2.
Foram, esses 30 anos, anos de enganos e
desmentidos, anos de falsificação de conceitos, de defesa do que se atacava,
anos de nua e crua desumanidade sob o manto diáfano dos designados por direitos
humanos. De luta, que de classes era.
Vinham, esses 30 anos, somar-se a pouco mais de
duas vezes 30 anos – e o que são 30 + 30 + 30 anos mais do que a fugaz medida de que se
aproxima a esperança de vida de um ser humano ao nascer hoje, relativamente nos séculos e milénios de
construção de Humanidade no tempo da História? –, em que se poderia prever que se
estaria em uma luta final de um tempo histórico.
Fase de luta que, sendo final, ainda teria a
duração de alguns mais anos (mais quantos 30 anos?), mas em que, depois de
vencidas a escravidão e a servidão, acabaria por derrotar a “exploração do homem pelo homem”, e se entraria num futuro com formas de organização social em que não prevalecessem as
classes e derivadas desigualdades sociais e luta permanente arbitrada por instáveis correlações de forças.
Era um tempo de vésperas. Medido (se medida se queria) em séculos. Sem prazo. mas com certezas
já antecipadas, com tantos e em tantos lugares já com largos passos dados nesse
futuro, já novo e nosso, acreditando-se que passos atrás – que em todas as
caminhadas há – só poderiam ser pequenos, e mais passos e saltos se dariam para esse futuro mais social e humano.
Não é assim, ainda!, que está escrita a História de
há 30 anos.
Não a História que é crónica de reis, traficantes,
senhores, patrões, heróis singulares. A História que a si própria se escreve, em toda a
complexidade das histórias que pretendem ser relatos do vivido pela Humanidade.
Também pela arte, pela ficção que não existiria fora do real. Por tudo o escrito, tudo o pintado, tudo o musicado, tudo o esculpido, tudo o arquitecturado.
Também pela arte, pela ficção que não existiria fora do real. Por tudo o escrito, tudo o pintado, tudo o musicado, tudo o esculpido, tudo o arquitecturado.
Tudo o
sonhado.
continua
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