Viagem através
de uma tipografia clandestina
Gritar Liberdade!, é fácil
quando existe liberdade.
É fácil defender a liberdade de expressão
num off-set sofisticado
com ar condicionado, telex, telefones,
salário, hora para almoço, avales bancários,
protecção de leis e do governo
amplas janelas para o Sol, quebrado
por estores de alumínio, docemente.
Assim
ser pela liberdade de expressão
é cómodo e é fácil.
Mas do que eu estou a falar é doutra coisa.
Se entendeste, o poema está cumprido.
Se não, o poema espera
com a paciência tradicional de todos os poemas.
Mário Castrim,
Viagens
(«Esta edição de poemas de Mário Castrim
é uma iniciativa dos militantes do PCP
da Célula dos Trabalhadores Gráficos
da Renascença Gráfica/"Diário de Lisboa",
para a Festa do Avante!/77.
Na sua execução colaboraram, amigavelmente,
trabalhadores em partido
simpatizantes do PCP.»
- Na capa: Pormenor de um dos
desenhos da prisão,
de Álvaro Cunhal)
5 comentários:
Para mim o poema está cumprido.
De facto, é mais fácil gritar liberdade quando há liberdade de expressão.
Gostava de comprar este livro. Deve ir para a banca da Soeiro, não achas?
Campaniça
Bom relembrar Castrim.
Abracinho, Sérgio.
Ana
No tempo das magníficas crónicas do Castrim não era nada fácil.
Um abraço,
mário
Mesmo assim... só é fácil para esses poucos.
Abraço.
Um abraço saudoso para o também eterno Mário Castrim, que soube erguer-se acima das opressões.
O poema, hoje, também se aplica.
Um beijo.
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