruel, na qual estão envolvidas o exército sírio e milícias do Hezbollah, uma amálgama de grupos terroristas colocados na órbita do Daesh, brigadas com ligações à al-Qaeda, outros grupos islamistas, milícias curdas que controlam algumas áreas no Norte do país e ainda outros grupos apoiados pelos EUA e vários países europeus. No meio disto tudo é preciso contar ainda com os interesses da Turquia, que combate os curdos, que por sua vez combatem o Daesh, do Irão, da Arábia Saudita, do Qatar ou da Jordânia. O olhar perdido no infinito de um rapaz sentado numa ambulância é um olhar acusador. Verbaliza, mesmo se em silêncio, o horror da guerra. O olhar perdido no infinito de um rapaz sentado numa ambulância é o olhar onde se escondem os olhares perdidos no infinito de milhares e milhares de crianças cujo rosto não vemos, às quais as ambulâncias não chegam, nem o olho das objetivas captam. Estão longe, estão perdidas, estão a morrer em silêncio. Mas existem. Em todos os lados de todos os conflitos.
(...) 
(em Expresso curto)

sábado, agosto 13, 2016

Um artigo (e informações) bem eLUCIDativos

 - Edição Nº2228  -  11-8-2016

Comentário
Diz-me o que celebras…

O final de Julho trouxe consigo a decisão da Comissão Europeia relativamente à situação de «défice excessivo» em que, segundo esta, Portugal se encontra.
Particular projecção mereceu na comunicação social o desenvolvimento relativamente à ameaça de multa – como medida punitiva – que pesava sobre o País, mais especificamente a decisão de cancelar essa multa.
Pelo seu significado profundo, vale a pena guardar registo das múltiplas reacções que se seguiram a esta decisão. Da «vitória para Portugal» (daquelas de fazer encher o Marquês...) às laudatórias profissões de fé na União Europeia e nas suas instituições, chegando-se mesmo a concluir, como o fez o ministro Santos Silva, que «vale a pena jogar o jogo das regras europeias». O registo celebrativo imperou. A destoar, o PCP considerou a decisão da Comissão Europeia «inaceitável», «ilegítima» e «atentatória da soberania e dos interesses nacionais».
Como compreender esta disparidade de reacções?
Olhemos à letra da decisão da Comissão Europeia. Mais concretamente, olhemos às duas comunicações que seguiram do colégio de comissários para o Conselho da UE, como propostas de decisão.
Uma delas (COM(2016) 519 final), sobre a «imposição de uma multa a Portugal por ter falhado em adoptar as medidas necessárias para pôr fim à situação de défice excessivo», propõe o cancelamento da multa a Portugal. Nos considerandos da decisão, lá consta o reconhecimento de que «não se tomaram medidas efectivas para combater o défice» (quando nem sequer existiam, segundo a Comissão, «circunstâncias económicas excepcionais que pudessem justificar esse incumprimento»), mas lá vem também, como atenuante justificativa da decisão de cancelamento da multa, entre outras, o compromisso do governo português de cumprir com o Pacto de Estabilidade já em 2016 e de adoptar as recomendações da UE para 2017 (seja no plano orçamental, seja no plano das «reformas estruturais»).
Refira-se que se a expressão pecuniária mais imediata da sanção – a multa – foi, por agora, cancelada, já a sanção propriamente dita essa permanece em aberto. Diz a Comissão Europeia que uma decisão sobre a suspensão dos fundos da UE a Portugal (a outra vertente da sanção) ainda terá de ser tomada. Lembra que nestes casos essa suspensão é obrigatória, de acordo com os tratados e legislação da UE. E acrescenta que lá para Outubro (ou seja, em plena discussão do Orçamento de Estado para 2017) será tomada uma decisão a este respeito.
A outra comunicação da Comissão Europeia (COM(2016) 520 final) leva o elucidativo título: «Notificação a Portugal para tomar medidas de redução de défice julgadas necessárias a fim de corrigir a situação de défice excessivo». E é, a par da primeira, todo um cardápio da mais ignóbil ingerência. De indisfarçável recorte colonial, é uma eloquente demonstração do que é a União Europeia.
Ficam claros os objectivos que determinaram e determinam todo o processo das «sanções», assim como fica clara a importância de olhar para lá das sanções: para o intricado conjunto de mecanismos de chantagem, de condicionamento e de ingerência de que as sanções são mero corolário.
A UE exige a Portugal um défice das contas públicas de 2,5 por cento em 2016. Determina que quaisquer «receitas extraordinárias ou inesperadas» sejam utilizadas obrigatoriamente para acelerar a redução do défice e da dívida. Exige «medidas de consolidação» correspondentes a 0,25 por cento do PIB em 2016 e o cumprimento pleno e efectivo das medidas de controlo da despesa incluídas no Programa e Estabilidade apresentado pelo governo PS, ao qual se devem acrescentar «medidas adicionais de natureza estrutural». O documento da Comissão Europeia tece considerações relativamente ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), à Segurança Social e ao Sector Empresarial do Estado (SEE). Destaca-se a exigência de que Portugal apresente um «roteiro claro e implemente medidas para vencer atrasos e aumentar a eficiência no SNS, diminuir a dependência das pensões face às transferências do Orçamento de Estado e assegurar poupança orçamental na reestruturação do SEE». Termina fixando o prazo de 15 de Outubro para que Portugal apresente um relatório dando conta das medidas concretas que estão ser implementadas para cumprir com este cardápio de exigências.

O conteúdo desta decisão, aqui apenas sumariamente enunciado, lança alguma luz sobre as manifestações de regozijo que se lhe seguiram. «Diz-me o que celebras».

João Ferreira

sexta-feira, agosto 12, 2016

Mais de 40º e ainda muito a arder!

12.08.2016

Acordei sem ideias para aqui. Estranhamente.

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Vim para baixo, para a secretária, sem uma frase, sem uma palavra, para escrever.

(...)

Olhei as notícias e logo me assaltaram milhentas coisas a dizer, palavras e frases em carreirinho para serem escritas.

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Algumas com a urgência de servirem para corrigirem as já ditas (por outros e por mim), até porque não gostei, ou foram muito insuficientes, as que transcrevi de ontem para o blog, sobre os fogos ligando-os as sistema em que vivemos,

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E umas, palavras e frase, se me impõe para tornar mais claro o que está coberto por uma imensa nuvem de frases e palavras, certas algumas sempre poucas todas.

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Não é, como parece, fatal como o destino!

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Não nos basta só – aqui, ali, onde for – invectivar as forças da natureza, a ausência ou evidente deficiência de prevenção todos os anos referida e anatematizada, valorizar a heroicidade de bombeiros e demais, saudar a solidariedade como se fosse sentimento recatado e com ataques de súbita e mui saudada pandemia.

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Há que sublinhar, e não apenas referir de fugida, a escapar, como desabafo incontido e logo controlado e para esquecer, a total ausência da solicitada (em desespero?!) solidariedade da União Europeia sempre tão presente a impor, a pressionar, a ameaçar. A por-nos orelhas de burro e de cara para à parede.

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A questão florestal?

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A floresta é para arder (ou não, o destino dirá), a agricultura foi destinada a desintegrar-se na PAC, a indústria condenada a salve-se quem puder e tiver competitividade à custa do “custo unitário do trabalho”, tudo é fatal como o destino… só os bancos é que não.

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Os bancos é que não!, haverá que contrariar o destino que eles se (e nos) criaram, e apagar os seus incêndios.
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Reiterando uma muito sentida e funda homenagem aos nossos bombeiros, a lutarem contra o destino que não é fatal, lembra-se que todo o resto do ano – os dias  que não são de verão… e também nestes – se passa a apagar fogos metafóricos em que os bombeiros (involuntários) somos todos nós.

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Depois – e antes! – há os criminosos e os doentes, e são importantes porque humanos e desumanidade,

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Esses, sim, são fatais como o destino pode ser se o deixarem à solta… mas para esses tem de haver prevenção séria, prevenção a todos os níveis e que não seja o remendo para o que já não tem remédio, a coerção das ameaças com castigos mais duros que os actuais, para que não se repita o que já foi feito e repetido será!

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Fatal como o destino?

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Só o tempo é fatal, e o tempo se encarrega de dimensionar o prazo de fatalidade do destino e de certos destinos!

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Pequena nota com fogos em volta

de factos i relevantes do diário de um cidadão:


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Não se pode (e mesmo que se pudesse, não se queria) ficar indiferente aos fogos que nos cercam.

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É lá longe? Mas podia não ser… E NÃO É, NUNCA É!

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É todo um sistema que é responsável, um sistema de relações sociais de produção cujo objectivo dominante é o de acumular capital sob a forma material na posse de uma classe que domina, ainda que condicionada pelas correlações de forças sociais.

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Chamamos-lhe capitalismo, e é esse o seu nome… mas é preciso saber do que falamos quando damos o nome às coisas, se não podemos estar a banalizar as designações e, assim, a desculpabilizar o crime, os crimes!

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Os crimes do sistema criminoso, assim desculpabilizado (por se tomar por inexistente), passam a ser culpa de criminosos passa-culpas, até se encontrando e condenando magotes de baterias de aparentes bodes expiatórios, que se vêm juntar à banalização das acusações, com conteúdo e com provas individualizadas.

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Tudo off, afastado das costas (nossas ou não) e ausente dos sistemas, da forma como a sociedade está organizada.

MAS SEMPRE A MUDAR!