(in albergue dos danados)
... ou talvez não: ainda me atreveria (!) a trocar "por outro motivo" por "com outro bode expiatório" (esta estúpida perseguição ao perfeito!...) .
A história do cancelamento do Lisboa/Dakar poderá nunca vir a ser conhecida na sua totalidade e o cancelamento da prova não constitui nenhuma catástrofe para a humanidade e muito menos para as multinacionais envolvidas na prova. Quem mais perde é de facto o turismo da Mauritânia e o senegalês, coincidência ou não, o país que bateu o pé aos acordos de parceria económica que a União Europeia tentou impor na Cimeira UE/África. Mas sobre este episódio importa registar alguns factos. O primeiro é que, por mais que o negue, a decisão do cancelamento do Rali foi exclusivamente do governo francês. Decisão coordenada com a multinacional petrolífera Total, um dos principais patrocinadores que imediatamente se retirou da prova. Total, uma das petrolíferas envolvidas nos processos imperialistas franceses relativamente ao Magreb e à bacia do Mediterrâneo e que, conjuntamente com as multinacionais norte-americanas, estão na origem de processos de desestabilização no continente africano, de medidas como o estabelecimento do AFRICOM, o comando militar norte-americano para África, ou das missões militares europeias no continente. O segundo é que é por demais evidente que a dita ameaça terrorista foi um pretexto para o cancelamento da prova. Facto bem evidente se tivermos em conta a história do próprio Rali (já noutras edições o mesmo aconteceu e o resultado foram alterações de traçado) e sobretudo as declarações do ministro do Turismo Senegalês que tentava, em Lisboa e sem sucesso, fazer ouvir as opiniões do seu governo de que as condições mínimas de segurança estavam garantidas. O terceiro facto, porventura o mais importante, é o caldo de histeria secundária que este episódio evidencia e que permite que um simples telefonema, cuja origem poderemos nunca vir a conhecer, sirva para cancelar um evento da dimensão do Rali Lisboa-Dakar. Pode ser que o ano que agora se inicia nos elucide mais sobre as reais razões deste episódio mas é caso para dizer: as multinacionais suportam o Rali e o governo de Sarkozy estão "muito aborrecidas" por não poderem passar os seus TT's por África por causa da desestabilização e insegurança que eles próprios criam no continente...
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Das mãos de Joaquim Rafael e da sua companheira Catarina Ramos Machado saíram regularmente as edições do Avante!, de O Militante, de O Camponês. Este último periódico terá sido o primeiro que Joaquim Rafael (Albano, na clandestinidade) imprimiu, a partir do número 19. Até então copiografado, O Camponês passou a ser impresso em Outubro de 1948, numa instalação situada entre vinhedos, onde habitava o casal. No mesmo ano, a tipografia muda para Santo António da Charneca, no Barreiro, onde se mantém até 1950. Depois, em Lisboa, nos dois anos seguintes, Joaquim e Catarina imprimem o Avante! e O Militante numa casa na Rua do Cruzeiro. Nos anos seguintes, as mudanças sucedem-se, por razões de defesa da tipografia.
No distrito de Lisboa, são várias as casas para onde se mudam, continuando, com ou sem apoio de mais camaradas, a impressão de vários títulos do Partido, desde o seu orgão central a outros periódicos, como o Tribuna Militar (orgão da Comissão de Unidade Militar) e o Amanhã (jornal de jovens das Juntas Patrióticas da Juventude).
Nos anos 70, Joaquim Rafael e Catarina Ramos Machado seguiram para Rio Tinto, no Porto, onde se ocuparam da impressão de O Têxtil e A Terra.
O 25 de Abril veio encontrar este militante revolucionário debilitado por uma grave doença que haveria de o vitimar em Julho desse ano.
(...)"
acrescento:
entre os locais por onde passaram e viveram, nas muitas mudanças a que foram obrigados, está Vila Nova de Ourém, em que estiveram nos Castelos e, depois, na Corredoura, onde, também, "... a sua 'natural afabilidade' inspirava confiança, revelou a oradora (Margarida Tengarrinha), destacando a importância desta característica para a actividade clandestina."