domingo, setembro 16, 2012

Por acaso e puros acasos - extractos de uma espécie de diário

16.09.2012
(de madrugada)

Ainda (e por muito tempo…) o dia de ontem.

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Foi uma espécie de dia D da vida social e política portuguesa.

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Porque as massas vieram para a rua manifestar-se e porque a comunicação social assim quis que fosse (ou assim quiseram que a comunicação quisesse que fosse).

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E foi!

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Com toda a enfase colocada, explícita ou insinuadamente com ou sem apropósito, no "facto" de ter sido espontânea... porque não organizada por partidos políticos ou centrais sindicais, isto é, pela CGTP e/ou o PCP que são as organizações de massas que têm organizado grandes manifestações.

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Essas organizadas e tão grandes manifestações sempre – como o foram agora, como foram ontem – não-referências (ou referidas como "peste"), desconhecidas, menorizadas, apagadas quando realizadas. .

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Nesta tão importante vinda do povo para as ruas há que sublinhar o carácter unitário, a manifestação de um protesto e de uma revolta provocada por esta política que aqui nos trouxe

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Política que tem tido, sempre, quem lute contra ela! Sem ambiguidades.

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Mas são estes que é preciso ignorar, que é necessário apagar.

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Houve personalidades da política, da cultura, na manifestação? Houve!, são cidadãos como os outros, são… sociedade civil.

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E, no canal público de televisão – que foi o que acompanhei – tal foi dito e ilustrado.

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Com mais tempo de antena que nenhum outro, o coordenador do Bloco de Esquerda, em verdadeiro comício. acolitado pelo seu indicado sucessor, e uma deputada do PS, e o professor universitário ex-coordenador da CGTP (“qualidade” que, bem como seus outros atributos, não foram revelados, nem relevados por ele), alguns artistas, intercalados, nos noticiários, com os ditos e os estratégicos silêncios do CDS-PP, as declarações do PS, um deputado do PSD.

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Mas… mas também estavam na manifestação o actual coordenador da CGTP e outros dirigentes sindicais, também estavam deputados do PCP, mas estes foram olimpicamente ignorados.

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Também não se achou de critério comunicacional que se ouvisse dizer que foi “um grande momento para engrossar a luta que continua”.

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Também se calou até ao ensurdecedor silêncio qualquer referência à manifestação de 29 de Setembro, no Terreiro do Paço

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Não há dúvida ou hesitação: a tão significativa manifestação de 15 de Setembro, as tão significativas manifestações pelo País todo foram um grande momento da luta que continua.

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Da luta de classes… pelo que foi, e pelo que não se quis que fosse mas foi e continuará!

9 comentários:

Anónimo disse...

eram milhares de queixas em deslocação, algumas tão pesadas que os seus senhorios pareciam estar delas fugindo, queixume arrancado do sofá para a rua, devidamente resguardado das causas e transimplantado para um ventre infecundo de exigências. e eram avós pelos netos, os pais por eles e pelos filhos, os filhos pelos pais e pêlo advir era o cada um por si livre e democrático, longe do jugo dos comunas e sindicatos, mostrando que as pessoas não são manipuláveis.
segue-se o vamos embora, já fizemos o nosso dever. localizamo-nos algures nas imagens que passam em enxurrada, eu ia ali e tal, depois do leito das massas passa-se às margens, os petardos de tomates ou sem eles, os verilites e a sombra do polícia de choque com o cão defendendo a Assembleia da República. quando a noite chega ao beco das contradições já os fantasmas isto-não-dá-nada e o assim-não-vamos-lá soltam gargalhadas angustiantes ecoando em precipícios pelos corpos adentro.

Sérgio Ribeiro disse...

«... o cada um por si livre e democrático, longe do jugo dos comunas e sindicatos, mostrando que as pessoas não são manipuláveis...»
Estranha forma de ser livre e democrata... cantaria a Amália!
O homem, livre porque isolado, porque só ele, porque só parcela?
O meu conceito de liberdade (e de democracia) é outro, é do homem parcela mas também soma, colectivo e SOLIDÃRIO. E só assim homem livre!
"... cada um por si..."?!
"... longe do jugo dos comunas e sindicatos..."? que pena me faz ver assim desperdiçados para os caminhos humanos "talentos" ou quiçá "génios"!

Anónimo disse...

talvez não tivesse ficado claro a ironia implícita, falar do Homem é sempre falar dum ser social e colectivo que a realidade nunca desmentiu.

um abraço

Sérgio Ribeiro disse...

Tão implícita a ironia que não a "apanhei". Fragilidade minha, ou desatenção para ser benévolo para comigo. Tanto assim que promovi a troca de comentários a "post"... o que já emendei!
De qualquer modo, ainda bem que reagi porque a réplica é de grande utilidade esclarecedora... e pede retribuição de abraço. Aí fica!

GR disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
GR disse...


O Povo Saiu à Rua! Se tivesse de designar esta massa de gente que inequivocamente quer a mudança e rejeita o Pacto de Agressão, diria:
-muita da gente que lá estava era;
por consciência política, muitos foram, habituados que estão de lutar nas suas organizações.
-outros, por estarem fartos de votar PS/PSD/CDS sentindo-se usados, ultrajados e enganados.
-outros ainda, nunca votaram, nem lutaram mas também eles não aguentam o desemprego, não conseguem viver com a carestia que lhe é imposta.
Estes dois últimos grupos (não o primeiro) eu designo como a CAUSA. Sim eles contribuíram para a CAUSA do PROBLEMA político/económico/social que temos no nosso país.
Pela parte da comunicação social no caso da RTP inf. 4 horas de directo??? Não! não achei nada estranho, quiseram demonstrar que não é necessário organizações para fazer uma Grande Manif., ai não que não é! quanto tempo de antena deram durante toda a semana, falando sobre esta Manif.? Debates e telejornais, nunca se viu tal propaganda!
Ou seja, desta grande Manifestação concluímos; o povo rejeita a Troika e está contra as medidas deste governo, contudo, não há um fio condutor para a continuidade desta luta, para tal são necessárias também, as ditas organizações que os media tentaram ocultar, mas estiveram lá, como disse Miguel Tiago e Bruno Dias na Manifestação “estamos sempre ao lado do povo”.

A Luta Continua!
Bjs,
GR

Antuã disse...

Estes indignados não apresentam alternativas. Incham, desincham e passam infelizmente.

Graciete Rietsch disse...

Reparei nos cartazes e não vi em nenhum qualquer alusão a uma mudança de política. Apenas num li e gostei "auditoria à dívida".
Esta manifestação foi grande mas apetece-me dizer, como o Pinheiro de Azevedo, "é só fumaça" se não tiver a continuidade através da luta dos que verdadeiramente reivindicam, apresentam propostas e estão sempre, sempre ao lado do POVO.
Espero também que esta mnifestação possa contribuir para abrir os olhos aos que os mantêm fechados.

Um beijo.

Olinda disse...

Ainda assim,penso,que a indignacao estava na rua e transcendeu o interesse dos seus promotores.Talvez o feitico se vire contra o feiticeiro.Segui a manif,via TV,e fiquei "embasbacada",com o tempo de antena dado,
Por momentos,lembrei-me do 25 de abril de 74,quando se apelava ao povo para ficar em casa e,este veio para a rua,contrariando as ordens.

Beijo