Seja minha a tua força, irmão seja meu o teu braço, camarada Sejam estes muros não um paredão sejam uma ponte ou mesmo uma estrada.
Seja nela meu o teu anseio, irmão seja minha a luta que na tua terra travas seja ela o fruto das coisas que amavas.
Sejam essas coisas, as mesmas, irmão sejam as que amo aqui nesta cela seja para sempre a minha na tua mão seja para todos uma vida bela seja nela o trigo com a sua cor dourada sejam as papoilas vermelhas de querer seja sempre o dia que sucede à madrugada seja outro o sentido da palavra morrer.
Sejam os mortos aqui ao nosso lado sejam os seus também os nossos passos seja em luta o ódio acumulado sejam retesados nossos membros lassos.
Sejam as colinas de vontade erguidas seja a sua força a que do amado vem sejam nossas as tuas palavras queridas seja minha a tua vontade também.
E não há muros, bombas ou insultos que detenham as árvores ao nascer da terra nem façam brotar flores de pensamentos estultos nem parar o sol. E não será a guerra com que os lobos sonham em noites de orgia que impedirão que nasçam.
Das auroras por nascer das estruturas por erguer dos caminhos por andar das flores por brotar estendem-se as mãos do futuro que envolvem teu corpo de bandeira.
Sei que este dia,é um dia muito triste para ti. Como disse um poeta catalão:"De vez em quando,é necessário que morra um homem,pelo seu povo.Mas nunca um povo por um só homem"José Dias Coelho deixou escrito numa gravura para o Avante,dias antes ao seu cobarde assassinato:"De todas as sementes confiadas à terra,é o sangue derramado pelos mártires que faz nascer as mais copiosas searas.Um abração,camarada.
4 comentários:
Abraço muito grande. Era o que queria dizer-te. Fica escrito....
A José Dias Coelho
Seja minha a tua força, irmão
seja meu o teu braço, camarada
Sejam estes muros não um paredão
sejam uma ponte ou mesmo uma estrada.
Seja nela meu o teu anseio, irmão
seja minha a luta que na tua terra travas
seja ela o fruto das coisas que amavas.
Sejam essas coisas, as mesmas, irmão
sejam as que amo aqui nesta cela
seja para sempre a minha na tua mão
seja para todos uma vida bela
seja nela o trigo com a sua cor dourada
sejam as papoilas vermelhas de querer
seja sempre o dia que sucede à madrugada
seja outro o sentido da palavra morrer.
Sejam os mortos aqui ao nosso lado
sejam os seus também os nossos passos
seja em luta o ódio acumulado
sejam retesados nossos membros lassos.
Sejam as colinas de vontade erguidas
seja a sua força a que do amado vem
sejam nossas as tuas palavras queridas
seja minha a tua vontade também.
E não há muros, bombas ou insultos
que detenham as árvores ao nascer da terra
nem façam brotar flores de pensamentos estultos
nem parar o sol. E não será a guerra
com que os lobos sonham em noites de orgia
que impedirão que nasçam.
Das auroras por nascer
das estruturas por erguer
dos caminhos por andar
das flores por brotar
estendem-se as mãos do futuro
que envolvem teu corpo de bandeira.
Alda Nogueira
(Prisão de Caxias, 1963)
Sei que este dia,é um dia muito triste para ti.
Como disse um poeta catalão:"De vez em quando,é necessário que morra um homem,pelo seu povo.Mas nunca um povo por um só homem"José Dias Coelho deixou escrito numa gravura para o Avante,dias antes ao seu cobarde assassinato:"De todas as sementes confiadas à terra,é o sangue derramado pelos mártires que faz nascer as mais copiosas searas.Um abração,camarada.
Muito obrigado, camaradas e amigas Maria e Olinda.
Há dias em que a compreensão do "outro" nos aquece bem cá por dentro.
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