É a desonestidade habitual do tipo gato escondido com rabo de fora ou numa versão mais familiar: «[escondida atrás do muro, junto ao monte de areia do avô, ela, encolhida, desculpava-se] oh! Senhor! não fui eu, meu senhor!»
Então as rendas que a EDP recebe pelas barragens, pela cogeração nas centrais térmicas, pela eólica, etc. não beneficiam do tal défice tarifário? E a separação entre produção, transporte, distribuição e venda a retalho não está na origem do tal défice tarifário? E desta «nova» cadeia de produção a EDP não benefícia desse tal défice tarifário? É que apenas o transporte não está nas mãos do monopólio privado EDP (ou quase monopólio, para ser mais preciso).
Por acaso Catroga (que há algum tempo é conselheiro da EDP, privatizada) queixa-se de toda a produção da EDP ser adquirida pela REN, a preço pré-estabelecido?
Por acaso Catroga queixa-se do monopólio natural que a distribuição de energia em média e baixa tensão representa para um grupo privado?
Por acaso Catroga queixa-se da liberalização da venda de electricidade - um bem de primeira necessidade, um bem totalmente inelástico com muito fraca sensibilidade da procura às alterações do seu preço - quando fala de uma empresa que cujo negócio não pode ser encarado como uma normal cotnratualização entre dois agentes onde existe informação assimétrica?
Por acaso Catroga queixa-se do poder de mercado, mas também do poder político que a EDP detém, por razões históricas e não por qualquer mérito (tal como é defendido pelas teses neo-liberais)?
Bom, para já, resta-me concluir que o défice tem costas largas e pesa muito... nos lucros da EDP à custa da carteira dos trabalhadores.
Ricardo Oliveira
(Obrigado, Ricardo
S.R)
1 comentário:
Em cheio!
Abraço.
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