segunda-feira, março 04, 2013

Reflexões lentas - Desenterrem as cabeças da areia...

Calhou-nos viver este tempo.
Por mim, não me queixo. São tempos de mudança (como todos), são tempos difíceis (como todos), Ums mais que outros. Estes que nos calharam serão de mudança e bem difíci.
Perceber o que se passa, e em tempo útil, é preciso. Mas muito complicado. Sobretudo para quem se se alheie da dinâmica histórica, para quem não praticar a procura constante de nela se inserir.

Páro, olho, escuto. Leio.
E, por vezes, espanto-me.
As eleições italianas vieram dar um grande safanão ao que se engendrava como "solução". Provisória...
A democracia "ocidental", mitigada, burguesa mas democracia tem duas vertentes. Pretende-se domesticar a vertente participativa, como se a representativa pudesse cupulá-la (para não mudar a primeira vogal...). Até se tentou consitucionalizar "europeiamente) essa subordinação do participativo ao representativo,

“Artigo 10º

1. O funcionamento da União baseia-se na democracia representativa.

2. Os cidadãos estão directamente representados, ao nível da União, no Parlamento Europeu.

Os Estados-Membros estão representados no Conselho Europeu pelo respectivo Chefe de Estado ou de Governo e no Conselho pelos respectivos Governos, eles próprios democraticamente responsáveis, quer perante os respectivos Parlamentos nacionais, quer perante os seus cidadãos.

3. Todos os cidadãos têm o direito de participar na vida democrática da União. As decisões são tomadas de forma tão aberta e tão próxima dos cidadãos quanto possível.

4. Os partidos políticos ao nível europeu contribuem para a criação de uma consciência política europeia e para a expressão da vontade dos cidadãos da União.

Artigo 11º
1. As instituições, recorrendo aos meios adequados, dão aos cidadãos e às associações representativas a possibilidade de expressarem e partilharem publicamente os seus pontos de vista sobre todos os domínios de acção da União.

2. As instituições estabelecem um diálogo aberto, transparente e regular com as associações representativas e com a sociedade civil.

3. A fim de assegurar a coerência e a transparência das acções da União, a Comissão Europeia procede a amplas consultas às partes interessadas.

4. Um milhão, pelo menos, de cidadãos da União, nacionais de um número significativo de Estados-Membros, pode tomar a iniciativa de convidar a Comissão Europeia a, no âmbito das suas atribuições, apresentar uma proposta adequada em matérias sobre as quais esses cidadãos considerem necessário um acto jurídico da União para aplicar os Tratados.

Os procedimentos e condições para a apresentação de tal iniciativa são estabelecidos nos termos do primeiro parágrafo do artigo 24º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.”

Depois, há surpresas. A democracia participativa revela uma força que se desconhecia ou queria desconhecer, e é notória a perturbação. E os resultados eleitorais são sinal significativo, e serão, sobretudo, isso mesmo: sinal. Dessa força e de muita desorientação, resultado de informação manipulada e não convincente, ou que não convenceu.
As últimas eleições italianas vieram baralhar o jogo. Como tudo seria fácil se, dada a possibilidade das massas se manifestarem - e o voto é uma delas! -, os votos tivessem consagrado a "solução institucional", eleito o "sério" Monti e a sua linha austera ou de austeridade. Mas aconteceu o "desastre total".
E os comentadores ficaram ou mudos ou gagos ou em paranoia. Alguns até pensam bem, articulam raciocínios... mas falta-lhes tirar a cabeça  tão bem pensante - que pensará muito melhor que a minha! -  da areia onde está mergulhada para não ver o que não quer ver, e reparar que falta ali qualquer coisa. de que as massas prescisam. Imprescindível para a sua intervenção, informada e organizada,  na democracia participativa, para participarem, informada e esclarecidamente, nos actos da democracia representativa.

Por agora, as massas vão dizendo, e  bem alto, o que não querem, as ilusões em alternância! Recorrendo a "grillos" que se desprezam, soberbamente, como profissionais do circo que são, e a "berlosquones"  despresíveis mas com enorme poder financeiro.
E estes "jogos" são muito perigosos.

3 comentários:

gina henrique disse...

Por vezes não entendo porque optam as pessoas por entrar nestes jogos que são realmente muito perigosos, ao declararem o que não querem quando seria bem mais fácil manifestarem o que querem !!!

Graciete Rietsch disse...

O Povo está descontente.
Isso notou-se na manifestação de sábado. Mas é preciso que esse descontentamento se transforme numa avalanche de luta consciente e organizada para que não aconteça, como na Itália, que escolheu o voto "inútil" em nome de quê?...

Um beijo.

Olinda disse...

Cada paîs tem as suas especifidades.O povo italiano,hoje,nao tem qualquer respeito pela classe polîtica,pois ,para alêm de esse sentimento ser explorado,tambêm as referencias teem vindo a desviar-se de uma conduta social e polîtica honesta,pelo menos.No fundo,penso,que tudo estâ como o capitalismo,tem estratêgicamente,andado a preparar hâ muito.E,isto,nao nos leva para bons caminhos.Temos que estar atentos aos sinais.

Um beijo