Perante resultados eleitorais, há sempre várias leituras. Subjectivas. Mas há, também, objectividades. Que, aliás, se podem reforçar em previsões e prevenções.
Quando os dirigentes de partidos comunistas começam, para ganharem peso institucional, para serem abrangentes, a "facilitar" na base teórica, escondendo o que, sem ter de ser ostentivo, tem de ser identidade e firmeza, cedem em formas de organização, abandonando a luta de massas, a democracia interna e a direcção única, copiam o que deveria ser combatido, quando se começam a rever na caricatura que do comunista é feita e querem corrigir o retrato e não a caricatura, quando, em suma, são eles que, continuando dirigentes de partidos comunistas, deixaram de ser comunistas, que resultados se poderiam esperar? Não se ganha um voto dos "outros" (que "nossos" poderiam vir a ser, por condição de classe), perdem-se os votos dos "nossos" (e alguns "nossos" deixam de o ser).
É triste, é angustiante, ter esta razão. Nem é tanto o facto de, desde o fim da guerra, pela primeira vez não haver comunistas eleitos num País que já teve mais de um terço dos votos votados, é mais a forma como se procedeu ao lento suicídio institucional... com o argumento-pretexto de se querer ganhar peso institucional.
Em contrapartida, e com muita alegria e esperança, vejo por outros lados os sinais serem outros.
9 comentários:
Sérgio,gosto muito deste teu post (como, aliás, de todos). Querer "corrigir o retrato e não a caricatura", é isso que é grave, próprio de troca-tintas e não de comunistas, E quem se "lixa" é o povo italiano, mais uma vez.
Campaniça
É realmente bastante triste ver um país onde o Partido Comunista teve a força e o papel que foi o do PCI (e serve para o PCE e PCF) ficar sem qualquer representante de esquerda no parlamento.
A firmeza de um partido é o garante para a sua credibilidade e continuação.
Encontramos na Europa o único Partido que se mantém fiel aos seus ideais, o PCP.
Por essa razão somos o Partido mais respeitado.
Dói-me saber o que aconteceu em Itália. Mas me dói quando muitos traidores tentaram que vendêssemos a nossa identidade!
GR
A coisa é simples. Não se pode estar em dois lados ao mesmo tempo ou como dizia o homem da Galileia não se pode servir dois senhores ao mesmo tempo. Com mais ou menos sofrimento uns ficam pelo caminho enquanto os outros avançam lavrando ofuturo.
O que aconteceu em Itália, já vem de longe, o facto das pessoas não se conhecerem a si próprias, não aceitarem ou serem avessas á disciplina , resulta no que está á vista.
Quando se abandona o respeito pelas decisões do colectivo, e se opta por um líder, os militantes deixam de o ser, e passam a sentir-se sócios.
Poderei estar a ver a coisa de maneira simplista,mas existem pricípios dos quais não podemos abdicar!
abraço
José Manangão
Ó GR, olha que, felizmente, não somos os únicos.
Não gosto de falar das "casas" dos outros - mas às vezes não resisto... tem de ser! -, dos seus interiores, mas um partido como o grego não pode ser esquecido... E há outros que - como o nosso - têm problemas, hesitações (nas direcções) - mas estão na luta.
Ó Campaniça, palavra que estou com saudades vossas. Por "aqui" apareces pouco, e por aqui não têm aparecido nada. Isto tem de ser revisto. E urgentemente. Fazem-nos falta "aqui" e por aqui!
Crixus, triste é, e é preciso perceber porquê, com uma abordagem a partir da nossa base teórica. Temos de estar sempre a procurar fazê-la face aos factos.
Auntuã, pois lavrando vamos!
José Manangão, nunca esquecer os princípios... e pô-los sempre em prática.
Eis o euro-comunismo a cumprir a sua função... cinco décadas depois de ter nascido, disfarçado de outra coisa, por inicativa de Kruchtchev...
Na realidade fui injusta! apesar de me ter lembrado da Grécia e não só!
Bjs,
GR
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