O exercício e o excurso do poder.
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Comecei assim o dia, depois do final de ontem, a olhar a televisão..
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A adjectivação salta incontrolável.
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E a improperiação.
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Pobreza – como adjectivo apropriado e improp(e)riado…
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Malabarismo, vazio, oco, petulância, pose.
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Funambulismo, manipulação, bacoco, sobreposse.
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Impropérios?
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Vejo que impropérios são “série de cânticos religiosos que se entoam na Sexta-Feira Santa (que hoje é!), durante a cerimónia de adoração da Cruz”, e fico mais tranquilo com o uso atempado que estou a dar à língua...
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…ou aos dedos.
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É assustador e significativo o discurso dos que hoje se julgam (melhor: dos que ontem discursavam poderosamente por se julgarem) detentores do poder, ou a ele são candidatos.
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Como é arrepiante o mau uso que fazem, dos veículos de comunicação que gerações de trabalhadores lhes proporcionam como da língua pátria, mátria, matriz.
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Não só gramaticalmente, o que seria muito e mau, mas, também e pior, da sua parte etimológica.
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Por exemplo – e só um… –, ouvir falar de convicções como tendo sido o fundamento e a característica de uma "narrativa" (!) completamente ausente de razões e só escorada em ardilosa construção argumentativa de factos, ou de pseudo-factos, ou de quase-factos, carregada de demagogia e habilidades excursivas, indispõe qualquer um que dê às palavras alguma da importância (enorme) que elas têm.
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O que vale, ao pobre mortal que sou e que, por isso, tem de dormir, são as leituras (e releituras) de antes de fechar os olhos.
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E elas estão a ser (re)compensadoras…
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Como por exemplo, e oportunamente, sobre o Poder.
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Num outro sentido… etimológico e com uma cuidada utilização das palavras e, até, do tamanho das letras, com a diferença entre o que escreve com maiúsculas e o que pelas minúsculas de fica.
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“Uma análise atenta da história, tanto do exercício do poder político como do exercício da direcção de partidos, mostra que o abuso do Poder é fácil e a impunidade também. Esta conclusão não significa que a posição correcta seja a desconfiança sistemática. Nem tão-pouco a ideia de que o mal é irremediável porque o defeito está na natureza humana. Se a história é pródiga em abusos do Poder e coberturas de impunidade, regista – e é imperativo que não só registe mas valorize – os que exercem o Poder com respeito pelos direitos e pela dignidade dos que são abrangidos pelas suas decisões.”
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Álvaro Cunhal, Julho de 1997, no prefácio à edição do relatório para o IV congresso do PCP (1946)
(...)
... mas este último trecho (e mais)
vai para o outro "blog" em que colaboro
2013 - centenário de Álvaro Cunhal
3 comentários:
Também estou a reler "A QUESTÃO DO ESTADO,QUESTÃO CENTRAL DE CADA REVOLUÇÃO" de Álvaro Cunhal com prefácio de José Casanova,edições Avante 2007.Dá que pensar para AGIR!
Abraço
Um post cheio de reflexões que nos obrigam a pensar.
Um beijo.
Grande texto! Aliàs, grandes textos: o teu e o do Cunhal!
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