Um pouco (ou muito…) à
boleia da assinalação da morte de Sá Carneiro, que tem esgotado tinteiros (expressão
que não perdeu actualidade, pois as impressoras ligadas aos computadores usam,
e gastam, tinteiros), também muito se falou dos 50 anos da SEDES – Associação para
o Desenvolvimento e Social – criada como associação interveniente na vida pública
portuguesa agitada pela substituição de Salazar por Marcelo Caetano.
Lembro-me bem desse nascimento, cheio de esperanças e ambições (ou de ambições e esperanças…) para alguns.
Posso dizer que andaria eu então a surfar na crista das ondas. Naturalmente, a criação da SEDES não me foi indiferente e, também naturalmente, não fui indiferente para a SEDES, em cuja formação e actividades estavam colegas meus, alguns com que “me dava” e tinha boas relações.
Já com uma prisão, julgamento no plenário fascista e cumprimento de pena, a minha actividade e posições que não escondia (embora algumas bem me esforçasse para que não fossem conhecidas… pela PIDE).
Estas circunstâncias fizeram
com que da SEDES me tivessem convidado para participar em algumas das suas
actividades, decerto como putativo intérprete de uma área de pensamento bem
demarcada e, então – como sempre, e mau grado os esforços de outros, de outra classe – relevante, a dos
marxistas (a que alguns juntariam, e acertando!, o pos-fixo de leninista).
De algumas iniciativas me lembro, mas de uma me recordo particularmente, sobretudo quando vejo o actual Presidente da República participar nas comemorações dos 50 anos da SEDES, anunciando que a associação será condecorada. Isto porque me lembro de uma iniciativa promovida, directa ou indirectamente, pela SEDES na sacristia da Igreja da Rua do Patrocínio, à Estrela, para que me convidaram… e eu fui, claro.
E o que, de vez em quando, me recorda essa iniciativa – em que nem sei se cheguei a intervir ou não –, foi a presença e intervenções de um jovem de nome Marcelo, que me identificaram como filho de Baltazar Rebelo de Sousa.
A este, eu costumava citar como Baltazar (com Z) Rebello (com dois L) de Souza (com Z), por ter visto, no seu gabinete no Ministério da Educação, de que era Secretário de Estado, três volumes dos seus discursos como dirigente da Mocidade Portuguesa em excelente encadernação com o nome assim gravado, volumosos volumes mas, outra curiosidade que me chamou a atenção, progressiva e notoriamente menos volumosos à medida que o autor subia na hierarquia fascista.
Tive acesso a estas
curiosidades porque frequentei, embora nada agradado nem frequente, o dito
ministério, sendo Ministro F. de P. Leite Pinto (professor em Económicas, como dirigente associativo,
primeiro nas Associações de Estudantes e depois no CDUL, guardando esta foto da
apresentação, pelo Inspector Nacional do Desporto Universitário (INDU), Armando
Rocha, da delegação à Universíada (Jogos Mundiais Universitários) de 1959, em que fui o representante dos estudantes portugueses das 3 academias aos Jogos e simultânea
assembleia geral da FISU.
Com B.R.S., A.R. e José Machado e outros desportistas
O que eu guardo dessa deslocação a Turim em 1959!… mas o que estou a lembrar é o filho de B.R.S., Marcelo Rebelo de Sousa.
E entre as fotos que por aqui se acolhem nos meus ficheiros, há uma em que estão os dois, pai e filho (e mais um mano), quando o outro Marcelo (Caetano) colocou o eventualmente afilhado ou o pai do eventualmente afilhado como Governador de Moçambique, antes de o recuperar para a Metrópole para mais de um ministério antes do 25 de Abril de 1974.
E, de vez em quando, ao lembrar esse comentário, vem logo um complemento… Marcelo Rebelo de Sousa foi um predestinado, isto é, um pré-destinado a ser uma figura de topo, qualquer a base desse topo, tanto assim que se pode dizer que é um presidentinado…
Há gente assim… nasceu para serem ministros… ou mais (ou menos).
1 comentário:
Não sei se são predestinados,mas que são educados para serem ministros ou presidentes,não tenho a menor dúvida.Conhecemos um,que ensaiava poses ao espelho,para quando fosse presidente.E foi.Bjo
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