Por ele pode ver-se - sendo todos os dados de fontes oficiais menos o do valor das contribuições sociais, que é estimativa de ER - como, partindo de um valor de 55% das "remunerações ao trabalho" em 1973, incluindo as contribuições patronais para a Segurança Social e as transferências do Orçamento de Estado para a Caixa Geral de Aposentações (com outras designações), se verificou um salto muito significativo em 1974 e 1975 para logo acusar ligeira baixa em 1976 e uma enorme queda em 1980, maior ainda em 1985, alguma recuperação e estagnação à volta dos 50% desde 1998, mas com tendência para queda desde que retiradas dos "rendimentos do trabalho" as contribuições patronais que deveriam ter essa finalidade mas que, sabe-se..., têm andado por aplicações várias e de desvario.
Também se deixa como referência a evolução entre 1998 e 2005 da União Europeia a 25 Estados-membros, cerca de 5 pontos percentuais acima da percentagem da "riqueza" que cabe ao "trabalho". O que é evidentemente muito agravado por as percentagens terem valores de denominador (PIB) muito superiores para a média da UE e em crescente divergência, isto é, afastamento (para baixo) do valor de PIB/capita de Portugal, desde o começo deste milénio.
4 comentários:
Merece ser lido com toda a atenção.
Depois coloco as minhas dúvidas.
Bjs,
GR
Olá, GR!... pois fico à espera.
Grande beijo
Abralex
Os gráficos são sempre elucidativos, mas é preciso saber lê-los. Vou estudá-los melhor.
Um beijo.
Estas medidas de repartição da riqueza, sobretudo se com o objectivo de, alguma maneira, medir a exploração dos trabalhadores, não deviam ser calculadas em relação ao PIB - produto interno bruto -, como posso depreender do gráfico, mas sim em relação ao PIL - produto interno líquido - ou então em relação ao rendimento nacional.
Uma das razões é que, se não se subtraem as depreciações do capital fixo, a evolução da composição orgânica do capital distorce (significativamente) a justa apreciação da distribuição do rendimento nacional entre os trabalhadores e a burguesia.
É evidente, e pode ser comprovada com um cálculo correcto, que a exploração dos trabalhadores se tem em geral agravado desde o 25 de Abril (entenda-se por isto, desde que o processo revolucionário perdeu a sua base de massas).
Mas, ainda que essa triste realidade não fosse verdade, isto é, ainda que não se tivesse agravado a exploração dos trabalhadores, o peso do factor trabalho em relação ao PIB, como é calculado no gráfico, cairia em relação a 75. O que mostra bem que esta metodologia de cálculo, de se reportar ao PIB em vez do rendimento nacional, não é de modo nenhum a mais apropriada.
E porque é que, no cálculo da repartição da riqueza como no gráfico, a "parcela do trabalho" diminuiria em relação ao PIB, mesmo que não houvesse agravamento da exploração?
Por uma razão muito simples que não devia surpreender nenhum marxista: porque a composição orgânica do capital tem tendência para aumentar. Ou, por outras palavras, porque, na produção, pela necessidade de baixar custos (e preços)devido à concorrência, os capitalistas são obrigados a utilizar cada vez mais maquinaria e equipamentos em relação à força de trabalho empregue (por unidade de produto, diminuem os custos com capital variável, aumentam os custos com capital fixo).
[Este resultado traduz-se na tendência para a diminuição da taxa geral de lucro, lei que a seu tempo, e muito pertinentemente, o Marx considerou como a mais importante da economia política.]
Repito. Seria muito mais apropriado, nos estudos da repartição da riqueza, trabalhar directamente com o rendimento nacional em vez do produto.
HM
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