quinta-feira, setembro 24, 2009

O povo, os do povo e os... outros!

Ontem, fui com um amigo a um comício (pode chamar-se comício ao que ali aconteceu?...) em Alpiarça.
Estive no palco e, antes de falar Jerónimo de Sousa, ouvi coisas daquelas com que concordo. E aplaudi.
Depois, o Jerónimo falou. E começou por falar do António Abalada, do Álvaro Brasileiro, destes dois camaradas com quem estive em Caxias, e que o Jerónimo escolheu para exemplos, para simbolos do povo de Alpiarça, da sua luta na resistência. Do povo que ali estava, enchendo o Largo dos Águias. No meio desse povo, sendo esse povo, na primeira fila, netos dos Abaladas e dos Álvaros. Lindos na sua juventude.
Confesso (mas confesso mesmo!) que chorei ao ouvir assim referir nomes tão queridos e tão cheios de... homens a sério. Ao lembrar coisas que fazem chorar um homem. Sem vergonha de chorar!
E o Jerónimo, estando "em casa", com a sua gente, arrancou um discurso (pode chamar-se discurso aquela conversa com amigos?...) como nunca o tinha ouvido, e já ouvi dele dezenas de discursos seus... Sem um papel, sem uma nota, sem ponto. Sem rede. Ele e nós. Um discurso político! Uma intervenção política como eu acho (posso achar, atentos comentadores anónimos?...) que deveria ser a política.
Em que, como discurso político que era, entre outras muitas coisas explicou, sem margem para quaisquer ambiguidades, a posição do PCP sobre entendimentos com outras forças políticas, sempre - e só! - na base da discussão de políticas a concretizar.
E estava o largo cheio de comunicação social, de máquinas de transmitir mensagens, ali encrustradas no povo que enchia o Largo dos Águias de Alpiarça, o Largo da Esperança.
Pois, hoje, recebo um sms do amigo que me acompanhou que diz assim
"Jerónimo não fecha portas a entendimento com o PS" - rtp1. Miseráveis!
Na verdade... ah, pois são! E o ameu amigo soube bem ver o que estava por detrás do modo como se manipula a informação, se torna o que é rico de conteúdo em paupérrimo e perverso (sem ser falso!), como se escolhe o artificial em prejuízo do que é essencial. Do calor da amizade, da solidariedade. Do ser... humano!

4 comentários:

Maria disse...

Vi a reportagem num noticiário, vi toda aquela gente e, embora te tenha procurado, não te vi.
Vi-te agora, num abraço fraterno, aqui em baixo...
Não me espanta que te tenhas emocionado. Não foste o único...

Beijo

Anónimo disse...

É gente como esta que me faz acreditar que Portugal tem futuro.

Campaniça

Justine disse...

Que belo abraço! Que coisa bonita!

PG disse...

Jerónimo dirigiu-se às pessoas de olhos nos olhos, com uma tranquilidade e uma proximidade só possíveis num homem muito especial. Não se trata de fulanizar o empenho do colectivo, mas é impossível não reconhecer em Jerónimo de Sousa a alegria fraterna e uma ligação umbilical ao que de melhor o ser humano mostra e dá.
A notícia que vi no dia seguinte mostra outras facetas e modos de agir. É o mundo que vamos tendo... mundo que não pára e se transforma.
Obrigado Sérgio, Alpiarça é para recordar.