terça-feira, março 05, 2013

"questões de moral" - 9 - trabalho-1

Há temas recorrentes. O que é expressão com que embirro mas que, por vezes, me assalta. Talvez à falta de melhor... Andam, quase sempre, à volta das palavras e das suas utilizações. Como o adjectivo recorrente... Talvez melhor fosse usar a palavra chave, até porque a imagem de abrir portas de compreensão me agrada muito, a começar pels minhas próprias de mim. Será... recorrente.

Trabalho.
Fala-se em trabalho e é uma baralhada conceptual. Nunca me esquecerei, nos idos anos 70 (ou seja, do século passado e do que então se passava), de, num programa de televisão que sucedeu ao Zip-Zip, o Curto-Circuito, me ter visto no palco, após algumas "manobras" em que a Isabel da Nóbrega foi verdadeiramente hábil (e teve cumplicidades), e ter tido a oportunidade de perorar sobre o conceito, a partir de um debate sobre a condição da mulher. Passo adiante do episódio, retendo a lembrança para uso próprio, e próximo (estamos quase no dia 8 de Março...), e aproveito dela uma diferença que considero ser essencial.
Vivendo nós em capitalismo, a pressão ideológica, o "pensamento único" levou a que se assimilasse trabalho a emprego e, bem pior, a venda de força de trabalho.
Uma mulher (ou um homem) que, ou quando, trabalha (!) em casa, como "doméstica/o" (hesitei antes de escrever a palavra... mais uma!), com um/a companheiro/a e um, dois, ou mais filhos, numa casa de que é a/o principal quando não única/o "gestor/a" (outra palavra...) NÃO TRABALHA!, segundo esse pensamento... Não faz parte da população activa, ou apenas dela faz parte quando em OUTRAS actividades.
Um reformado (ou uma reformada, claro), mesmo que passe 8 horas (e mais, ou até muito mais) do dia a labutar, mas que dessa labuta não receba uma retribuição em dinheiro ou espécie... NÃO TRABALHA!, segundo esse mesmo, e único, e estatístico pensamento... Deixou de fazer parte da população activa. Estará já, talvez, a mais.
Mas!... trabalho é a actividade, o gesto, o sinal humano com que o ser humano satisfaz uma sua, ou de outrém, necessidade. 
Se alguém me disser que não trabalho desde que passei à condição de reformado, tendo direito ao que descontei durante décadas de venda da minha força de trabalho, terei de dominar os meus instintos violentos para, acalmado, conseguir explicar que o que faço é TRABALHAR. Sempre. Ainda que tenha de pagar para isso... 

Mas isto não fica assim!    

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