Num caminho inverso do habitual (blog-->facebook), fui buscar para aqui um texto de um amigo, publicado no facebook, que me pareceu vir ao encontro (e valorizar) reflexões já aqui deixadas:
«A memória não pode ser curta!
Antigamente o jornal tinha uma esperança média de vida bem curta. Saía
da papelaria imaculado, sem dobras e passava directamente à mesa da pastelaria
da esquina. Fazia-se acompanhar de um café, um pastel de nata e escancarava as
gordas de página em página, uma imensa onda de novidades e cheiro a coisa nova.
Seguia depois para o trabalho, agora enfiado na pasta e já sem a aura impoluta
que cinco minutos antes o
caracterizava. Tinha sido desvirginado e só voltaria a ver a luz do dia lá para
a hora do almoço. Então, com mais vagar e uma leitura atenta de um ou outro
artigo que por natureza das circunstâncias chamasse a atenção do leitor. Porque
a vida também tem muito de trágico e porque estas coisas são mesmo assim, o
jornal chegava a casa ao fim do dia com cheiro a mofo, um ar cansado, esbatido
e as notícias com ar de terem sido escritas há muito tempo. Que dizer então do
dia seguinte, se a sorte lhe permitisse tal destino em vez do habitual caixote
do lixo? Parecia já coisa antiga que na melhor das hipóteses seria usada para
atear o lume e, finalmente, morrer sem honra nem glória na companhia de uma
acendalha com ar de pavão e chama fácil.
Isto fazia das notícias qualquer coisa de curta duração. Ejaculação precoce favorável ao consumo imediato mas sem nada que avivasse a memória em relação ao que foi dito.
Hoje, é tudo um pouco diferente. Estamos ligados em rede e os jornais tornaram-se electrónicos. A ejaculação já não é tão precoce. Vejamos:
"A venda de parte das participações
detidas na EDP, na Galp e na REN, bem como a privatização da TAP, dos CTT e da
área seguradora da CGD está a ser ponderada pelo Governo, revelou hoje o
ministro Teixeira dos Santos.
A novidade foi hoje avançada pelo governante
numa entrevista telefónica concedida à agência de informação financeira
Bloomberg, no mesmo dia em que o Executivo apresentou as linhas mestras do
Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) até 2013."
Esta era a posição do PS em 2010, estando na altura no governo.
As capas dos jornais de hoje:
- PS contra “agenda escondida de privatização da administração pública”
- PS contra privatização de TAP, RTP, ANA, CGD e Águas de Portugal
- PS: privatização dos CTT «lesa os interesses nacionais»!
Alianças? Sim, indispensáveis!
Mas… com “estes” a serem os mentores (e aproveitadores) da chamada “unidade de esquerda”?!
PG»
OBRIGADO!
3 comentários:
Pois é, a perspectiva muda quando se está ou não no governo. Isto é o que se chama ter convicções e ser coerente...
Alianças com vendedores de banha de cobra?!...
Aliança com gente que usa a palavra sim ou não para os mesmos empreendimentos conforme as suas conveniências, NUNCA!!!!!!
Unidade, sim. Do trabalho contra o capital!!!!!!!
um beijo.
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