quarta-feira, setembro 03, 2014

A Ucrânia e os seus arredores (isto é, o mundo) e conceitos estratégicos de segurança - 2

CONCEITO RUSSO DE SEGURANÇA NACIONAL
A 10 de Janeiro de 2000, o presidente em exercício Vladimiro Putin assinou um novo conceito russo de segurança nacional. Foi publicado na imprensa russa alguns dias depois. Estes pequenos extractos evidenciam de novo que a guerra  da NATO contra a Iugoslávia foi uma ponte demasiado longa para o equilíbrio internacional do poder, cada vez mais frágil. Particularmente o patamar para o uso de armas nucleares está a baixar em todo o lado. Antes de mais os americanos não ratificaram a proibição total dos testes, enquanto continuavam as suas investigações na "Guerra das Estrelas Mark2". e agora os russos fizeram sair esta declaração que necessita de um escrutínio cuidadoso, inclusive pelos movimentos da Paz. Os activistas da Paz registaram a sua preocupação acerca da guerra na Chechenya, que teve uma ampla coobertura no Ocidente. Em contrapartida, esta importante declaração foi pouco divulgada, embora o que nela está escrito seja de interesse crucial para todos nós.  

I - Rússia no mundo

(...) Os interesses comuns partilhados pela Rússia com outros estados estão implícitos em muitos problemas de segurança internacional. Estes incluem a proliferação de armas de destruição massiva, o estabelecimento e prevenção de conflitos regionais, luta contra o terrorismo internacional e comércio de drogas, e a resolução de problemas graves provocados por radiações e segurança nucleares.
Ao mesmo tempo, alguns estados estão a aumentar os esforços para enfraquecer a Rússia sob o ponto de vista político, económico, militar e outros. Tentativas de ignorar os interesses russos quando se trata de resolver graves problemas de relações internacionais, a estabilidade e as mudanças positivas que têm sido conseguidas em assuntos internacionais.(...)

II - Os interesses nacionais da Rússia

(...) Os interesses nacionais da Rússia na esfera internacional consistem em defender a sua soberania, fortalecendo as suas posições como grande potência e um dos centros de influência num mundo multi-polar, desenvolvendo relações iguais e equidistantes com todos os países e associações de países, em particular com os membros da Comunidade de Estados Independentes e tradicionais parceiros da Rússia, na observância universal dos direitos humanos e liberdades, não permitindo padrões duplos a este respeito (...) Os interesses nacionais. na esfera militar baseia-se na defesa da sua independência, soberania, integridade estatal e territorial, evitando agressões militares contra os seus aliados e assegurando condições  para um pacífico e democrático desenvolvimento do estado (...). 

III - Ameaças à segurança nacional na Federação Russa

(...) As ameaças fundamentais na esfera internacional são causadas por:
  • o desejo de alguns estados e associações internacionais de diminuírem o papel dos mecanismos existentes para manterem a segurança internacional, principalmente as Nações Unidas e a Organização para a Segurança e a Cooperação Europeias;
  • o perigo de um enfraquecimento da influência política, económica e militar russa no mundo;
  • o fortalecimento dos blocos e alianças político-militares, especialmente a expansão da NATO a Leste;
  • a possível emergência de bases militares perto das fronteiras russas;
  • a proliferação de armas de destruição massiva e os seus meios de distribuição;
  • o enfraquecimento do processo de integração dentro da União dos Estados Independentes;
  • o surgimento de conflitos e o seu desenvolvimento perto das fronteiras da Federação Russa e das fronteiras externas dos estados membros a União dos Estados Independentes;
  • reclamações territoriais na Rússia.
Na esfera internacional, as ameaças à segurança nacional da Federação Russa podem ser vistas nas tentativas de outros estados se oporem ao fortalecimento da Rússia como um dos centros de influência de um mundo multi-polar, dificultando o exercício dos seus interesses nacionais e enfraquecendo a sua posição na Europa, no Médio-Oriente, na Transcaucásia, Ásia Central e Ásia Pacífico.
(...) O nível e a extensão da ameaça militar estão a crescer. Agora elevada ao nível de uma doutrina estratégica, a transição da NATO para o uso da força militar fora da sua zona de responsabilidade, e sem a sanção do Conselho de Segurança das NU, pode desestabilizar toda a situação estratégica global. A crescente vantagem técnica de vários poderes de liderança, e a sua maior capacidade para desenvolverem novas armas e equipamento militar, pode provocar uma nova geração de tipos de armas, e alterar radicalmente as formas e métodos de fazer guerra (...)

(continua)

1 comentário:

Olinda disse...

Interessante.Putin ê,sem dûvida,inteligente.Lembro-o discurso dele sobre a Crimeia ,que achei notâvel.
Boa Festa!

Um beijo