Releitura de sábado, no 1º dia de Setembro

Na releitura/revisão do volume XXVIII da minha espécie de diário, encontrei uma reacção a uma ida à opinião pública-barbeiro, em que fui "massacrado", mais uma vez, pelo ataque aos políticos (e não às políticas!) e em que, de novo, ouvi encómios "a quem fala sem ter papas na língua e diz as verdades", com a sentença final de que "é de um homem como este que precisamos".

Escrevi, "arrumando-me", isto é, desabafando comigo:

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No regresso a casa, fui congeminando uma receita para criar dons sebastiões, uma nova iguaria muito velha e nacional.

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1. Colhe-se, no mercado das figuras públicas, uma que não esteja muito queimada por não ser notóriamennte; ou excessivamente, político-partidária;

2. De preferência deve ter um ar maduro (pode fazer-se-lhe como aos melões...), e que tenha sido ou putativo ou efectivo ministro das finanças, mas sem ter dado nas vistas... até por outros o terem ofuscado;

3. Coloca-se no meio de outros que puxem por ele, em lume brando, mas que também o possam fazer ferver em pouca água;

4. É ideal que, entre os ingredientes, "a peça" disponha de gráficos que procure mostrar, e junte muitos números como tempero com o "toque" de coisas certas e irrefutáveis;

5. Faz-se circular o dom sebastião em preparação por vários programas e muitos canais, sempre com interlocutores que o mexam como quem lhe dá corda;

6. Se possível, deve criar-se-lhe um programa que permita uma presença regular e muito frequente na casa das pessoas;

7. É imprescindível que não salte da frigideira, tendo de ser pressuposta a inevitabilidade do que se quer que seja considerado como inevitável e imutável;

8. Deve juntar-se fala grossa e alta qb, mesmo que diga pouco ou nada... mas contundente (com todos os dentes);

9. Põe-se a marinar dentro das alternâncias dando-se-lhe voltas como se fossem alternativas;

10. Na preparação e decoração do "prato", é recomendável a colaboração em jornais e revistas e a apresentação em livro;

11. Serve-se morno, a não ser que “isto aqueça” porque pode vir a ter de ser um servido como “prato de sustância” .

12. Se conveniente, coloca-se no congelador para utilização oportuna e sempre fresca.

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