terça-feira, fevereiro 16, 2010

Factos & artefactos - VC no BCE

Se vivemos ou não em capitalismo parece não ser questão para muitos. As questões querem-se colocadas entre mais ou menos Estado, ou só Estado que sirva para ajudar interesses privados e compensar malfeitorias excessivas. Por isso, é consensual que o mercado não pode funcionar sem um mínimo de regras ou sem entidades reguladoras. E, quando as crises eclodem, ataca-se o neo-liberalismo e espera-se que o Estado intervenha e olha-se desconfiado para a actuação das entidades reguladoras.

O Banco de Portugal, que já foi outras coisas, é agora a entidade reguladora máxima do sistema, finaceirizado e banqueirizado que ele está. Ora, é evidente que, em Portugal, essa "regulação" não funcionou quando deveria ter funcionado. BCP, BPN, BPP, "off-shores" escaparam à peneira que, teoricamente, deveria ter existido.

Isto não é verdade? Mesmo para os próceres ou sectários apologetas do regime e sistema? E não havia responsáveis por essa regulação, e um responsável-mor?

Havia! Pois cantem-se hossanas à sua promoção a um cargo dito proeminente na supervisão e na regulação bancárias no BCE.
Ou, não o fazendo, e ao dizerem-se verdades como punhos (para não falar do resto do percurso do senhor...), ficar-se sujeito a ouvir diatribes e alarvidades como se fossem acusações... até de falta de patriotismo. Enxerguem-se!

17 comentários:

Fel de cão disse...

Não sou economista mas reconheço que as "os erros de palmatória" passados com vários bancos no reinado de Constâncio ditaram a sua saída (como tantas vezes acontece)para um exílio dourado. A pressão já exercida por toda a direita (com Paulo Portas no comando) leva-me a crer que muita gente ainda vai ter saudades dele. Vamos esperar para ver...A esquerda Portuguesa terá que ir ao dicionário procurar novos adjectivos...

Luís Neves disse...

Tomando as palavras do Fel de Cão: exílio dourado. Acrescento: mal vai esta Europa que depois de nos levar Durão, nos leva Constâncio. Sem eles, ficaríamos mais aliviados não fosse a sina de eles se multiplicarem. E já agora, não é notícia quem vai para o lugar de Constâncio no BP?! Se não fôr do PS/D eu pago um almoço!
Ai, e eu nem me quero lembrar do Silva Lopes, outro igual, que por aqui passou a dar um ar de sua graça para lhe darem o nome de uma rua!

poesianopopular disse...

Uma coisa eu tenho a certeza, o discurso do próximo Governador do BP vai ser congelamento de salários e aumento de impostos. Mas esta receita é igual á outra quando a inflacção era muito maior?
Cheira-me que aquele sr.que saiu dos impostos para o BCP vai ser o próximo DESgovernador.
Pouco importa eles são todos parecidos!
Abraço

samuel disse...

E o que é que a Pátria há-de ter que ver com estes trastes?

Abraço.

Ricardo disse...

Esta (nova) discussão faz-me pensar que voltou nova nuvem de poeira sobre a vida e os problemas das nossas vidas.
A regulação ou supervisão assenta em princípios que assumem os bancos como instituições fiduciárias. Ou seja, a sua «palavra» mais que inspira confiança, a sua palavra «é confiança».
Esta (des)regulação é a que no momento actual, ou até agora, tem serve melhor os interesses de quem tem o poder de assim decidir.
Terá mesmo havido uma falha da supervisão ou estaremos nós perante a invitabilidade de a determinado ponto a mesma ser incapaz de esconder a verdade?
Serão os economistas incompetentes? Serão os governantes e governadores incompetentes?
Ou servem as suas políticas interesses minoritários, mas poderosos?

Anónimo disse...

Convosco está na ordem do dia a fulanização política. Como são incapazes de mobilizar os trabalhadores para a verdadeira batalha contra o capital. Como estão incrustados como como a lapa à rocha no sistema e como tal como os sindicatos também lhes convém a subordinação do trabalho ao capital, é com estas coisas que se entretêem a discutir os graves problemas da crise capitalista. É o que afirma Lenine no Renegado Kautstky.

Sérgio Ribeiro disse...

Fel de cão - serão erros? Ou será a política que "nós" consideramos errada por estar em desacordo com o que nós defendemos? Boa... essa do exílio dourado.
Luís Neves - Pois... O substiputo? Vai uma aposta? Mas não pago almoços... destes! Só prejuizo?!
poesianopopular - também não aposto!
Ricardo - É isso mesmo.

Abraços para todos

PS - este anónimo fez-me rir... E fiquei preocupado: "isto" não e para rir!

A CHISPA ! disse...

A Direcção do PCP fez saber, que quer Vitor Constâncio atento aos problemas sociais.
A exemplo do que aconteceu em Portugal, está-se mesmo a ver, que essa vai ser uma das preocupações de V.Constâncio,aliás foi exactamente para ter em atenção os problemas sociais que a grande burguesia imperialista europeia nomeou V.C.para vice-presidente do BCE.
Só uma Direcção reformista como a do PCP, se poderia lembrar duma tirada destas.
Desgraçado proletariado que ainda vai acreditando em tal gente.

"achispavermelha.blogspot.com"
"A CHISPA!"

Sérgio Ribeiro disse...

Face à chispa lhada, e em intenção dealfabetizados, reproduzo comentário que foi parar a outra mensagem;

Em intenção dos alfabetizados:

Posição do PCP sobre VC no BCEA: «A possibilidade de Vitor Constâncio vir a ocupar o cargo de vice-presidente do BCE não surpreende o PCP. As políticas seguidas e impostas pelo BCE aos estados membro da União Europeia, profundamente lesivas do interesse e soberania nacional e atentórias dos direitos dos trabalhadores e do povo português, são, na sua essência, as mesmas que Vitor Constâncio defendeu e defende enquanto Governador do Banco de Portugal. É contra essas políticas que o PCP continuará a lutar, seja ou não Vitor Constâncio o Vice-Presidente do Banco Central Europeu».

Anónimo disse...

Afinal em que ficamos? É para rir ou para se preocupar? Aristóteles e Wittgenstein,(apesar de já terem morrido) esses sim, devem ter fortes razões para se procuparem com este tipo de raciocínios.

Sérgio Ribeiro disse...

Wittenstein?
Porra!... este anónimo chegou para mim.
Por outro lado fico muito lisongeado por o Aritóteles poder ficar preocupado (apesar de morto) com os meus raciocínios hegelianos, na mais pobre das extensões dialécticas (estou ao nível?).
Mas, para isto tudo, não há Sócrates que sobeje...

Anónimo disse...

Pelos vistos a lógica não é o forte do comentador. A dialéctica de Hegel que se determina pelo princípio da contradição e não só, também ela não admite reciocínios absurdos.Afirma Hegel que quem os faz são os homens dos conceitos vazios. De facto parece que tem razão. E Lenine ainda diz mais; "não se consegue perceber Marx se não se perceber Hegel".

"É este o Portugal que vemos". Eça de Queiroz.

Anónimo disse...

Pelos vistos a lógica não é o forte do comentador. A dialéctica de Hegel que se determina pelo princípio da contradição e não só, também ela não admite reciocínios absurdos.Afirma Hegel que quem os faz são os homens dos conceitos vazios. De facto parece que tem razão. E Lenine ainda diz mais; "não se consegue perceber Marx se não se perceber Hegel".

"É este o Portugal que vemos". Eça de Queiroz.

Sérgio Ribeiro disse...

Ora... "A dialéctica de Hegel que se determina pelo princípio da contradição e não só, também ela não admite reciocínios absurdos. Afirma Hegel que quem os faz são os homens dos conceitos vazios."

'Tá bem, pronto!
Rir e estar preocupado é um raciocínio absurdo, ó Hegel? Ou quem não vê aí um princípio de contradição é um homem vazio (e não só de conceitos)? É um queiroziano de trazer por casa, daqueles que Portugal tem...

Mas porque é que eu perco tempo com esta gente anónima que só aqui vem para isso? Será um princípio contraditório? Deve ser...

Anónimo disse...

O comentador omitiu a parte da contradição que a torna absurda. O que escreveu foi o seguinte: "Este anónimo fez-me rir... E fiquei preocupado: "isto" não é para rir!
Afinal em que ficamos: É para rir ou para chorar?
A carta de Eça de Queiroz a Fialho de Almeida tem aqui todo o cabimento da qual é extraída a citação referida, que por falta de espaço, infelizmente, não posso reproduzir mais.

Maria disse...

Gosto das 'discussões' animadas com anónimos.
Haja fígado...

Bom fim-de-semana.

Anónimo disse...

Pois é... Basta fazer uma pequena citação de Eça de Queiroz, para ser logo considerado queiroziano, e ainda por cima "queiroziano da treta"... Lenine chamava a este tipo de críticos "pedantes oblíquos que se revelam flagrantemente através da sua própria crítica". Afinal o defeito não era exclusivo dos mancheviques...