Aconteceu(-me) que, ontem, depois da habitualmente rápida audição (auscultação) dos noticiários televisivos, me deixei "agarrar" pelo prós e contras, que riscara do rol das coisas a ouver, porque o tema me despertava muitas memórias, das boas, das assim-assim, e das outras: planear; e, depois, ainda passei por outro canal onde estivera um interlocutor que gosto de ouvir, o Ricardo Pais Mamede, e só tarde (e más horas) pude fazer "o serão" necessariamente encurtado. E com muito para comentar fora do programado. E do... planeado.
A decisão do primeiro ministro de, por sua conta e risco pessoal (que o homem é corajoso, não o nego, mas bem me parece que muito mal emprega, por vezes, a sua coragem!), encarregar a definição da estratégia para Portugal a um homónimo seu que também é Silva, parecera-me... estrambólica. E completamente errada, relativamente ao que penso (e aprendi e pratiquei) de planeamento e de estratégias.
Ora, agora que António Costa (e) Silva, fez o que encomendado lhe foi, discute-se... Portugal e o seu futuro, e a sua estratégia com base no documento que ACS elaborou, após reflexão aturada (e muito respeitável, como todas as reflexões bem intencionadas) e, necessariamente, algumas conversas e consultas.
Do que conheço, ou me foi dado conhecer, só tive o que esperava e não discuto. Só me espanto e lembro, para exclusivo proveito e desproveito próprio.
Espantou-me (ainda me espanto!) que a comunicação social tivesse dado relevo a números (dos poucos para engenheiro...) que eram mais que conhecidos da OCDE, do FMI, da Comissão Europeia e de toda a panóplia (a)costumada a dizer o que vai ser, até às décimas, do que talvez venha a ser ou talvez não. Mas disso não teve culpa o senhor engenheiro (que terá citado as fontes).
Já terá culpa (ou responsabilidade) nas ideias e nos projectos que elegeu como prioritários. E lembro(-me).
Lembro que nos idos anos 90 do século passado discuti, no Parlamento Europeu, no âmbito de uma coisa esquecida que se chama coesão económica e social (n. em Acto Único de 1986/7, f. por esquecimento s/data), as redes ferroviárias transeuropeias, com uma ligação, ao que ao portuguesinho interessa, Madrid-Lisboa que entroncava (Entroncamento é com os caminhos de ferro...) com a ligação Lisboa-Porto-Vigo para norte (e norte de Espanha) e Lisboa-Algarve para sul.
Lembro a importância que se deu há 40/50 ao porto de Sines, Sines agora falada pela tão falada descarbonização.
Mas o que lembro, sobretudo, é O PLANO. Que em Portugal, Salazar teve que transigir (mas, frisou ele, nada de confusões com os quiquenais, pelo que eram sexagenários, perdão, hexagonais) com os Planos de Fomento (1953-58.1959-64, 1965-67, 1968-73...) e, sobretudo um Plano 1977-80 (emprego e necessidades básicas), cumprindo objectivos constitucionalizados, aprovado pelo 1º governo constitucional que, depois, não o levou à Assembleia da República, por troca por uma estratégia FMI (dívida)/Europa connosco, cumprida escrupulosamente: estamos endividados e com a Europa tão connosco que não nos deixa respirar quanto mais ser soberanos!
Estes comentários são azedos... e incomodam (talvez só a mim), mas quero lembrar, para passar avante do azedume, que estratégias e planos nunca podem ser uni-pessoais (por mais genial que seja quem o for), são de uma equipa, ouvindo (e levando em conta o que se ouve), vendo (gravando o ouvido e visto), discutido em equipa, apreciado e apresentado colectiva e responsavelmente... Como foi o plano /o tal que era para ser de 1977/80), a que me permito chamar Manuela Silva, homenageando quem foi por ele responsável, e que, por ser responsável, se demitiu quando o viu metido numa gaveta.
Lideres (que é que cá falta, dizem)? À espera de sugestões de engén(i)heiros?
Às vezes, tenho a sensação de que estão a brincar com a malta. Que nos tomam a, todos e sempre, como ignaros. Ou parvos, como é mais corrente.
1 comentário:
E é caso para azedume.Por quanto é que teria ficado esse "estudo"unipessoal?Bjo
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