Não foi só a roça Água Izé. Foram as roças.
E a mudança doi. Fundo.
Com o final do ciclo do cacau, toda a estrutura de exploração que tinha as roças como lugar e centro ruiu. Contemporaneamente com a assumpção da independência (política). E nada acontece por acaso...
As gentes continuam a viver por ali. Descendentes de escravos libertos e ex-contratados e filhos e netos de contratados.
Mas já não há cacau para colher. Não há que manter em forma os trabalhadores. Os hospitais são a ruina mais impressionante. Na roça Sundy, na ilha do Principe, o hospital tinha amplas salas e um gabinete de odontologia que - vê-se! - estava bem equipado.
4 comentários:
Que pena!
Tantos anos passaram após a independência, tão pouco se fez!
É desolador, o registo fotográfico! Ossadas de um hospital!
O cacau, dizem que era dos melhores!
Escravos, contratados, agora abandonados!
Há povos que nasceram para sofrer!
Porém, as paisagens (por ti enviadas) são lindíssimas!
GR
Realmente, esta perda de património histórico e cultural é triste.
Gostava de escrever sobre o que sinto, mas ainda dói muito. Cresci alimentando a esperança de que os antigos movimentos de libertação transformassem, apesar de tantas condicionantes, a realidade de miséria que o colonialismo havia imposto aos respectivos povos.
Onde estão os que trairam os povos martirizados?
Imagino como deve ter sido bela a viagem do Sérgio e da Zé. Mas porque são gente com um coração do tamanho do Universo, sei que sofreram com o que viram.
Gostava que o Sérgio nos ajudasse a entender o que viu. Por que não realizar, na Som da Tinta, um debate sobre a viagem,- exposição de fotos incluída - que fosse ponto de partida para uma conversa séria sobre a realidade encontrada e as causas que a determinam?
Ontem, com o João Carlos Silva, de algumas coisas se falou, algumas fotos se espreitaram. algumas questões se esboçaram.
Mas o que o Pedro Namora propõe é de outro folego.
Tenho material de sobra, em fotos e reflexões.
Aliás, arranquei, sinteticamente, num dos posts ao escrever sobre a pós-descolonização, e independência política, e o não pós-capitalismo e até a sua globalização.
Tanto para reflectir, e sofrer, e lutar. Viver, em suma. E com alegria.
Enviar um comentário