quinta-feira, dezembro 31, 2015

2016


que seja um

BOM
SR-António Flor.jpg     ANO
              NOVO
                  OVO


... mas temos de fazer por isso!

Declaração formal

Eu, ortodoxo confesso,
militante com o nº 88058 (já tive outros...) do PCP,
declaro que,
em toda a independência (de espírito, económica ou outra),
propus, apoio e apoiarei até às urnas (e as vezes necessárias)
o candidato a Presidente da República Portuguesa












e que, pelo que conheço dele como cidadão e camarada,
lamento que o verdadeiro boicote feito à sua candidatura
impeça que todos possam ser devidamente informados
de quem é este homem que aceitou ser candidato a PdaR



AGENDA

O que será desvalorizado ou até vergonhosamente ignorado:

Presidenciais 2016
Edgar Silva

Terça-feira, 5
Almada
Arsenal do Alfeite
11h30
Visita e contacto com trabalhadores

Quarta-feira, 6
Lisboa
TAP
11h00
Visita e contacto com trabalhadores

Quinta-feira, 7 
Elvas
11h00
Contacto com comerciantes do Centro Histórico
(início Praça 25 de Abril)

Grândola
17h00
Contacto com a população
(início Praça D. Jorge)

Santiago do Cacém
21h00
Comício
Auditório António Chainho

Convite e resposta

Mail recebido

Exmo.Senhor Dr. Sérgio Ribeiro

O Chefe do Protocolo do Estado transmite a V. Exa o convite de S.E. o Primeiro-Ministro para assistir a uma Cerimónia Comemorativa dos 30 anos da integração de Portugal nas Comunidades Europeias., que decorrerá no próximo dia 8 de janeiro de 2016, às 18.30 horas, no Antigo Refeitório do Mosteiro dos Jerónimos, e a que se digna presidir Sua Excelência o Presidente da República.
Depois de um momento musical, usarão da palavra Suas Excelências o Presidente da Republica e o Primeiro Ministro, o Presidente do Parlamento Europeu, Martin Shultz, e o Ex- Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
Roga-se a comparência no local até às 18.00 horas.

Muito se agradece resposta até às 17.00 horas do próximo dia 5 de janeiro de 2016.

O Chefe do Protocolo do Estado
António de Almeida Lima


Resposta 

Exmo. Senhor Chefe do Protocolo do Estado

Por via de V.Excia., recebi o convite de S.Excia. o Primeiro-Ministro para assistir a uma Cerimónia Comemorativa dos 30 anos da integração de Portugal nas Comunidades Europeias.
Será, como está implícito nas intenções, forma e local, uma iniciativa de comemoração festiva de acto e processo controversos  da História  recente de Portugal. Acto e processo  de que sempre, como cidadão português – e por isso europeu, não da U.E.)  – , fui fundamentadamente crítico, o que sempre tornei claro (desde um primeiro artigo, de 1962, na Revista de Economia), e que o processo histórico decorrido, particularmente depois do Tratado de Maastrich tem vindo, na minha perspectiva, a confirmar. O que não impediu que, democraticamente, tivesse sempre defendido as minhas posições enquanto 12 anos como deputado no Parlamento Europeu, onde durante 5 anos fui eleito para fazer parte da sua direcção. Não me considero, pelo exposto, que possa, em coerência, corresponder ao convite, que agradeço.

Com os cumprimentos do

                





            (Sérgio Ribeiro)

segunda-feira, dezembro 28, 2015

LEIA-SE, sff:

Conhecem bem as engrenagens! E, muito meritoriamente, denunciam o que, para eles, é denunciável: as erupções epidérmicas, por vezes vulcânicas. 
E pergunto-lhes: de quê?, e respondo-lhes, mesmo aos que sabem as respostas, mas fazem de conta que não sabem; do funcionamento do capitalismo!

Leia-se, sff:

Nicolau Santos
Por Nicolau Santos
Diretor-Adjunto

28 de Dezembro de 2015

Os Emídios Catuns que nos pregaram um calote de 6,3 mil milhões e andam à solta


Bom dia.
Desculpem, mas não há peru, rabanadas e lampreias de ovos que me façam passar o engulho da fatura que neste final do ano veio parar outra vez aos bolsos dos contribuintes por mais um banco que entrega a alma ao criador, no caso o Banif, no caso mais 3 mil milhões. É de mais, é inaceitável, é uma ignomínia para todos os que estão desempregados ou caíram no limiar da pobreza por causa desta crise e mais uma violência brutal para os que continuam a pagar impostos (e que são apenas cerca de 50% de todos os contribuintes).

Todos nos lembramos do cortejo dos cinco maiores banqueiros portugueses (Ricardo Salgado, Fernando Ulrich, Nuno Amado, Faria de Oliveira e Carlos Santos Ferreira) a irem ao Ministério das Finanças e depois à TVI exigir ao então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, para pedir ajuda internacional. Todos nos lembramos como o santo e a senha da altura era o da insustentável dívida pública portuguesa por erros de gestão do Governo de José Sócrates. Todos nos lembramos das sucessivas reafirmações de que a banca estava sólida por parte do Banco de Portugal e do governador Carlos Costa. Todos nos lembramos dos testes de stress aos bancos conduzidos pela Autoridade Bancária Europeia – e como os bancos nacionais passaram sempre esses testes. E depois disso BPI, BCP, CGD e Banif tiveram de recorrer à linha de crédito de 12 mil milhões acordada com a troika. E depois disso o BES implodiu – e agora o Banif também. E depois disso só o BPI pagou até agora tudo o que lhe foi emprestado. E antes disso já o BPN e o BPP tinham implodido. E a Caixa vai ter de fazer um aumento de capital. E o Montepio é uma preocupação. É de mais! Chega! Basta!
No caso do Banif, é claro que o governador Carlos Costa tem enormes responsabilidades na forma como o problema acabou por ter de ser resolvido. No caso do BES foi ele também que seguiu a estratégia da resolução, da criação do Novo Banco e do falhanço total dessa estratégia – a venda rápida que não aconteceu, a venda sem despedimentos que também não vai acontecer, os 17 interessados que afinal eram só três, as propostas que não serviam, e o banco que era para ser vendido inteiro e agora vai ser vendido após uma severa cura de emagrecimento. É claro também que a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, tem responsabilidades diretas no caso, por inação ou omissão. E é claro que o ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, geriu politicamente o dossiê.


Mas não confundamos os políticos e o polícia com os bandidos, com os que levaram a banca portuguesa ao tapete. E para isso nada melhor do que ler o excelente texto que o Pedro Santos Guerreiro e a Isabel Vicente escreveram na revista do Expresso da semana passada com um título no limite mas que é um grito de alma: «O diabo que nos impariu» - ou como os bancos nacionais destruíram 40 mil milhões desde 2008. Aí se prova que houve seguramente muitos problemas, mas que a origem de tudo está no verdadeiro conúbio lunar que se viveu entre a banca e algumas empresas e alguns empresários do setor da construção. Perguntam os meus colegas: «Sabe quem é Emídio Catum? É um desses empresários da construção, que estava na lista de créditos do BES com empresas que entretanto faliram. Curiosamente, Catum estava também na lista dos maiores devedores ao BPN, com empresas de construção e imobiliário que também faliram». E como atuava Catum? «O padrão é o mesmo: empresas pedem crédito, não o pagam, vão à falência, têm administradores judiciais, não pagam nem têm mais ativos para pagar, o prejuízo fica no banco, o banco é intervencionado, o prejuízo passa para o Estado». Simples, não é, caro leitor?

A pergunta que se segue é: e o tal de Catum está preso? Não, claro que não. E assim, de Catum em Catum, ficámos nós que pagamos impostos com uma enorme dívida para pagar que um dia destes vai levar o Governo a aumentar de novo os impostos ou a cortar salários ou a baixar prestações sociais. Mas se fosse só o Catum… Infelizmente, não. Até as empresas de Luís Filipe Vieira deixaram uma dívida de 17 milhões do BPN à Parvalorem, do Estado, e tinham ainda por pagar 600 milhões de crédito do BES. O ex-líder da bancada parlamentar do PSD, Duarte Lima, deixou perdas tanto no Novo Banco como no BPN. Arlindo Carvalho, ex-ministro cavaquista, também está acusado por ilícitos relacionados com crédito concedido pelo BPN para compra de terrenos. E um dos homens fortes do cavaquismo, Dias Loureiro é arguido desde 2009 por compras de empresas em Porto Rico e Marrocos, suspeita de crimes fiscais e burlas. Mas seis anos depois, o Ministério Público ainda não acusou Dias Loureiro, nem o processo foi arquivado.
Dos 50 maiores devedores do BES, que acumulavam um crédito total de dez mil milhões de euros, «o peso de construtores e promotores imobiliários é avassalador». No BPN, «mais de 500 clientes com dívidas iguais ou superiores a meio milhão de euros deixaram de pagar». E a fatura a vir parar sempre aos bolsos dos mesmos. Por isso, o artigo de Pedro Santos Guerreiro e Isabel Vicente é imperdível. Para ao menos sabermos que o que aconteceu não foi por acaso. Que muita gente não pagou o que devia ou meteu dinheiro ao bolso – e esperou calmamente que o Estado viesse socializar os prejuízos enquanto eles privatizaram os lucros.

(...)
(Expresso curto, 
28.12.2015)
















(na Revista E, 
26.12.2015)

domingo, dezembro 27, 2015

Ex-citações

São coisas que muito gostaria de ter sido eu a fazer (e de sei que não foi apenas por ter chegado tarde... e já estarem feitas, que não as fiz). 
Por isso as cito, as divulgo, muito grato a quem mas deu a conhecer.

Ex-citações

São coisas que muito gostaria de ter sido eu a fazer (e de sei que não foi apenas por ter chegado tarde... e já estarem feitas, que não as fiz). 
Por isso as cito, as divulgo, muito grato a quem mas deu a conhecer.

O ANO EM QUE O CALENDÁRIO AVARIOU
(Manuel António Pina)

Foi numa noite de Natal.

Estávamos em maio mas não fazia mal,
tinha havido uma avaria no calendário
e naquele ano saiu tudo ao contrário:
o Natal em maio, a primavera em novembro,
o 1.º de abril a 22 de setembro.

Eu que tenho mais de 100 anos não
me lembro de ter feito tanto calor como em dezembro.

Houve semanas com cinco dias, outras inteiras,
uma em julho teve 16 segundas-feiras!

Até houve a semana dos nove dias.

Muitas promessas foram naquele ano cumpridas!

Foi um ano tão maluco,
tão completamente bissexto,
que para muitos serviu de pretexto
para trocar as voltas ao calendário
e festejar todos os dias o aniversário.

Naquele ano espantoso
cada um podia ter à vontade
as suas manias
porque todos os dias
eram todos os dias.

Eu que não sou menos que os demais,

naquele ano tive vinte natais.

Reflexões em (quase) diário - factos i relevâncias

(...)

Ontem, como de costume, ainda ouvi o Eixo do Mal e ainda li um bocado bom do Expresso... depois de  feita a higiene, a minha e a da loiça do jantar.

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Por isso, os meus dormires, sendo sempre repousados e de nunca menos de 6/7 horas, são também agitados (por dentro, lá no fundo das meninges), e acordo cheio de “coisas para escrever”.

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Depois… fica sempre muito por escrever!

(...)
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Mas… voltando aos “eixos do mal” e quejandos, a sessão de ontem foi verdadeiramente um espectáculo.

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Que se junta a outros que nos estão a ser oferecidos por “quadraturas do círculo” e (muitos) outros comentadores, e melhor se grafaria comenta dores –  incluindo o comentador-mor que agora é o mor-candidato.

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No “eixo” de ontem, aqueles inteligentes, preclaros, espirituosos, protagonistas, que 5 são, funambularam em grande. 

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Diria que passaram o testemunho do título com que se apostrofam para um trio que, esse sim, eixo do mal seria, formado por Passos Coelho-Maria Luís-Carlos Costa, verdadeiros mafarricos no caso Banif, com a cobertura da capa negra-rubra da Comissão Europeia para que fosse limpa a “saída da troika” e melhores os resultados eleitorais, quando tudo fazia prever (e prevista foi!) o desastre banifento, documentado há meses que somam anos dispensando ter de se fazer um desenho.

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No entanto, depois de identificados os verdadeiros “maléficos do eixo” (a que se pode juntar o terem somado essa figura sombria e incontornável de Cavaco Silva), ainda sobrou tempo, aos detentores do tempo de antena, para tratarem – e de que maneira! – Paulo Portas, merecidamente chamado de “artista” abaixo de toda e qualquer consideração ou atenuante, uma verdadeira vergonha, e para umas bicadas para a Madame Lagarde.

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A imagem que guardei, e alindei durante as horas de sono-repouso, foi a de estar aquele quarteto/quinteto, com a sua superioridade e brilhantismo intelectual, cultural, polítical (ou politiqueiro) a "surfar" na onda do Banif e demais bancaria, não em cima de pranchas mas no convés de um iate, em cadeiras de bordo e copo na mão.

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Mas as ondas estão altas!

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E confirmo a firme convicção de que a realidade se impõe, até a quem quer fechar os olhos a ela, obnubilados pelo nevoeiro nos seus iates ou torres de marfim e muita erudição e demasiado (e selecionada) informação

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… mas que há uma fronteira que não passam!

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A fronteira que pode fazer viajar até às causas fundas, a uma “leitura da história” que os leve a relê-la e a re-escrevê-la sem esquecerem o contributo de Marx.

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À especulação (irmã adoptada da exploração da mercadoria força de trabalho) e à luta de classes que estão nos caboucos da realidade que os rodeia, em que vivem.

sexta-feira, dezembro 25, 2015

QUEM ACOLHE O GRITO DOS POBRES?

da DECLARAÇÃO DE CANDIDATURA


Acontecem coisas... até no dia de Natal!



Uma notícia Lusa:

quinta-feira, dezembro 24, 2015

O imperialismo é isto!

 - Edição Nº2195  -  23-12-2015

Sykes-Picot no Século XXI

Em 1916, diplomatas ingleses e franceses cozinharam um plano secreto de partilha do então Império Otomano (turco). Enquanto enganavam os árabes com promessas de independência, planeavam entre si o controlo da região (com umas migalhas para o czarismo russo). Após a Revolução Russa de 1917, o jovem poder soviético descobriu o acordo Sykes-Picot nos arquivos do Ministério dos Negócios Estrangeiros e revelou-o ao mundo. Um século depois, repetem-se os planos de partilha imperialista.

Há quase uma década (Junho 2006), o norte-americano Armed Forces Journal publicava um mapa que redesenhava as fronteiras do Médio Oriente. Desde então, as guerras imperialistas deram lugar à fragmentação do Iraque e Síria e ao surgimento do «Califado Islâmico» ou ISIS. Agora começam a surgir as confissões públicas semi-oficiais dos objectivos. O ex-Embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, escreveu (NY Times, 24.11.15) que «a realidade é que o Iraque e a Síria, tal como os conhecemos, já não existem». E falando do que chama o «eixo russo-iraniano e dos seus intermediários», afirma sem pestanejar: «o seu objectivo de recuperar para os governos iraquiano e sírio as antigas fronteiras é um objectivo fundamentalmente contrário aos interesses americanos, israelitas e dos estados amigos árabes». Não querendo ficar atrás, o chefe dos Serviços Secretos franceses para o Estrangeiro (DGSE), Bernard Bajolet afirmou: «o Médio Oriente que nós conhecemos acabou e duvido que ele volte […] não sei bem em que moldes. Mas seja como for, será com um figurino diferente do que foi estabelecido após a Segunda Guerra Mundial», quando esses países deixaram de ser colónias francesas e inglesas. O portal belga que reproduz estas afirmações (www.rtl.be, 28.10.15) acrescenta que «o director da CIA [John Brennan] exprimiu um ponto de vista semelhante». Igual objectivo foi expresso pelo ex-Ministro de Negócios Estrangeiros inglês, William Hague, falando na Câmara do Lordes em apoio dos bombardeamentos ingleses na Síria: «Devemos estar abertos a novas soluções. Ao fim e ao cabo, se as comunidades e dirigentes não conseguem viver em paz na Síria e no Iraque, teremos de tentar que vivam em paz, mas em separado, através da partição desses países» (BBC, 2.12.15). Repare-se no desplante de fingir que estamos perante um problema de indígenas incapazes de se governarem, que nada tem a ver com duas décadas de guerras, invasões e agressões, nas quais o imperialismo inglês desempenhou papel destacado.



Os objectivos de dominação explicam o que de outra forma parece contraditório, como as alianças à la carte ou os pretextos para intervir na região: o governo inglês que em 2013 queria bombardear o governo sírio está agora a bombardear a Síria invocando a ameaça do ISIS... que combate o governo sírio. O pretexto é esse. A realidade é outra, como fica patente no cada vez mais claro papel da Turquia (potência da NATO) no apoio e tráficos que sustentam o ISIS. O governo sírio fez este mês queixa formal à ONU de que quatro aviões da «coligação anti-ISIS» chefiada pelos EUA bombardearam uma base do seu exército, «matando três soldados e ferindo 13» (www.cbc.ca, 7.12.15), numa «província em grande parte nas mãos do ISIL» (BBC, 7.12.15). Na semana passada, coube a sorte ao exército iraquiano em pleno combate contra o ISIS, que sofreu dezenas de baixas num ataque aéreo de aviões dos EUA (Press TV, 18.12.15). A «coligação anti-ISIS» dos EUA mais parece a Força Aérea do ISIS. Não surpreende assim que, como titulava o insuspeito Washington Post (1.12.15), «Iraquianos pensam que os EUA estão feitos com o Estado Islâmico».


O caos e o terrorismo são uma arma para justificar as guerras e agressões e, no plano interno, os estados de emergência e os mecanismos de repressão fora de controlo. Na raiz estão sempre os interesses económicos e de classe do grande capital. O imperialismo é isto.




Jorge Cadima

Os "natais" do capitalismo regulado - previstos, prevenidos e repetidos


INTERVENÇÃO DE MIGUEL TIAGO NA ASSEMBLEIA DE REPÚBLICA

"Só a banca nas mãos do povo não rouba o país"

Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
Desde 2012 o PCP alerta para a situação do Banif, para os 1100 milhões de euros de capitais públicos envolvidos na sua recapitalização e para a opção do Governo PSD/CDS de não assumir o necessário controlo público do banco que a posição claramente maioritária do Estado permitia e aconselhava.
O Governo PSD/CDS não serviu nem protegeu os interesses dos clientes do Banif, os seus trabalhadores, nem as economias das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, nem os milhares de emigrantes cujas poupanças estão depositadas no banco.
O anterior Governo PSD/CDS comprometeu o Estado e dinheiros públicos no BANIF sem pedir sequer responsabilidades àqueles que lucraram à conta da má gestão.
As responsabilidades políticas do Governo PSD/CDS são agravadas pelas afirmações de Passos Coelho e dos responsáveis das finanças que insistiam num alegado bom negócio para os cofres do Estado. Na realidade estavam a apoiar a fundo perdido um banco privado e falido, ocultando a realidade com a ativa cumplicidade do Banco de Portugal, (talvez por isso tenham feito tanta força para a recondução do mesmo Governador que dizia que o empréstimo ao Banif renderia 10% em juros a favor do Estado – decerto para nenhum outro poder descobrir o buraco.
A par das opções do Governo PSD/CDS, este processo veio expor a incompatibilidade insanável entre a defesa do interesse nacional e as regras e imposições da União Europeia ao impedir a integração do negócio do Banif no sistema público bancário e ao forçar a concentração capitalista. Impedimentos que o Governo acata, mas o PCP não.
Estamos perante um verdadeiro crime económico, cujo autor moral é o Governo PSD/CDS, resta saber com que cobertura do Presidente da República, Cavaco Silva. Crime económico contra o país que remete agora para o uso de recursos públicos para salvar depósitos que foram delapidados num contexto em que tal delapidação podia ter sido impedida se o Governo PSD/CDS tivesse assumido a sua posição dominante no capital do Banif. À velha maneira do que fazia o fascismo, PSD e CDS colocam dinheiro público numa empresa privada, não para controlar a empresa, mas para que a empresa privada controle o dinheiro público.
Sr Presidente
Srs Deputados
É cada vez mais claro que a regulação e supervisão bancária apenas servem para alimentar ilusões de uma intervenção pública, aparentemente independente e disciplinadora das ambições e da especulação financeira do capital monopolista. O Banco de Portugal é o certificado de qualidade num produto apodrecido.
O PCP não aceita salvar bancos privados com o dinheiro dos portugueses e este desfecho torna-se ainda mais inaceitável quando os milhares de milhões de euros servirão, no essencial, para assegurar a transferência dos melhores ativos e a carteira de negócios do banco para um grupo financeiro privado e estrangeiro – Grupo Santander – quando seria do interesse do País, dos trabalhadores e dos depositantes que fossem integrados no sistema público bancário.
A situação que está criada no BANIF confirma a necessidade do controlo público da banca que o PCP tem vindo a exigir há anos. Uma vez mais é evidente a quem serve e a quem não serve a gestão privada da banca. A estabilidade do sistema financeiro é demasiado importante para que possa ficar dependente da voragem dos grandes acionistas privados.
A situação demonstra que um efetivo controlo público da banca é absolutamente necessário. Não apenas por força deste processo, mas da instabilidade geral que não permite colocar de parte que este seja apenas mais um episódio da crise patente no sistema bancário. Não sendo o controlo público, por si só, a solução para todos os problemas da banca, é hoje mais evidente do que nunca de que só este permite as soluções necessárias.
O PCP chama ainda a atenção para o facto de a situação do Banif, tal como já se tinha verificado com o BES, ser mais um elemento que comprova o embuste propagandístico que significou a anunciada “saída limpa” e o verdadeiro conteúdo da acção do Governo PSD/CDS e da troika. É igualmente, mais um elemento que comprova que PSD e CDS estiveram ao serviço dos senhores do dinheiro: fizeram questão de condicionar as opções, tentando vender a TAP já fora do prazo e fizeram tudo para que o Banif fosse entregue ao Santander por falta de opção. Com as suas opções, limitaram duramente as de quem viesse a seguir.
O voto contra do PCP é um voto contra a política que salva bancos enquanto sacrifica pessoas. É um voto contra as imposições da União Europeia que são contrárias aos interesses dos portugueses. É um voto contra os privilégios dos banqueiros, que usam e desviam o dinheiro das pessoas e chamam o Estado para pagar os seus crimes, enquanto circulam livremente pelo país em vidas de luxo. É um voto contra a opção de cortar nos salários, nas pensões, na segurança das populações, na Justiça, na Cultura, na Educação, na Saúde, para pagar aventuras de banqueiros. O sistema financeiro tem de estar ao serviço das pessoas. Para isso, as pessoas têm de controlar os bancos. Só a banca nas mãos do povo não rouba o país.

terça-feira, dezembro 22, 2015

Com quantos zeros se escreve mil milhões?

... para começar, há quem, a partir de outras línguas que não a portuguesa de Portugal, diga biliões quando, em português de Portugal, bilião é milhão de milhões, logo... só (!) se escreve com 9 zeros (000.000.000) e não com 12 zeros (000.000.000.000).
Com estes zeros todos (com algarismos a antecederem 9 zeros), se vai escrevendo "capitalismo regulador" (com a "regulação independente" atribuído a um banco central nacional dependente de um banco central europeu). 
E a "beleza" da gestão privada a provocar medidas do governo que está ao seu serviço e lhes transfere rendimentos dos trabalhadores e de mais quem pague impostos. 
Até quando.

a propósito: 
salário mínimo escreve-se apenas com um zero!

Em qualquer idade, todos os dias..

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Álvaro Cunhal
no texto Um problema de consciência
de 1939 (com 26 anos!)

segunda-feira, dezembro 21, 2015

sobre o Banif, sobre a banca, sobre a regulação, sobre o sistema financeiro




"(...) A situação demonstra que um efectivo controlo público da banca 
é absolutamente necessário. 
Não apenas por força deste processo, 
mas da instabilidade geral que não permite colocar de parte 
que este seja apenas mais um episódio da crise patente no sistema bancário. 
Não sendo o controlo público, por si só, 
a solução para todos os problemas da banca, 
é hoje mais evidente do que nunca
 de que só este permite as soluções necessárias. (...)"





enquanto é dia...

intimado por e-mail a publicar neste anónimo, assim se cumpre: 


              ... e agradece!

domingo, dezembro 20, 2015

O homem justo e certo





Como seria bom, para todos nós, que este vídeo entrasse nas casas de todos os portugueses, assim como todos os vídeos com o idêntico objectivo de nos apresentar os/as candidatas/os para uma escolha informada e não manipulada de quem eleger como Presidente da República. 
Como seria bom, para todos nós, que vivessemos um tempo em que a liberdade e a democracia não fossem condicionadas pelo poder dos cifrões de alguns!
Para isso temos de lutar, seguindo o exemplo deste homem justo, igual a todos porque tem, dentro de si, o mesmo de cada um, e porque tem, também, o que o faz diferente é único, pelo caminho percorrido até ser este o homem certo para a tarefa de ser Presidente da República Portuguesa, que tem uma Constituição para cumprir os valores de Abril. 




sábado, dezembro 19, 2015

19 de Dezembro de 1961 - Dias Coelho



O camarada, de que apenas conhecia o pseudónimo, faltou à hora do encontro e, uma hora depois, não chegou ao "recurso". 
Tinha sido assassinado no percurso que o traria ao encontro. 
A morte saíra à rua da Creche num dia assim. 
O "pintor morreu". 
Chamava-se José Dias Coelho, escultor, de 38 anos, e era clandestino do Partido Comunista Português há 6 anos.





Onde se bota o voto..

 - Edição Nº2194  -  17-12-2015

O voto numa lógica de classe

O ex-director-geral dos impostos terá afirmado que as mil famílias mais ricas, em Portugal, não estão a pagar os impostos que deviam. Estamos a falar de rendimentos acima de cinco milhões de euros e 25 milhões de euros em património.
Declarou ainda que o governo PSD/CDS, em 2014, terá desmantelado um grupo de inspectores tributários que já teria o assunto sob observação.
E, na verdade, a denúncia faz sentido. A captura do poder político pelo poder económico dá inevitavelmente nesta promiscuidade em que o grande capital usa o governo como instrumento ao serviço da acumulação e da concentração da riqueza e da (re)constituição dos seus gigantescos monopólios.
É esta a natureza da política de direita: para os poderosos, a evasão e a fraude e para os mais fracos a extorsão e o confisco, mesmo que pelo caminho fique um imenso rasto de sofrimento e de tragédias.
Vem isto a propósito da acção do governo PSD/CDS que os trabalhadores e o povo derrotaram, através de um persistente e vigoroso processo de luta que contou sempre com a determinante intervenção do PCP, que lhe cavou o isolamento social, a derrota eleitoral e a consequente queda.
Reduzidos à sua expressão de minoria na AR, sem o governo ao seu serviço e com um PR mais limitado nas suas possibilidades de desestabilização institucional, PSD e CDS decidiram agora «recomendar» o apoio ao candidato Marcelo Rebelo de Sousa, que, por sua vez, se continua a declarar candidato «independente».
Mas porque a lógica de classe não engana, fácil é perceber que Marcelo é o natural continuador da acção de Cavaco Silva e que o PSD e o CDS o querem na Presidência para reconquistar a maioria e o governo, e com os três poderes nas mãos, descartando-se da Constituição, aprofundar a política de saque aos mais fracos e de regabofe aos poderosos.
É, por isso, natural que o voto de todos os que se revêem na Constituição e nos valores de Abril seja em Edgar Silva. Mas também é natural que o candidato de eleição de Passos Coelho, Paulo Portas, Cavaco Silva e de grandes expoentes do grande capital seja MRS. Por mais que se declare «independente», a sua natureza de classe não engana.


Manuel Rodrigues 

sexta-feira, dezembro 18, 2015

O Zé e o menino Afonso Nuno

Leitor do avante! não (só...) por militância mas para ME informar e melhorar as condições pessoais para informar os outros, e/ou com eles trocar opiniões, tenho sempre a vontade de transcrever algumas das informações e opiniões publicadas. Só não o faço mais ou por falta de tempo, ou por perda de oportunidade, ou por não querer exagerar... Como seria o caso desta semana, em que vários trechos do semanário me convocaram à transcrição. A alguns não resistirei mas a este dou prioridade. Porque muito gostaria de o ter escrito. Assim:  

 - Edição Nº2194  -  17-12-2015

O Zé e o Afonso Nuno

Talvez a televisão portuguesa não tenha dado ao chamado «ranking das escolas», este ano, o mesmo grande destaque que lhe deu em anos anteriores. É certo, porém, que o noticiou com algum vagar e que até identificou «a melhor escola», uma instituição privada situada no Norte, e «a pior», uma escola pública de outra zona do País, assim confirmando que o Estado não tem vocação para ensinar meninos e que, em contrapartida, a iniciativa privada mantém o seu já muito divulgado talento para essa função social, como aliás para todas as outras desde que rentáveis.
Não consta que algum organismo federador do ensino privado tenha remunerado a notícia como facto publicitário, mas é claro que essa dimensão existiu inevitavelmente: não é facilmente imaginável que a generalidade dos pais portugueses não ambicione para os seus filhos os professores mais eficazes e uma probabilidade maior de futuro ingresso no ensino superior. Assim, não será absurdo admitir que, em face do «ranking», muitos cidadãos reflictam em quanto é adequado que o Estado sustente com subsídios o tão competente ensino privado e que decida abundantes cortes na despesa directa ou indirecta com a escola pública, essa incapaz. Sobre alguns espíritos mais minuciosos até poderá agir um outro factor ainda que meramente complementar: grande parte dos colégios privados nasceu sob a invocação de uma espécie de santo protector que figura na sua designação, ao passo que no nome das escolas públicas só está o nome de escritores ou equiparáveis, gente provavelmente agnóstica ou pior que isso. E não está comprovado que os céus se mantenham indiferentes a esse factor e se abstenham de apoiar quem esse apoio mereça. 

Sempre 
De entre a generalidade dos telespectadores que assistiram à divulgação do «ranking das escolas» permita-se que sejam destacados dois deles, ambos com a mesma idade de doze anos, mais mês menos mês: o Afonso Nuno e o Zé. Um deles gostou muito de saber que o seu colégio se classificou entre os «top ten» do «ranking», o outro sentiu-se um poucochinho humilhado porque a sua escola figurava lá para o fim da extensa lista. 
Porém, não se esgotam aqui as diferenças entre os dois rapazes. O Afonso Nuno reside numa bonita vivenda situada na periferia da cidade, o pai leva-o para o colégio no carro em que depois seguirá para a empresa de que é gestor; o Zé mora num T2 da periferia onde partilha o quarto com um irmão e vai para a escola em transportes públicos difíceis e fatigantes. No quarto do Afonso Nuno há uma secretária só para ele, computador e muitos livros que para si foram cuidadosamente escolhidos pela mãe, médica numa clínica privada; em casa do Zé há poucos livros e quanto a letra imprensa apenas jornais desportivos e números antigos de revistas «femininas» que a mãe traz das casas onde presta serviços domésticos.
Quando o Zé sente dificuldades com a aprendizagem na escola, é a mãe que tenta dar-lhe algum apoio: o pai, operário da construção civil, não tem sabedorias que lhe permitam essa ajuda; a senhora doutora ou o senhor engenheiro sempre encontram tempo e sabenças para acompanharem o estudo do Afonso Nuno. Aliás, eles prevêem claramente que o seu filho integrará, um dia, a «élite» que mandará no País a partir de São Bento ou, mais discreta e eficazmente de um gabinete empresarial; quanto aos pais do Zé, tudo quanto desejam é que os seus filhos consigam empregar-se mal acabem a escolaridade obrigatória e nunca, mas nunca, tenham de vê-los emigrar. É claro que o Zé não tem nítida consciência de tudo isto, mas apercebe-se talvez de que a escola pública que frequenta condiz bem com o resto da sua vida. Por isso não gostou de saber a sua escola na zona final do «ranking». Quanto ao Afonso Nuno, achou muito bem, até natural, que o seu colégio estivesse no topo da classificação. Acha mesmo que ele próprio, mais a sua família, mais os seus companheiros de colégio, sempre estarão no topo de tudo porque é natural que seja assim. Sempre.


Correia da Fonseca
(obrigado, Paulo)