A natureza, ou o que ela nos provoca, as palavras que nos faz dizer.
"Que exuberância", "luxuriante", "fantástico", "olha só para esta árvore... impressionante", e por mais que adjectivemos e eponhamos pontos de exclamação a nossa língua (europeia!) revela-se pobre.
E, no entanto, o que para mim não mudou também a mim mostrou - e ilustrou! - mudanças. E significativas.
"No dia de ontem, entrámos pela selva equatorial (por uma amostra, claro).
Não pela selva que ainda não foi desbravada, e de que recebíamos um cheirinho, mas pela selva que recupera, que regressa a selva.
Avançámos por uma estrada que está no mapa e que, aos poucos, deixa de ser estrada, antes do destino cartografado. Porque os homens abandonaram a senda que era sua – por maus caminhos, mas que sua era –, a senda que rasgara aquela estrada na selva, até Binda.
Aquela estrada começou a deixar de ser estrada quando o capitalismo dela deixou de colher frutos, voltou a ser selva quando o anti-capitalismo não teve força – poderia ter? – para ser (já!) pós-capitalismo."
(extracto de um "diário")
Sem comentários:
Enviar um comentário