sexta-feira, abril 07, 2006

100 palavras e 1lustração - 3

Há centenas de “histórias cem palavras” prontas. Sem precisarem, sequer, de ir ao “micro-ondas”... E 100 palavras serão, talvez, um tamanho ideal para um post.
Aqui vou (a)postando-as.
100 palavras (nem + nem – 1) com 1lustrações amigas, quando vierem…
Estamos em Abril, pelo que outros abris quero lembrar. Para contar como era, aos que não os viveram, para reavivar memórias!



QUANDO FAZÍAMOS COISAS,
QUANDO RESISTÍAMOS

Com paciência pedagógica expliquei ao jornalista estrangeiro que não era bem assim. Que fazíamos umas coisas. Que resistíamos.
Contei-lhe da clandestinidade, das fugas, como se ludibriava a censura prévia, das artes e manhas para editar e distribuir antes da apreensão.
Também do aproveitamento da ligeiríssima abertura na legislação laboral, como tomáramos sindicatos e estávamos a ganhar arbitragens e a mobilizar trabalhadores.
E mais não podia contar…
Repetiu o olhar estrangeiro, agora trocando a solidária comiseração por admiração.
“Afinal…vocês fazem tudo!”
Lá tive de o corrigir: “Não é bem assim… vamos fazendo tudo o que podemos…resistimos!”

- capa (excelente, não?) de Manuel Augusto Araújo para o nº 1 destes cadernos, que se publicaram até ao nº 4 "fugindo" à censura prévia, como publicação não-periódica (que saía todos os meses...), o que foi "topado", passando a ser obrigados a ir censura, o que aconteceu até ao nº 15, e depois proibidos!

2 comentários:

Lobo Sentado disse...

Agora és tu quem me está levar lá para trás.
Tenho um amigo que ainda conseguiu adquirir o 1, 2 e 3 dos fabulosos PEEP.
Quando lá cheguei já estavam todos apreendidos. Acho que ainda tenho do 4 para a frente.
E é verdade que faziam coisas, iludindo como podiam os olhos e ouvidos do hediondo regime. Que não eram assim tão poucos...
Mas ao mesmo tempo, dava gozo... muito mais do que se não houvesse aquela ameaça que tu sentiste na pele ao que julgo duas vezes.
Estás bem munido. Preparaste muito bem este 25.
Mas estou a gostar.

Anónimo disse...

Tanto fizeram!
Tanto lutaram!
Com o apoio de tantos outros, mesmo daqueles que “nunca foram”!
Escrevia-se, cantava-se, falava-se por meias palavras a mensagem era entendida, as pessoas reagiam, a luta desenvolvia-se!
Hoje, só vejo apatia!
Não de todos! Mas de muitos!
A LUTA CONTINUA!


Como me dá prazer ler as tuas 100 palavras!

GR