quinta-feira, junho 28, 2012

Para não dizerem que não falei do Euro - 4 e (meia) final

Se vi o jogo? Vi, sim senhor. Como comum dos mortais que todos somos, e como o comum dos mortais diferente de todos os outros que eu sou (como cada um de nós o é!).

Vi o jogo como gosto. Ou, talvez, como quero estar na vida, e nos espectáculos a que assisto. Interessado mas com distanciamento. Crítico. Do que vejo e de mim, espectador.
Vi o jogo sozinho e a fazer outras coisas... com o computador nos joelhos. Um pouco torcido mas não "torcendo", ou "fan" (de fanático) ou apoiante. Embora - ou porque... - com alguma contradição nos desejos. Desejando que os que estavam a representar Portugal naquele jogo ganhassem, mas perfeitamente consciente (assim me julgo) dos malefícios que essa vitória nos poderia trazer como novo (e acrescentado) ópio do povo que o futebol é.
Durante as duas horas (e mais) não sofri, nem exultei. E lembrei-me. logo no começo, de quando ouvia o hino no Estádio Nacional e adaptava a letra cantando "contra os espanhois, marchar, marchar". Quanto cresci! Nem sempre bem...

Vi(vi) um acontecimento da minha mais próxima humana condição. A observá-la/me.
Em resumo, tive pena  mas não fiquei "de rastos". Nem sequer triste. Registei como uns centímetros decidem tanta coisa importante para a tal condição humana, a minha e a que integro, desejando ser íntegro. Por centímetros, o penalti do Bruno Alves foi bater nos postes que delimitam a baliza e, logo a seguir e por negaças do fado nosso, por centímetros o penalti do Fabregas bateu num desses postes e entrou em vez de sair.
E lamentei duas coisas, em dois personagens:
que o Cristiano não tivesse marcado como se tornou quase lenda um dos três livres que teve à disposição e que tivesse perdido aquela oportunidades mesmo à beira do apito final (deve ter sido assim que os comentadores disseram...);
e, ainda, que tivesse sido o João Moutinho - para mim, a ilustração do homem na equipa, no colectivo... e que grandes jogos fez! - a falhar um dos penalties falhados. Não foi justo. 

Dia de luto? Qual quê! Recuso terminantemente!
Dia de luta. E outra. E de todos os dias.
A propósito, hoje há uma cimeira europeia, que deixou de se chamar cimeira para ser mais um Conselho Europeu no que o capital financeiro quer que seja o caminho para uma Europa Política que torne Portugal numa única freguesia de uma Europa político-financeira, isto é, dos políticos ao serviço do capital financeiro.
Essa é a luta!


1 comentário:

Anónimo disse...

Queres saber, Sergio? Assisti aos pênaltes no Largo do Machado, os olhos a atravessar uma cortina de plástico mal colocada. Fiquei puto (desculpa lá, mas não há outro termo)e xinguei os espanhóis. O tal ópio não me caiu bem. Dias depois, dei os Parabéns ao "Seu" Manolo, pela conquista da Taça - que queria (mas tão cedo não poderia) ver em Lisboa. Abraços,