quarta-feira, julho 04, 2012

Chipre na presidência da União Europeia

Seria difícil encontrar mais clara demonstração que nada é preto e branco, que em tudo, sobretudo na História, há uma correlação de forças, do que esta que se está a viver neste início de semestre da U.E. em que a sua presidência vai ser de Chipre, Estado-membro com parte do seu território ocupado pela Turquia - país que é candidato a ser Estado-membro.
Acontece que Chipre tem um presidente eleito que passou a ser presidente da U.E durante este semestre, e que se afirma comunista. Assim o disse na reunião do grupo do PE a que pertence o partido de que foi secretário-geral (a Esquerda Unida Europeia/Esquerda Verde Nórdica), até com uma afirmação muito significativa "sempre me afirmei comunista e não é desta vez que deixarei de o fazer... tenho muito orgulho nisso".
Tive a sorte de estar, ontem, na reunião do grupo (aberta...) em que Dimetris Christofias esteve presente, vindo da reunião do Conselho de Ministros a que presidira e antes da sua apresentação no Parlamento Europeu, que foi hoje. Nessa reunião do grupo, respondeu, com simplicidade (e alguma emoção não escondida) a perguntas que lhe foram feitas.
Será (ou seria!) uma presidência que vai dar que falar. E aqui dela se falará.
Começando, agora, por sublinhar a resposta que o presidente Christofias deu a uma pergunta sobre a posição sobre o pedido ao triunvirato FMI-Comissão Europeia-Banco Central Europeu e respectivo mecanismo e a sua compatibilização com outros pedido como à Rússia, em que respondeu que, apesar da confusão que parece existir nalgumas interpretações que encaram a Rússia como se ainda fosse a União Soviética (apesar desta já não existir... "infelizmente" acrescentou), a Rússia é um país capitalista e está disposto a ajudar Chipre ("e não Christofias", sublinhou) face às condições criadas na União Europeia, e muito particularmente na Grécia com directa influência em Chipre, sendo esse empréstimo da Rússia sem contrapartidas e a juro de 2% (apesar de Chipre ter partido para a negociação com a perspectiva de base de 4,5%)!

Regressei há pouco deste "salto de dois dias" a Estrasburgo e ao Parlamento Europeu. Com muito para digerir e a certeza de que haverá coisas que valerá a pena contar. E aqui se procurará dar alguma e outra informação.

Ver aqui

3 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Serei leitor atento.

Graciete Rietsch disse...

Gostei da entrevista, mas a expetativa é grande.

Um beijo.

Pata Negra disse...

Folgo em saber-te em terra nossa e obrigado pela "outra informação".
Até