sexta-feira, setembro 18, 2009

Na cadeira do barbeiro

É periódico. O cabelo não caiu e cresce. Também a barba cresce todos os dias, porque nem dia-sim-dia-não a faço (a expressão “fazer a barba” é mesmo aberrante…). Pelo que, mais ou menos de mês e meio em mês e meio, vou à loja do senhor Arnaldo, velho conhecido de andanças teatrais e quase-amigo, para que ele diminua a minha “moldura grisalha” (de um poema de Maiakovski).
É costume conversarmos muito enquanto ele dá à tesoura. As conhecidas conversas de barbeiro… Podemos começar pelo tempo, ou pelo teatro, ou pelo futebol, mas – é fatal! – acabamos no tema da política. Pois se sou eu que estou sentado na cadeira…
Desta vez, ontem, ele foi logo directo ao assunto. E mais isto e mais aquilo, e lá comecei eu a tentar ser pedagógico sem proselitismos excessivos. Até que ele arranca com esta pergunta:
Pois... mas, ó doutor (é assim que ele me trata),… diga-me lá… porque é que o seu partido não se junta ao Bloco de Esquerda?”
Se fosse eu que tivesse a tesoura nas mãos e a orelha dele à mercê, se calhar tinha havido sangue… Acalmei, disse-lhe que o tal meu Partido tinha sido criado em 1921, que atravessou o fascismo na clandestinidade a lutar pela democracia e pela liberdade, que tinha uma ideologia própria e bem definida (certa ou errada é outra coisa), que está aberto a fazer coligações e alianças com quem o respeite, e que o Bloco de Esquerda é outra coisa, outro partido… e terminei perguntando-lhe “ó amigo Arnaldo (é assim que o trato)… porque que me pôs a pergunta assim e não ao contrário? Não me perguntou porque que é que o Bloco de Esquerda não se junta ao PCP, pois não?
E enquanto pagava, ainda adiantei a pista, para a eventual resposta que ele (se) quisesse dar à minha pergunta, do modo absolutamente vergonhoso como a comunicação social do capital trata um e outro dos dois partidos.
A conversa continuará daqui a aproximadamente mês e meio.

5 comentários:

olga disse...

Pois é pena as pessoas não perceberem que é muito mais sensato o facto de não querermos nos juntar com um qualquer partido que não vá de encontro às nossas ideologias do que fazê-lo apenas com o intuito de arrecadar uns votinhos. Não percebem que isso seria desrespeitar-mo-nos...

Justine disse...

Ora aqui está um modo interessnte de ir dando a conhecer o que pensa o Sr. Arnaldo, que é igual a tantos milhares de portugueses!
Tens é de ir mais vezes cortar o cabelo:))

Aristes disse...

Arruada, neologismo nojento?
Ou ignorância e sectarismo de VPV?

José Rodrigues disse...

Está na hora do Chico Louçã ir ao sr.Arnaldo para este lhe fazer a mesma pergunta...o mais certo é ficar sem resposta...

Abraço

samuel disse...

Daqui a um mês e meio... já será então tempo para os "prognósticos"... :-)))

Abraço.