quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Reflexões... lentas

Numa sociedade crispada é natural que muito se fale e escreva sobre “braços de ferro”.
No entanto, o verdadeiro “braço de ferro” é entre uma dinâmica histórica, de progresso social, e os interesses privados, de grupos, egoístas, que prevalecem e têm a força que têm mais aquela que as gentes desconhecem ter.
Mas há aspectos curiosos que uma reflexão baseada na apreciação daquilo com que se convive há décadas – e procurando ter os olhos e a mente abertos – não pode deixar passar.
No nosso microcosmos, isto é, no que nos está mais próximo, na nossa “amostra”, é evidente que há cada vez mais pessoas a fugirem de viver da venda da sua força de trabalho. O que coincide com os interesses antagónicos da classe prevalecente que se procura desembaraçar de “mão-de-obra” excedente, fazer do desemprego uma variável estratégica decisiva para a exploração de que se alimenta, e procura ter, sempre, um “exército de reserva”.
A vaga de reformas, a sua antecipação – nos professores, nos médicos, e noutros estratos do funcionalismo público – e, por um lado, as facilidades para que tal aconteça, por outro lado, o regateio dos direitos e das condições do seu exercício, concretiza este encontro de contrários.
Além disso, o tempo de vida é cada vez mais prolongado, o que é o resultado do progresso social. As gentes vivem, incontestavelmente, mais tempo. As estatísticas o comprovam.
E, sendo assim, como também o progresso social se reflecte no estado da saúde levando-a mais longe, isto é, estendendo a capacidade de viver como se a idade não avançasse tanto, o que está em causa é viver mais, muitos mais anos sem ser “a trabalhar”, isto é, sem ter de vender a força de trabalho, isto é, podendo trabalhar livremente, não por obrigação…
Ora, sendo cada vez mais numerosa a gente que não é explorada como vendedora da "sua" mercadoria força de trabalho, a juntar a leis como a da baixa tendencial da taxa de lucro, como alimentar a exploração de que vive o capitalismo?
Esta uma contradição evidente do tempo que vivemos. Que o capitalismo procura ultrapassar através da sobre-exploração, ou seja, fazendo da força de trabalho mercadoria estreme, regateando os direitos de todos, como os dos cada vez mais numerosos idosos, assim estendendo formas e vias e idades de exploração, e também pauperizando crescentes camadas populacionais, marginalizando o que não podem destruir, também seres humanos.

2 comentários:

Luís Neves disse...

É interessante verificar que à medida que se aumenta a idade da reforma cresce o desemprego nas camadas mais jovens. Isto é, são os mais velhos que têm de sustentar os mais novos. Isto é, insiste-se na readaptação dos "cansados" às novas competências e despreza-se/ desperdiça-se o vigor e a força de uma geração que nasceu com a revolução tecnológica.
Um abraço activo

hugo carrola disse...

Assim, e mais uma vez, vamos lutar contra a exploração dos trabalhadores (idosos, de meia-idade e os «novatos»).

GREVE NACIONAL
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

4 MARÇO 2010

- Contra o congelamento dos salários;
- Contra os "cortes" (valor das pensões) nas aposentações;
- Por uma avaliação justa, imparcial e sem quotas;
- Pela estabilidade do emprego público.

A LUTA É O CAMINHO!