terça-feira, março 12, 2013

Nobeis hiper-críticos (por dentro do sistema) da austeridade

Tinha “em carteira” alguns comentários sobre coisas lidas no caderno Economia do Expresso de sábado. Daqueles que, muitas vezes, ficam sem tempo para passar a “blog” ou outros veículos de reflexão comum, mas que não se perdem porque vão sedimentando, fazendo lastro.
Pois de sábado a terça, um desses comentários ganhou nova vida com o que acabo de ler no sapo, “pescado” em Económico.
Krugman continua a desempenhar o seu papel de “enfant terrible”, aparentemente partindo muita loiça… embora sem beliscar os móveis. No entanto, algumas das suas observações têm a maior pertinência e colocam problemas reais da economia. Há que sublinhar, não obstante, que essa postura alimenta a interpretação de se estarem a cometer erros crassos quando, noutra perspectiva, o que está em causa não são erros mas as relações sociais e as estratégias da classe dominante para continuar dominante e sobreviver às intrínsecas contradições do funcionamento da economia política capitalista.
O que não invalida o interesse do que se discute…

«Reacção

Rehn responde a críticas de Krugman  

(Económico)

Comissário europeu rebateu as críticas do Nobel da Economia, que o acusou de "negação no que toca aos efeitos da austeridade".
Olli Rehn, comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, respondeu hoje às críticas de Paul Krugman e a outros que argumentam que as políticas europeias de redução do défice estão a conduzir o Sul da Europa a uma espiral recessiva.
O Nobel da Economia chegou mesmo a apelidar o comissário europeu de "Rehn of Terror", devido à sua insistência de que os países problemáticos deviam manter os seus programas de austeridade no sentido de restaurar a confiança nos mercados.
"Krugman colocou palavras na minha boca que seriam chamadas de verdade modificada no Parlamento da Finlândia", disse Olli Rehn a um jornal finlandês, depois de o economista norte-americano ter considerado que apenas o Banco Central Europeu (BCE) tem a capacidade para acalmar os investidores através do programa de compra de dívida.
Krugman acusou ainda Rehn de ser "o rosto da negação no que toca aos efeitos da austeridade", considerando ainda que o responsável europeu dissemina "ideias de barata".
Na resposta, Olli Rehn diz que Krugman e outros críticos distorceram as conclusões do estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre os multiplicadores orçamentais e as consequências das políticas de austeridade para atacar as políticas europeias.
"O documento do FMI não dá origem a conclusões de que o ajustamento económico não seria desejável", lembrou o responsável finlandês, recordando o acordo entre Bruxelas e o FMI sobre a importância das reformas económicas estruturais para impulsionar o crescimento.
"Espero sinceramente que as pessoas mais inteligentes do que eu sugiram alternativas para que o crédito flua para a Europa", constatou.»

Neste “ping-pong”, em que é visível alguma irritação mútua, há verdades que saltam (entre "inteligentes"...). Aproveitemo-las para reflectir.
Aliás, no mesmo caderno do Expresso, outras fortes críticas à estratégia da União Europeia são objecto de artigo de outro Nobel, Stiglitz, que estigmatiza, lá dos EUA, o neo-liberalismo da U.E., fazendo pontaria a uma federalização fiscal e bancária. Mas esse fica para outro “post”... Se houver tempo e disponibilidade. 

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Nem entre eles se entendem !!!

Um beijo.

Olinda disse...

As crîticas dos Nobeis sao interessantes,mas o que ê mesmo certo,ê que o capitalismo nao ê reformâvel.

.Ainda assim,pode ser,que sirva para tornar a polîtica econômica europeia menos agressiva,em relacao aos paîses do sul,o que duvido

Um beijo