Ontem, neste blog, ficou uma pequena nota pessoal sobre um caderno escolar que tinha o nome de Restauração e trazia uma gravura de homenagme aos conspiradores que, no dia 1º de Dezembro de 1640, restauraram a independência de Portugal.
Algo de muito pessoal me liga a esse caderno escolar e, talvez por ele, ao 1º de Dezembro. Nunca esquecerei que, na minha ingenuidade (e erro estimulado por um patriotismo falsificado!), julgava que o hino nacional terminava "contra os espanhois, marchar!, marchar!"... e assim o ouvi cantar e cantei no Estádio Nacional, antes de jogos da selecção portuguesa contra a selecção espanhola, dos quais, de 1921 a 1947 (4-1... a que assisti, como ao anterior - 2-2 -, em 1945!), Portugal vencera, em 14 jogos, um só, em 1937, que - dizia-se - não contava por ter sido jogado, em Vigo, começo da guerra civil.
Na escola primária, aprendiamos o 1º de Dezembro como uma das nossas datas maiores, e os "restauradores" foram - e são - "nossos herois".
Na minha reaprendizagem da História de Portugal - sempre inacabada... e "assusta-me" pensar como será contada esta nossa história contemporânea -, fui, como em tudo, revendo algumas coisas aprendidas, e comecei a dar mais importância à revolução de 1383-85, verdadeira revolução popular, que à "restauração", obra patriótica, que ficou, na História como da autoria de uma mão cheia de conspiradores, como tanto luto - e lutarei - que não seja o "resumo" do 25 de Abril de 1974. A propósito, seria útil a releitura do excelente ensaio de Vasco Gonçalves, publicado em 1983, em "o diário", e que se pode ler aqui, em resistir.info.
Mas tal não impede que continue a sentir algo de especial neste dia e a muito o respeitar. como muito respeito e admiro os capitães de Abril.
A notícia-"ameaça" do apagar do 1º Dezembro de entre os feriados portugueses, que faria com que este, o de hoje, o fosse pela última vez, não pode ser-nos indiferente. Mas não se estranha em tempos que, por parte de quem (julga que) manda, não são de salvaguarda da independência nacional. Bem pelo contrário.
Assim se procurará que não seja!
3 comentários:
Independência nacional? Que é isso? - perguntam eles...
Na qualidade de português - que não se opõe à de francês, inglês, castelhano... (disse castelhano e não espanhol!) - considero-me, acima de tudo isso, um ser humano. naturalmente dotado de muitos defeitos e também qualidades. Por outras palavras, "existo"!
Com essa certeza, posso sustentar que "um ser sem memória, ou é irracional, ou não existe". Defendo que aquele político que não incute no seu povo a obrigação de cultivar a memória,não é digno de ser tido sequer por um ser humano.
Haja o mínimo de respeito pela História, pelos outros.
Pedro Germano, de Oeiras
Esta gente sabe lá o que independencia nacional.Só conhecem o dinheiro e o dinheiro nao tem Pátria.Nao foi por acaso que eliminaram o 1· de Dezembro e só nao eliminaram o 25 de Abril porque ainda sentem que nao é o momento.
Enviar um comentário