terça-feira, fevereiro 02, 2010

A NATO e o Conselho Mundial da Paz- 3

A NATO foi criada, umas semanas antes do Conselho Mundial da Paz e, entre os seus Estados-fundadores, estava Portugal em estado fascista, não faltando no apoio a este com a aplicação do seu conceito estratégico de "defesa do Ocidente" na sua defesa manutençãocontra a resistência anti-fascista. Mais tarde, também (pre)ocupada com a situação do Atlântico mais para sul e com outros mares do sul, não faltou com a ajuda ao seu Estado-fundador na guerra colonial. Era o conceito estratégico, já com alguma elastecidade geográgica e, na prática, muito mais agressivo e ofendivo que defensivo.

Entretanto, a luta pela Paz.


Na celebração dos 60 anos do Conselho Mundial da Paz, continuei o meu testemunho:
« (…) Na Assembleia (de 1972), participaram delegações de 27 países (e de Berlim Ocidental) e fizeram-se representar 32 organizações, das Nações Unidas ao Conselho Mundial da Paz e, por exemplo, Conferência de Berlim dos Cristãos Católicos dos Estados Europeus, a American Friends Service Comitee (Quakers).
De Portugal, deslocou-se uma delegação, a que se juntaram exilados políticos, compondo uma representação diversificada política, religiosa e territorialmente, que teve activa participação nas comissões – cultural, de organizações femininas, económica –, e houve uma declaração política de uma Comissão Nacional então criada.
Esta Comissão Nacional para a segurança e a cooperação europeias constituiu-se com 39 membros, e pode considerar-se a estrutura a partir da qual, e da sua evolução, se veio a formalizar o Conselho Português para a Paz e a Cooperação. Essa composição foi unitária, e pode ser consultada num livro então editado pela Estampa, A Segurança e a Cooperação Europeias, com episódios muito curiosos… que não conto por falta de tempo.
Na continuidade da Assembleia, realizou-se uma Conferência dos Representantes da Opinião Pública, também em Bruxelas, em Dezembro de 1972, com activa representação portuguesa, e dela resultou um Comité Internacional para a Segurança e Cooperação Europeias e uma declaração que, com outros documentos, também se encontra nesse livro.
O livro seria lançado por ocasião da vinda a Portugal de Raymond Goor, cónego belga que presidiu à Assembleia de Junho, e foi um grande animador desta campanha pela Paz. Acompanhei-o de Bruxelas a Lisboa, para esse lançamento e outras actividades… mas o lançamento não se fez porque o livro foi apreendido, e as outras actividades tiveram rocambolescas atenções da PIDE, com os seus agentes decerto surpreendidos com o seu aspecto de padre saído de uma das nossas paróquias de aldeia, a dizer coisas terríveis, subversivas, pelo País, contra a guerra e a favor da Paz.

O livro seria lançado por ocasião da vinda a Portugal de Raymond Goor, cónego belga que presidiu à Assembleia de Junho, e foi um grande animador desta campanha pela Paz. Acompanhei-o de Bruxelas a Lisboa, para esse lançamento e outras actividades… mas o lançamento não se fez porque o livro foi apreendido, e as outras actividades tiveram rocambolescas atenções da PIDE, com os seus agentes decerto surpreendidos com o seu aspecto de padre saído de uma das nossas paróquias de aldeia, a dizer coisas terríveis, subversivas, pelo País, contra a guerra e a favor da Paz. (…)»



(continua)

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