Anda por aí, desembestado, um bruá-á por causa da maçonaria e do secretismo das secretas.
O tema do clientelismo sempre nos interessou como perversão da democracia.
Ao reduzirem a democraticidade ao direito dos cidadãos escolherem, periodicamente, representantes seus em vários degraus institucionais, os partidos políticos da burguesia, mesmo os que se adornam com a palavra socialista, foram construindo e fazendo a possível manutenção das suas clientelas. A todos os níveis, desde a base do voto por caciquismo à distribuição de lugares de topo (social e remuneratório) na promiscuidade político-económica.
O clientelismo não é secreto nem se consegue esconder por tão evidente ser.
Depois, há perversões dentro do próprio clientelismo, já de si perverso democraticamente. Através do amiguismo, da formação de seitas e de sociedades secretas, algumas bem antigas e cheias de rituais. Formam-se grupos de confrades (no mau sentido do vocábulo) que entre si se apoiam e entre-ajudam. Sempre em prejuízo das comunidades em que estão integrados, cultivando o favoritismo e as cunhas.
Há muitas carecas à mostra. Sempre no quadro da promiscuidade partidário-económica, de que se teve escandalosa ilustração no caso recentíssimo da EDP – logo depois da esquisita “privatização” que foi feita… –, com as nomeações de Catrogas, Cardonas e mais outros que tais.
A propósito deste tema, entre muitas glosas, veio um antigo ministro, muito televisivo e radiofónico membro do PSD, dizer que este é um facto que "preocupa", porque "há alinhamentos que escapam à lógica do partido, às regras, aos valores do partido, às razões porque ali estamos" e depois de, claro, se ter falado da Maçonaria e das ligações também do PS e do CDS, veio em grande alvoroço acrescentar que nem o PCP escapa: "No PCP também, mas não é assumido porque é proibido, faz-se sem se fazer...".
Que engraçado!
Este PCP! Até proíbe, entre os seus membros, o que vai contra os estatutos e decisões do colectivo, ou seja, o que os seus membros discutiram e aceitaram como regras a cumprir. Entre outras, a da não criação de fracções e coisas dessas.
Quer isto dizer que está o PCP imune a tentativas semelhantes? Claro que não. Os seus membros – todos – são da “mesma massa” de que são feitos os membros dos outros partidos, e alguns que por lá passaram e que por lá estarão, não resistem a procurar fazê-lo, mas assume-se, como colectivo, que é proibido e… proíbe-se que se pratique! Democraticamente, como lhe é próprio e oportunamente lembrado, e os outros esquecem.
Por isso, não nos largam, e não perdem a oportunidade de nos beliscarem, por vezes com destrambelhada agressividade. Ainda por estes dias, no Jornal de Negócios, um “artista consagrado” e, a nosso critério, sem dúvida falhado, dedicou um elucidativo artigo aos “Comunistas”, dando-lhe este título. O texto começa pela referência à morte do dirigente do Coreia do Norte (tinha de ser!), avança com preclaras opiniões e chega aos comunistas portugueses, que, segundo ele, não são nem bons nem maus, são irrelevantes, "provando", o "artista", que o PCP é um partido falhado, entre outras coisas porque “os comunistas detestam a Internet, coisa que imaginam ser obra do grande capital americano”.
É curioso. E, se calhar, grave... Esqueci-me de pedir autorização ao Partido para “navegar” por estas paragens internéticas…
8 comentários:
Eu também detestava a internet... até ter provado a coisa com coentros e um toque de azeite e alho.
Mas nem por isso fiquei menos irrelevante. :-))) :-)))
Abraço.
Os gajos são mesmo execráveis.
Se não fosse trágico era para rir a bandeiras despregadas...
Estão tão,tão,castrados que nunca entenderão o que é a democracia.
Um abraço,
mário
Tem que se pedir?
Um abraço
Quando falam dos comunistas é para mentir ou deturpar.E porquê? Porque é o Partido( e os seus amigos) que eles mais temem.
O que eu não sabia é que os comunistas não gostavam da Internet!!!! (Fiquei admiradíssima,pois conheço o trabalho deles também nesse campo).
Um beijo.
Não sabia que tinha de pedir... lá levo eu mais uma bola preta na ficha. E tu também não escapas :)))))))
Beijo.
Eu detestava mesmo a net... até começar a fazer bons sonetos e a perceber que era a única forma que tinha de os divulgar... :)
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