“A CDU é uma voz incómoda
na União Europeia”
Era num filme do Kusturika. Um doente queixava-se de dores na cabeça e apontava-a, e aqui, e apontava o coração e também aqui, e pressionava o estômago. E o médico responde-lhe: «Não há nada de errado com o seu corpo, é o seu dedo que está partido». Livrem-se de diagnósticos equivocados, de ideias engarrafadas e alheias, bebam directamente da fonte, que até é mais saudável. E isto não é um post sobre doenças (ou não apenas), mas sobre a importância de votar na CDU nas próximas europeias (a ordem é aleatória)
- Porque para nós não há «rectas finais», e a luta continua muito para lá da noite eleitoral. Porque não olhamos para as pessoas como eleitores cíclicos nem lhes oferecemos canetinhas.
- Porque por mais que repitam, insistam, moam, ecoem, repliquem… Não, os políticos não são todos iguais. E não é por nos massacrarem com essa frase batida até escorrerem baba, que a tornam verdadeira. Essa ideia é falsa, muito perigosa e tremendamente injusta.
- Porque nenhum candidato da CDU vai para o Parlamento Europeu para enriquecer, fazer carreirismo, malabarismos, tirar proveitos pessoais, armar negociatas. E temos a certeza de que não os iremos, um dia, encontrar em conselhos de administrações de empresas.
- Porque basta ver um – apenas um, disse Miguel Tiago – debate televisivo para percebermos que o João Ferreira, para enorme desconforto dos restantes candidatos, tem uma postura irrepreensível, um conhecimento de causa, de todos os assuntos, de todos os dossiers, uma inteligência rara, um raciocínio tão rápido quanto claro, tão sólido e firme quanto consistente. E em permanente disponibilidade de prestação de contas aos portugueses pelo trabalho desempenhado. Em linguagem cinematográfica, João Ferreira é aquele que «rouba» a cena. E nem precisa de efeitos especiais.
- Porque três deputados da CDU fazem mais e melhor pelo país do que os restantes 18 juntos.
- Porque não aceitamos que nos apequenem, não queremos ser os obedientinhos ou os alunos bem comportados da Europa, que a tudo dizem que sim, os deslumbradinhos com os fundos europeus, como se o que recebemos fosse solidariedade: não é. Tudo o que nos «oferecem», temos de devolver em dobro – e muito tem lucrado o Banco Central Europeu com a nossa dívida…
- Porque não queremos ser dissolvidos culturalmente, não queremos ser tratados como consumidores, mas sim como cidadãos.
- Porque a CDU é uma voz incómoda na União Europeia, a voz da não submissão, inequivocamente democrata e de esquerda. De absoluta confiança. Uma voz que não se amedronta nem se verga. E não há força política alguma em Portugal que celebre com tanta alegria e propriedade a democracia, a liberdade, a igualdade, a justiça social – que, aliás, o PCP ajudou e batalhou muito para construir.
- Porque assumirmo-nos publicamente enquanto comunistas e de esquerda é um orgulho, mas não um acto de coragem: essa está reservada para combates bem mais duros, e os comunistas sabem do que estão a falar. O preconceito ideológico existe, a invisibilização mediática também, mas estamos mais que habituados a caminhos agrestes. Isso não nos impressiona nem nunca nos imobilizou.
- Porque não deitamos as mãos à cabeça por causa do ambiente agora. Não embarcamos na moda do ambientalismo e dos direitos dos animais. Já é uma prioridade nossa desde os anos 80. Há quatro décadas que declarámos o planeta em estado de emergência.
- Porque os portugueses precisam de uma força que admita o óbvio: que este projecto de União Europeia é confuso e desconjuntado, sem referenciais de progresso, com um preocupante pendor neoliberal e até militarista. E nisto, o populismo a ganhar espaço, pasto fértil para extremas direitas e fascismos.
- Porque, como tem dito João Ferreira, em política não há inevitabilidades nem becos sem saída. É possível, sim, uma União de estados de cooperação solidária, com relações mutuamente vantajosas, menos invasiva das soberanias nacionais e menos destrutiva das forças produtivas internas. Como é possível que tenhamos de importar 70% do nosso pescado, mesmo possuindo a maior Zona Económica Exclusiva? Como é possível termos obedecido quando nos mandaram abater metade da nossa frota pesqueira? Como é possível importarmos 90% do trigo que consumimos?
- Porque é preciso alguém que denuncie a desastrosa política de intervencionismo externo da União Europeia, nomeadamente no Iraque, na Líbia e na Síria. E responsabilizá-la também pela terrível crise humanitária dos refugiados, que tornam o Mediterrâneo numa vala comum.
- Porque vivemos tempos oclusos, sombrios, difíceis de decifrar, em que a incultura passou a ter poder e a mentira passou a valer. E o desmentido não tem a mesma força do que a prévia adulteração. Porque são os tempos de conceitos estranhíssimos, como o da pós-verdade, em que os factos valem menos do que as emoções que eles provocam, menos até do que aquilo em que as pessoas querem à força acreditar.
- Porque se, nos anos 70, Sophia disse a famosa frase «a cultura é cara, mas a incultura ainda é mais cara e a demagogia é caríssima», calculem o preço que estamos a pagar pelos populismos. Por esta escalada de disseminação de fake news, perfis falsos, empresas especializadas em viralizar vídeos fictícios, rios de dinheiro para criar uma malha de mentiras, de falsidades, difíceis de controlar. Portanto é preciso mantermo-nos em estado de alerta: a democracia é uma haste débil muito fácil de derrubar, basta um sopro; difícil é depois consertá-la.
- Porque obviamente não são tempos fáceis para candidaturas sérias, com provas dadas e projectos e convicções coerentes. O grotesco, o caricato, o ridículo passou a ter valia eleitoral. As pessoas zangadas com o que o capitalismo lhe fez à vida, optam por soluções auto-destrutivas, e elegem para cargos poderosos figuras de BD, com total impreparação e que conseguem reunir em si tudo o que de medonho e obscurantista existe na natureza humana.
- Porque, ainda assim, não nos moveremos um milímetro da nossa forma de estar e de fazer política.