Notíciário sobre a crise... (do INE e da Fundação FMS-Pingo Doce):
«Crise chega à alimentação. Portugueses compram menos básicos
nos supermercados. Uma família gasta, em média, 150 euros por mês em alimentos
O
ano de 2012 ficou marcado por uma tendência recente na economia. As famílias
cortaram na despesa com bens alimentares, contribuindo para o agravamento da
recessão. É a primeira vez que tal acontece na série anual divulgada pelo
Instituto Nacional de Estatística (INE) relativa ao produto interno bruto
(PIB).
As
estimativas oficiais preliminares, ontem divulgadas, confirmaram uma recessão
de 3,2% em 2012 e de 3,8% no último trimestre (pelo oitavo trimestre
consecutivo).
O
INE refere que “a redução mais intensa da procura interna foi determinada pelo
comportamento do consumo privado (despesas de consumo final das famílias e das
instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias), com uma diminuição de
5,6% em volume (variação de -3,8% em 2011), o que se traduziu num contributo de
-3,7 pontos percentuais para a variação do PIB".
"Esta
evolução esteve associada à diminuição mais acentuada das despesas em bens não
duradouros e serviços [onde estão os alimentos] e das despesas em bens
duradouros (taxas de variação de -3,9% e -23,0% em 2012 (-2,1% e -18,5% no ano
anterior), respetivamente”, acrescenta o instituto.
A
secção dos bens não duradouros não ofereceu, pois, o contributo negativo maior,
mas começou a refletir uma tendência recente que é fruto da subida do
desemprego e da perda de poder de compra de salários e pensões, comprimidos
pela subida “enorme” de impostos registada em 2012.
Segundo
o INE, a despesa com comida recuou 0,4% em 2012, para um total de 19,5 mil
milhões de euros. Estes gastos representam cerca de 15% do consumo final das
famílias.
As
contas nacionais trimestrais mostram que a despesa com alimentação nunca tinha
caído (a série do INE remonta a 1996) até à entrada da troika em Portugal.
Desde o terceiro trimestre de 2011 que regista reduções consecutivas,
acumulando assim seis trimestres negativos.
Os
dados do INE não falam sozinhos. Existe informação sobre hábitos de consumo que
evidenciam claramente onde é que as famílias estão a cortar cada vez que vão ao
supermercado ou ao hipermercado.
A
Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), no portal Conhecer a Crise (www.conheceracrise.com),
com base nos números da consultora Nielsen, indica que as famílias estão a
cortar no peixe (mas a compensar com mais carne), em bebidas como cerveja,
sumos, refrigerantes e águas, nos iogurtes, nos leites especiais, nos cereais
básicos.
Por
exemplo, no último trimestre do ano passado, os portugueses gastaram menos 2,4%
em peixe, designadamente peixe congelado e marisco fresco. O consumo de
bacalhau, um dos produtos mais populares, travou a fundo tendo crescido apenas
1,4%.
Nas
bebidas, a redução anual das quantidades compradas é muito significativa (-5,9%
no total), tendo caído mais nos sumos e refrigerantes (-9,2%) e nas cervejas
(-5,9%). A água engarrafada cai 3,5% e pela primeira vez desde 2007, pelo
menos.
O
gasto médio das famílias com crianças com alimentação no último trimestre
também caiu: a Nielsen, que acompanha uma amostra de 3000 lares, indica que no
quarto trimestre cada família gastou 448 euros em comida nos supermercados (quase
150 euros por mês).
Os
números do INE também acusam uma forte quebra no consumo de bens duradouros,
como carros e eletrodomésticos. Em dezembro, a despesa em roupa estava a cair
quase 7%, em calçado quase 13%, indica a Unicre, também citada do portal da
FFMS.»
obrigado, Jorge!
4 comentários:
Assustador! Revoltante!
É a fome em todo o seu horror!!
Um beijo.
Tempos dîficeis,e o povo que nao acorda!
Bjo
Camarada Sérgio,
Sentimos este austeritarismo todos os dias.
Há que lutar por uma alternativa, patriótica e de esquerda.
E tudo isto foi previsto e prevenido!
GRANDE abraço desde Vila do Conde,
Jorge
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