Crónica de fim-de-semana

Laparomania

que não chega a coelhofobia

Temos um gato. É conhecidíssimo no nosso meio, amigo e internético. Amoroso e predador. Ternurento e de arrogante personalidade. Esquivo mas fotófilo. E fotogénico, como parece saber e tem sido visto.

Tem-nos oferecido, à sua família que somos nós, ratos e pássaros (ou as entranhas e as penas, que o resto lhe serve de complemento de refeição…). De uns, terá acabado com a raça (pelos arredores), os outros voaram para longe, ou longe voam porque há gato na costa.

Recentemente, em rotação de stock, apareceu-nos com uma nova espécie naturalmente cinegética. A dos coelhos. De há um ano para cá, o que será coincidência… É verdade que ele é gato, mas acompanha-nos aos serões, “ouvê” televisão e ouve os nossos comentários.

E… vai daí, de vez em quando, aparece-nos com um coelhito entre os dentes. O seu instinto predador fica-se por brincar com os pobres bichos (e tão mimosos… estes!) mas não os mata deliberadamente e muito menos os come (é muito pêlo!) quando a brincadeira vai tão longe que a fera que ele é fere de morte.

Ontem, aqui por casa, já em horas de sossego, foi um desassossego. D. Mounti – é o nome do nosso gato – apareceu-nos com um amoroso coelhinho (este!), e mobililizámo-nos (ela meio a dormir mas muito eficaz) para salvar mais um ser vivo, mais um a somar os salvamentos que douram os nossos curricula.

Apesar da resistência do gato (que sete fôlegos tem), conseguimos. O coelhito lá foi à vida. Vivo e com pequenas mazelas.

O Mounti não se mostrou chateado. Era só para brincar e não perder o treino e nós adormecemos, cansados mas de consciência tranquila.

Só que esta manhã, o Mounti nos reapareceu com o mesmo coelhito (temos de lhe dar um nome… talvez Pedro… talvez Passos) nos dentes e repetiu-se a cena. Embora a horas despertas e não de espertina.