Quando o futebol (e, sobretudo, o seu negócio!) começa a avassalar tudo (a tornar tudo seu vassalo), ao fechar o o XVº caderno de factos i relevâncias pareceram-me pertinentes algumas obsservações lá deixadas sobre as Olimpíadas, há uma semana:
Terminaram os Jogos Olímpicos, e
terminaram melhor do que poderia ter sido desejado (e provocado) pelo imperialismo.
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Eu, que os acompanho desde 1948,
que sempre me interessei pelo desporto, vejo-me – nesta provecta idade –
impressionado por resultados que confronto com memórias.
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A minha admiração pelo ser humano e
pela sua superação é imensurável em segundos e metros, mas estes são sinais de
uma evolução que espanta.
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Até onde o limite humano, com a
velocidade a vir abaixo dos 10 segundos nos 100 metros e dos 20 segundos nos
200 metros, com os 400, 800 r 1.500 metros a serem não meio-fundo mas pura velocidade, com os 5.000 e os 10.000 a serem corridos em pouco mais
de 13 e de 27 minutos, e a maratona a roçar as 2 horas, isto para só falar do
atletismo de corrida?
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...e apenas do masculino, porque se
fosse no feminino o confronto com os resultados do “meu tempo” o espanto seria
maior
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No “meu tempo” (de 1948, quando
comecei a sonhar com olimpíadas, e pouco adiante) menos de 11’’ nos 100 metros
já era considerado muito bom, como 22’’ nos 200, de 50’’ nos 400, 2’ nos 800,
de 4’ nos 1.500, de menos de 15’ nos 5.000
e de ½ hora nos 10.000.
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Isto para falar de distâncias corridas
e minutos (ou segundos), mas seria o mesmo se se falasse de metros saltados em
comprimento e altura, seja de uma vez só ou em três saltos (pulo, passo e
salto… dizia-se então), seja sem ajuda ou com ajuda de vara.
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Lembro só o triplo-salto quase
inacreditável de um tal Rui Ramos (do Belenenses!), que pulou 15 metros e mais
54 centímetros, ou o record do Álvaro Dias no salyo em comprimento com 7,34
metros que mereceu enorme admiração.
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E, em altura, o tempo que durou o
récord do Espírito Santo estabelecido em 1940 – como ibérico! – (antes do
rolamento ventral e muito antes do fosbury
flop), com 1 metro e 88, que só o Avelino Mingas (e não o Rui Mingas, como
se esperava) bateu já nos anos 60, era eu vice-presidente da Federação, com um
salto de 1 metro e 94!
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Agora mesmo, nestes Jogos Olímpicos,
o canadiano que ganhou saltou 2 metros e 38
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A propósito, e à margem da memória,
única fonte que quero usar para estes registos, procurei Avelino Mingas,
ministro das Finanças em Angola/MPLA. e assassinado na/durante a “revolta activa”,
em 1977 (com 35 anos), e vi muita informação impressionante e algumas coisas
bloqueadas…
(23.08.2016)
Tendo ontem referido alguns nomes
retirados da memória, relativos a marcas e resultados no que respeita a saltos,
queria encerrar estas recordações sem cometer a injustiça de não anotar alguns
outros nomes (sem falar em modalidades) que a memória me traz, ou que trago comigo desde esse tempo.
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Tomás Paquete, Matos Fernandes,
Francisco Bastos, Fernando Casimiro, Manuel da Silva, o sinaleiro que lançava o
peso… e tantos outros.
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Deste tempo em que o desporto era
actividade lúdica e não espectáculo e mercado, sendo o espectáculo legítimo e
louvável enquanto assumido como tal, mas podendo ser o mercado excrescência
(moderna) da escravatura quando a mercadoria é o ser humano, já complementando
e ultrapassando a fase histórica da mercadoria força de trabalho, expressão da
sobrevivência do capitalismo.
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Ou de uma etapa (histórica e, por
isso, efémera) de pós-capitalismo coexistindo com o seu estertor.
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No entanto, para encerrar este
olímpico capítulo, duas observações.
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Para mim, as Olimpíadas, como
ideal, era o encontro mundial do amadorismo e de paz, por isso retomado em 1948,
depois do hiato de 1940 e 1944 após a negação de tal ideal em 1936, por obra e
graça do nazi-fascismo.
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Por isso, o espectáculo
interpretado por profissionais com base em modalidades desportivas não tinha
lugar nos Jogos.
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Hoje, poderiam juntar às
referências do Manifesto de 1848 de
actividades de prestígio e respeitabilidade fora da esfera mercantil (ligadas à
saúde, à educação,,, à prática de catecismo religios), as do desportista
tornado profissional e, ele próprio, mercadoria.
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(“Os clubes conseguem tratar os jogadores como se fossem carne. Não os
tratam como pessoas. O futebol é isto, os clubes tratam-nos como se fossemos um
prouto. (…)” Sandro, A Bola, 22
de Agosto de 2016)
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Última observação-recordação: no
“meu tempo” (lá estou eu…) quem ganhava as provas de fundo eram os ardinas, os
vendedores de jornais, rua-a-rua, porta-a-porta, varanda-a-varanda, que
esperavam à porta das tipografias os números ainda a cheirar a chumbo para
partir em correria para chegarem o mais cedo possível com as notícias aos
cidadãos.
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Até formaram um clube desportivo,
Vendedores de Jornais Futebol Clube.
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Criado em 1921 (creio eu), que
ainda hoje existe!
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A mais
antiga prova de estrada do calendário português
A Estafeta Cascais-Oeiras-Lisboa SEASIDE é a evolução da mais
conhecida Estafeta Cascais - Lisboa, nascida em 24 de Abril de 1932 que, com 72
edições já realizadas, é a mais antiga corrida de estrada do atletismo português,
tendo já por ela passado a grande maioria dos melhores fundistas nacionais de
sempre. A ideia foi do jornalista Alberto Freitas: Uma estafeta de Cascais ao
Terreiro do Paço (27.400 metros), com os seguintes cinco percursos: Cascais -
Parede (6200 m), Parede - Paço de Arcos (6300 m), Paço de Arcos - Algés (5900
m), Algés - Av. da índia (5700 m) e Av. da Ìndia - Terreiro do Paço (3500 m).
No entanto, temendo (?!) o trânsito da época, a prova foi encurtada à última
hora, ficando-se pela Avenida da Ìndia e ficou assim com quatro percursos. Até
agora, esta edição inaugural, para alguns a edição zero, não tinha sido
considerada para as estatísticas. Com a evolução agora considerada, para quatro
percursos, o mesmo número da edição de 1932, é lógico considerá-la nas
estatísticas, em termos de triunfos colectivos e individuais. Voltemos à edição
inaugural. A concentração dos atletas fez-se às 13.30 horas no Terreiro do
Paço, donde os atletas foram transportados para Cascais em automóveis
conduzidos por adeptos da modalidade a quem a Associação de Atletismo de Lisboa
apelou. A partida foi dada às 14.50 horas, com vinte minutos de atraso, por
Alberto Freitas e, como juíz de chegada, actuou Afonso Salcedo, pai do actual
secretário-geral da Federação Portuguesa de Atletismo, Jorge Salcedo. Participaram
oito equipas de quatro clubes (três do Benfica, duas do Sporting e dos Vendedores de Jornais e uma do
Probidade). O Benfica apresentava-se como favorito e daí o facto de bastantes
adeptos do clube terem acompanhado a corrida de automóvel e bicicleta, acrescentando-se
ao entusiasmo e à entusiástica indisciplina dos milhares de espectadores que em
todas as localidades dificultaram sobremaneira a organização e a própria “vida”
dos corredores. O “herói” da corrida acabaria por ser o mais jovem atleta da
equipa vencedora, Armindo Farinha, que, partindo com o atraso de 50 metros do
veterano Cecílio Costa (que fora recordista dos 5 e 10 mil metros), confiou a
Manuel Dias a vantagem de 150 metros, tornando fácil para o Benfica uma vitória
que com outro atleta no terceiro percurso o Sporting até poderia vencer. Aquela
que acabou por ser a primeira edição oficial com cinco percursos realizou-se no
ano seguinte, a 23 de Abril de 1933. O primeiro percurso foi subdividido,
através de uma transmissão no Estoril, de forma a proporcionar a presença de um
meio-fundista curto, e o último, até ao Terreiro do Paço, foi mesmo abolido de
vez. Estiveram presentes quatro equipas apenas e a vitória pertenceu aos Vendedores de Jornais. Ao longo dos seus
80 anos de vida, apenas por 7 vezes a prova não se realizou: em 1953, devido ao
litígio entre os clubes lisboetas e a FPA, em 1956, devido ao facto da Câmara
Municipal de Lisboa ter impedido a utilização das ruas da capital, o que levou
até a que, nos quatro anos seguintes (de 1957 a 1960), a prova tivesse sido
substituída por um Guincho – Algés, e já neste século, em 2005 e 2006, 2008,
1009 e 2010, por falta de patrocinadores. Outras alterações, de menor vulto se
deram ao longo destes 80 anos. Relativamente ao local da chegada, a construção
da rotunda de Alcântara levou a meta para a antiga FIL em 1973. Julgou-se
depois encontrar um local definitivo, com a utilização do Estádio do Restelo,
mas a realização de um jogo de futebol obrigou nos anos seguintes à sua
alteração para a entrada do Estádio (!), primeiro, e para os Jerónimos, depois.
Finalmente, o patrocínio da FIL, a partir de 1982, levou a nova alteração. Também
o local da partida foi alterado em 1982, graças ao patrocínio da câmara de
cascais, levando o primeiro percurso a crescer de 2200 para 3200 metros. Em
1992 deu-se outra grande transformação na prova ao abrir-se, pela primeira vez,
a participação a equipas populares e a equipas femininas, que deram outra
dimensão à iniciativa. Contudo, com a diminuição dos patrocinadores e alguma
falta de vocação para enquadrar o atletismo popular, a prova foi diminuindo de
interesse competitivo e, na última década a prova não se realizou em cinco
anos. Agora, a competição, graças ao esforço da Associação de Atletismo de
Lisboa e da Xistarca, com o patrocínio da Seaside, e os apoios da CP - Caminhos
de Ferro Portugueses, Revista Atletismo e água Vitalis conhece uma evolução de
modelo competitivo com quatro percursos numa distância exacta de 20 km.
(Associação de Atletismo de Lisboa)
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Acabaram os Jogos Olímpicos, que
não foram, como patrioteiramente parecia pretender-se que fossem SÓ medalhas esperadas… que não houve, excepto
uma, e de bronez e que se honra.
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Acabaram, Por aqui e por agora.
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