... então o Sr. Nicolau Santos, ao lado da D. Natália Correia (esta coisa da poesia, e as suas escolhas, dão que pensar), lá termina a sua crónica sobre o "reino de Gaspar" com o que chama "uma boa notícia", embora o resultado seja uma enorme "cabazada" (em parágrafos: "más notícias" - 6; "boas notícias" - 1).
Aliás, é só uma "boa notícia", em curto parágrafo que acaba em drama. Transcreve-se:
"Mas há boas notícias. O desequilíbrio externo está a reduzir-se rapidamente. A balança corrente e de capitais passa de um défice de 6,8% para 1,6%, e a balança de bens e serviços cai de -3,7% para -0,3%. O peso das exportações no PIB também vai crescer. Mas tudo isto está a ocorrer não porque estejamos a produzir e a exportar mais mas sim porque o nosso PIB está a encolher. É esse o drama."
E esse é mesmo o drama! Aliás, há quem ande em campanha, há muitos meses, a defender que é preciso pôr Portugal a Produzir.
No entanto, a nossa incurável deformação profissional (de docente...) obriga-nos a vir corrigir N.S.
- A notícia não pode ser catalogada como boa, quando é o próprio catalogador que refere a melhoria do desequilíbrio externo a uma evolução dramática;
- por outro lado, se, com esta "estratégia" (?). o PIB vai encolher (discute-se é quanto), esta "encolha" tem o resultado auto(mate)mático de fazer aumentar o peso das exportações no PIB, mesmo que as exportações não cresçam ou até diminuam proporcionalmente menos que o PIB.
Há que sublinhar que sempre que, numa fracção, diminui o denominador (no caso, o PIB) o resultado da fracção aumenta se o numerador (no caso, as exportações) não diminuirem proporcionalmente mais que a diminuição do denominador.
A grande questão é que não só se vai produzir menos como se vai, também, diminuir a procura interna, não só no que respeita ao consumo (quebra brutal do poder de compra dos extratos com maior propensão para o consumo dado o baixo nível de satisfação das suas necessidades) com também em relação ao investimento (do que resultará continuidade na queda do produto).
Há que inverter este rumo!
Falar de "internacionalização da economia portuguesa" não pode ser um mote demagógico com glosas ridículas, protagonizadas por um ministro (da economia!...) que envergonha.
5 comentários:
Olá Sérgio
Quando comecei a ler o teu post pensei,é tudo uma questão de percentagens e fracções.E,pelos vistos, acertei!!!!!!!
Um beijo.
Meu caro, há aqui confusão e o NS viu mal o filme: se o deficit externo diminui, mesmo através da maquiavélica diminuição do consumo de coisas importadas acompanhada de aumento de exportações, o PIB sobe, ou não?
Vitor Gaspar
Graciete - O pior é o que essas percentagens traduzem.
Beijo
anónimo(abrindo uma excepção porque o anónimo tem nome - Vitor Gaspar? - e coloca uma questão interessante)- olhe, por favor, para as equações: no cenário da "procura externa líquida" aumentar - por aumento de exportações ou até diminuição proporcionalmente menos que a das importações - e do "produto" diminuir, isso só pode acontecer com queda brutal da "procura interna" - grave, no curto prazo, se for só no consumo, muito grave em relação ao futuro se for também, e muito, do investimento.
Saudações
Exacto! Mas mesmo a traduçâo que podemos retirar desse «jogo» de fracções, numa abstracção da realidade, no conrecto tem muitas dimensões que a análise do Niculau Santos às projecções do Banco de Portugal ignoram.
A perspectiva sobre a exportações e as importações, em valor monetarizado, reflectem um determinado cenário (ou, com muito boa vontade, alguns cenários, embora limitados).
As projecções pressupõe uma desvalorização do euro em relação ao dólar. A realidade parece confirmar essa tendência, no entanto quais as consequências para o dólar do despoletar de um conflito armado (mais explícito) no Golfo Pérsico? E relativamente ao preço do petróleo e de outras matérias primas?
Por outro lado, as projecções não fazem qualquer referência às consequências de um possível (pelos menos vão surgindo algumas notícias) «perdão» (ou default, no dominante economês) da dívida pública grega entre os 50% e os 75%? Ignora-se os seus impactos no sector financeiro e nos mercados de seguros e financiamento das exportações? Num cenário desses a tal «competitividade» das exportações portuguesas manter-se-ia, mesmo com um forte agravamento da exploração da força de trabalho?
Estas são algumas questões que a tal, aparente, boa notícia, que afinal é má (como bem referes) ignora.
Desculpa, por questões passadas que agora não vêm ao caso, o comentário anterior é meu. POr lapso não seleccionei como queria a assinatura do comentário.
Abraço!
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