segunda-feira, novembro 18, 2013

Pequena nota sobre a Irlanda e Portugal

Pequena nota sobre a Irlanda e Portugal

A Irlanda regressou aos mercados. E os irlandeses, candidamente, festejaram.
O governo português aproveitou, canhestramente, para… dizer coisas. Sugerindo que, se tivermos juízo (irlandês?), poderá vir a acontecer o mesmo aos portugueses. Porque, dizem governantes e comentadores, estamos no mesmo bom caminho. Advertem/ameaçam logo que assim será desde que haja tropeços constitucionais, sindicais e outros mais, se o “partido da oposição” culpado da/cúmplice na “troikada” se portar bem, e todos nós seremos (como os) irlandeses lá para meio do ano que vem.
Só que há umas PEQUENAS diferenças entre a Irlanda e Portugal.
Se é verdade que, no que respeita à(s) dívida(s) a situação da Irlanda não era -  e está longe de ser – melhor que a de Portugal, com uma dívida externa em relação ao PIB muito mais alta e uma dívida pública não muito mais baixa, já noutros termos e indicadores as comparações são claramente desfavoráveis a Portugal.
Segundo o relatório de 2013 do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) sobre índice de desenvolvimento humano (que há décadas pondera – ou modera – indicadores estritamente economicistas com indicadores de saúde, educação e outros), a Irlanda ocupa o 7º lugar ex-aequo com a Suécia e depois da Noruega, Austrália, Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Nova Zelândia, enquanto Portugal é o 43º.
Acresce que pode identificar-se, nesse relatório, um indicador não-monetário de desenvolvimento humano e, neste, a Irlanda passa de 7º para 4º (logo depois da Austrália, da Nova Zelândia e da Noruega), melhorando 3 lugares, enquanto Portugal desce os mesmos 3 lugares pois passa de 43º para 46º.
Não é que estes indicadores e rankings sejam retratos perfeitos das realidades nacionais, bem longe disso, mas são… indicadores das situações económicas e sociais dos países, "meros" indicadores de desenvolvimento humano.


Os mercados, e o seu funcionamento, são outra coisa. E têm a ver com especulação financeira, com acumulação e centralização de capitais, com exploração. Com luta de classes pura e dura.

1 comentário:

Graciete Rietsch disse...

Esses indicadores marcam bem a diferença e, como já aqui se tem dito mão é possível comparar o incomparável.

Um beijo.