No comício de encerramento da Festa de 2014, no domingo, Jerónimo de Sousa fez outros anúncios, de diferente mas igual importância:
«(...)
O PCP
assume as suas responsabilidades de grande Partido da Soberania e Independência
Nacional, anunciando um
programa integrado de acção política para renegociar a dívida, preparar o País
para a saída do Euro, retomar o controlo público do sector financeiro, aspectos
que constituem um imperativo nacional e uma exigência patriótica.
Um
programa que se desenvolverá de imediato com:
A
realização da iniciativa de abertura da acção “A força do Povo por um Portugal com futuro” no próximo
dia 28 de Setembro centrada na Dívida, no Euro e nos interesses nacionais
onde se afirmarão e apresentarão elementos essenciais que conduzam à libertação
de Portugal dos constrangimentos a que está sujeito e recupere para o País
alavancas essenciais para o seu desenvolvimento;
A apresentação na AR no início da
sessão legislativa de um projecto de resolução que estabeleça um programa para
resgatar o País da dependência e do declínio que vise fixar os
calendários, condições e opções da política nacional com vista: a renegociar a
dívida compatibilizando-a com o direito ao desenvolvimento; à criação de
estruturas nos órgãos de soberania que estudem e preparem o País para a saída
do Euro conduzida para a salvaguarda dos interesses e condições de vida dos
trabalhadores e do povo; adoptar as decisões que conduzam a um efectivo
controlo público do sector financeiro colocando-o ao serviço do interesse do
País e dos portugueses e não da especulação.
O desenvolvimento pelo Estado
Português de propostas fundamentadas para a realização de uma Conferência
Intergovernamental para a revogação e suspensão imediata do Tratado Orçamental,
a revogação da União Bancária, medidas visando o papel do BCE, a abordagem do
processo de dissolução da União Económica e Monetária e a extinção do Pacto de
Estabilidade e a criação de um programa de apoio aos países cuja permanência no
Euro se tenha revelado insustentável bem como a rejeição do Tratado
Transatlântico de Comércio e Investimentos UE/EUA, acções já anunciadas pelos
deputados do PCP no Parlamento Europeu.
O PCP
anuncia assim a acção em todas as frentes na defesa da soberania e da
independência, na defesa dos interesses nacionais.
Uma acção
que se articula com o lançamento e apresentação de outro conjunto de propostas
dirigidas à imediata elevação do poder de compra dos trabalhadores, dos
reformados, dos desempregados e de reposição dos rendimentos e direitos
roubados. Propostas de valorização dos salários e pensões, nomeadamente a do
inadiável aumento do salário mínimo nacional que deveria ter sido já actualizado,
em Junho, para 515 Euros, bem como o estabelecimento de um calendário que
garanta no curto prazo a sua elevação para 600 Euros!
O PCP
apela à convergência de todos os democratas, patriotas e homens e mulheres, que
sentem que a sua unidade para um programa claro de ruptura com a política de
direita e uma política alternativa, patriótica e de esquerda, é um caminho em
construção. Um caminho que não resultará de exibidos protagonismos, inventadas
dificuldades de diálogo, oportunistas apelos à unidade, mas da convergência sem
preconceitos ou marginalizações, de forças sociais e políticas, de cidadãos
independentes, de patriotas, dinamizada e suportada pelo decisivo
desenvolvimento da luta dos trabalhadores e do nosso povo.
Ampliar o
debate sobre a política alternativa, alargar à contribuição de muitos outros
democratas e patriotas o debate sobre os eixos essenciais dessa política,
elevar a consciência em muitos milhares de portugueses não apenas sobre as
razões e consequências da política de direita, mas sobretudo com a demonstração
de que há alternativa – são estes os mais importantes e decisivos objectivos
desta acção.
Uma
proposta e um projecto de política alternativa que retire Portugal do atoleiro
imposto pelo rotativismo de PS e PSD, sempre na promessa de novas caras, sempre
recolocando o conta quilómetros a zero, sempre procurando cobrar na desilusão
que alternadamente vão alimentando a reprodução de novas desilusões,
desistência e descrença tão do interesse da política de direita e dos seus
objectivos.
Não, o
País não precisa de mais pactos de regime sejam para uma década ou para um ano,
o País não precisa de leituras mais ou menos inteligentes do Pacto de Agressão
ou do Tratado Orçamental, o País não precisa de operações de engenharia das
leis eleitorais para favorecer artificialmente os partidos de turno à política
de direita.
O que o
País precisa é de romper com a política ao serviço dos grupos económicos e da
especulação financeira, de se pôr de pé e rejeitar as ordens da União Europeia
e da senhora Merkel, de ver devolvidos aos trabalhadores e aos reformados os
rendimentos e direitos roubados, de repor na vida política nacional o respeito
pela Constituição da República e pelos valores de Abril.
O que o
País precisa é de uma política alternativa, patriótica e de esquerda que dê
expressão à aspiração dos trabalhadores e do povo, dos democratas e patriotas
genuinamente empenhados em assegurar para Portugal uma vida digna num País
desenvolvido e soberano.
Nestes
tempos difíceis, exigentes, perigosos o PCP intervém decididamente, enfrenta
dificuldades e obstáculos, dinamiza a resistência e promove a ruptura, é a
grande força da oposição à política de direita, a grande força dinamizadora da
luta de massas, a grande força da alternativa, é o partido com que os
trabalhadores e o povo contam e podem contar.
4 comentários:
Discurso lúcido sobre todas as preocupações e problemas que nos afligem. Sabemos que esta é a via, mas o que me irrita é que havemos de ouvir dizer 'lá estão os arautos da desgraça' para, daqui a uns anos - se lá chegarmos vivos - virem apresentar propostas parecidas com estas nossas. O costume...
Jerónimo anunciou medidas que se inserem na alternativa negada pelos grandes senhores, donos do nosso País e servos do grande capital.
Um beijo.
Isto sim, é um verdadeiro programa de governo - que subscrevo inteiramente!
Ouvi uma jornalista numa rádio afirmar que o discurso do Secretário Geral foi um verdadeiro programa de governo.
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