Nestes últimos dias, a campanha tem sido animado pelo tema/expressão "asfixia democrática".
Para quem, como nós - falo da 1ª pessoa do singular e do meu colectivo -, tem chamado a atenção para sinais fascizantes e com esses sinais se tem preocupado, a inserção dessa expressão no linguajar político-partidário criou uma situação interessante e que importa esclarecer. Aliás, como o camarada Jerónimo de Sousa muito bem fez no debate com Manuela Ferreira Leite.
Se é verdade que tem havido sinais de pouco respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, até de desrespeito pela "filosofia" e direitos constitucionais, mormente quanto a direitos dos trabalhadores, e que eles se agravaram ultimamente, falar de "asfixia democrática" só pode partir de quem não sabe, não soube, ou não quis saber..., da verdadeira asfixia democrática que se viveu durante o fascismo, até 25 de Abril de 1974.
Mas a questão da linguagem político-partidária mereceria estudos de filologia e, nalguns casos, de saneamento e sancionamento moral (se isto existisse).
Entre os "argumentos" da luta política, usar o vernáculo não é, por si só, condenável eticamente, referir que determinados cidadãos foram arguidos (não meros suspeitos) ou até condenados em processos por actos que definem caracteres e características, pode não ser sequer deselegante. Muito diferente é o uso de imagens escabrosas para anatemizar (em termos soezes) adversários políticos.
Julgo não ter, pessoalmente, qualquer propensão para me chocar com termos e expressões e imagens, mas dou grande valor às palavras, gosto de as estudar, como conceitos e no que traduzem de sentires e pensares, e entendo ser dever de quem quer que seja bem formado chamar a a atenção para o que considera empolado, excessivo e até perigoso, de repudiar o que tem a explícita intenção de ofender, de rebaixar o outro, particularmente quando o outro não é aquele determinado e com cara e nome mas uma generalidade, o inominado adversário político, o portador de uma outra ideia e concepção de vida que não a de quem agride cobardemente e com pretensa violência.
Estou, evidentemente a divagar, em abstracto, sob a influência de casos concretos, alguns em que nem de luvas quero tocar...
1 comentário:
Creio bem que a palhaçada da "asfixia democrática" quer apenas enxertar a indignação que grassa pelo país fora, num programa político vazio de conteúdo, no fundo tenta revestir-se a total ausência de capacidade em superar os problemas que o país enfrenta, quer seja porque no PS e no PSD tal implicaria inversão de políticas e reconhecimento dos erros que têm praticado – o que os deixa literalmente num beco sem saída, ou melhor num silêncio ensurdecedor, e captar o voto de quem sente essa emoção sem que esse se dê sequer ao trabalho de perguntar porque é que esta Manuela está tão indignada, então ela não fez parte de governos com escutas à bruta, ataques aos trabalhadores e aos estudantes aumentos de impostos e cargas na ponte, deficits resolvidos com receitas extraordinárias de património vendido ao desbarato, etc.,etc. Indignada a Manuela? Deve ser é parva!
Enviar um comentário