Mão amiga fez-me chegar um mail em que transcrevia uma anedota e um comentário, publicados no Financial Times de 6 de Novembro. Traduzo (livremente):
Num engarrafamento, um automobilista é abordado por um homem que lhe bate no vidro da janela e o interpela: ”Terroristas assaltaram o Congresso e sequestraram os congressistas. Exigem 100 mil dólares, sob a ameaça de queimarem tudo com gasolina…”, dizia o homem, “estamos a recolher donativos…”. “… e o que tem recebido… assim em média…?”, perguntou o condutor. “… entre 5 a 10 litros…”, foi a resposta que teve.
O comentário do jornal é que esta anedota seria muito mal recebida aqui há uns anos. E diz que Bob Hope nunca a teria metido no seu reportório. Hoje, circula na blogosfera com grande aceitação e divulgação, revelando o clima de descredibilidade em que caíram as instituições ditas democráticas.
Não transcreveria (livremente)esta anedota, e o comentário, se a “nossa democracia”, tão duramente conquistada ao fascismo, não a tivesse tornado oportuna e pertinente.
Depois da exclusão, da responsabilidade maior do PS, do Conselho de Estado do membro do PCP que nele tinha assento desde que existia essa instância, a não audição de partidos com assento parlamentar nas vésperas de reunião do Conselho Europeu, como sempre se fez até à semana passada (embora o primeiro-ministro tenha recebido, com essa finalidade, o secretário-geral do PS…), veio evidenciar o sentido da política no plano institucional. Um sentido de desmocratização… nem sequer se ouvindo quem tenha posição diferente, ainda que com significativa representação parlamentar.
Tudo a apontar para a necessidade do reforço da política ao nível das massas, da intervenção participativa que colmate a deriva autoritária (ou "austeritária"…) da face representativa, redutora da cidadania ao voto … ou até o dispensando, como o ilustram as evoluções grega e italiana. Assim se entende que 3 em 4 irlandeses queiram referendar questões orçamentais, que na Bélgica se esteja em greve geral, que o Terreiro do Paço vá encher no dia 11 de Fevereiro!
8 comentários:
Isto vai!
Em breve, a Alemanha vai exigir também a Portugal que abdique da sua soberania orçamental... mas, ao que tudo leva a crer, desde que não venha para cá a marchar de botas prussianas calçadas, poucos parecem recear o que por aí vai! E, mais uma vez, a França deixa desguarnecida da Linha Maginot...
Há aqueles que não acordam,nunca,já estão mortos.
Mas os acordados lutam,até ao fim,se necessário.
Um abraço,
mário
E no Terreiro do Paço nos encontraremos.
Eu levo a "gasolina"!!! :-)
Um abraço desde Vila do Conde,
Jorge
Justine - Atão não havera d'ir!
Carlos Gomes - A História não se repete, meu amigo. Avança helicoidalmente... Ou, a três dimensões de espaço e tempo, às vezes recua dois passos para avançar um!
trepaseira - Alguns (muitos), para acordarem, têm de ser abanados. E são indispensáveis!
Jorge - Temos de combinar onde nos enontrar. Eu levo os tremoços.
Um beijo (aqui ao pé) e três abraços
E vai encher!!! Mas a luta continuará!!!!
Um beijo.
Tremoços???! E isso é seguro? :-)))
à História não se repete mas os objetivos geo-estratégicos são os mesmos e os meios para atingir os fins é que mudam... de resto, apenas recorri a imagens para melhor poder comparar, como é o caso da Linha Maginot! A própria revolução francesa substituiu o poder absoluto e hereditário do rei pelo poder absoluto e hereditário do imperador!
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