Lá vou eu...
terça-feira, setembro 30, 2014
segunda-feira, setembro 29, 2014
Com o povo...
Intervenção na sessão pública A dívida, o euro e os interesses nacionais (transcrita a pedido de alguns camaradas)
Em 1974, não posso precisar em que mês – o que para nós
portugueses, teria significado… – uma jovem jornalista nascida nos Estados
Unidos escreveu um livro que, só pelo título, tem, hoje, em Portugal, a maior
actualidade: The Dept Trap, traduzido, anos mais tarde, em edição
portuguesa, por A Armadilha da Dívida Externa – o Fundo Monetário
Internacional e o Desenvolvimento da Dependência, quando já sobre nós
pairava a abrupta e abutre “ajuda” do
tal FMI para, com as suas armadilhas, e acolitado pela então Comunidade
Europeia, nos encarreirar fazendo-nos regressar ao carreirinho de que Abril nos
desencaminhara.
Era intenção da autora, Cheryl Payer, colocar em livro os
esforços feitos pelos Estados dos países ditos em desenvolvimento
(muitos deles recém independentes… politicamente), esforços para esses países e
povos conseguirem algum controlo e soberania sobre as suas economias, e era
também, ao mesmo tempo, uma denúncia e um alerta sobre qual o papel do FMI no
sentido de contrariar ou até de anular esses esforços.
Muita outra literatura há sobre o tema e suas variantes, mas
este livro, quase só pelo título e pelas datas referidas, parece ser à nossa
medida. De então, e de hoje.
Na apresentação da edição portuguesa podem ler-se, quatro
vectores que resumem o livro já em outras oportunidades revisitado:
«Em primeiro lugar, a filosofia subjacente aos “pacotes” de
medidas económicas. É importante perceber que essas receitas não resultam de
qualquer malvadez intrínseca dos funcionários do FMI (ou de erros técnicos seus), mas sim da lógica inerente ao
funcionamento do sistema capitalista mundial. Se os pacotes tendem em geral a
agravar o desemprego, reduzir níveis de vida, acentuar a dependência externa,
mas a beneficiar multinacionais (diria grupos financeiros transnacionais…) e
a ajudar ou prenunciar regimes militares de direita, tais consequências
traduzem apenas as exigências de certo tipo de economia que, organizada a nível
mundial, assegura o desenvolvimento duns a expensas do subdesenvolvimento
doutros, isto tanto à escala internacional como intranacional.
«Em segundo lugar, convém perceber em concreto como o
funcionamento do FMI está intimamente ligado à política externa dos EUA, e a
pretensa neutralidade e
respeitabilidade competente não passam de
grosseiros disfarces para enganar ingénuos ou tranquilizar os cúmplices. A este
respeito, repare-se no que diz a autora sobre as quintas-colunas locais, também
compostas por aplicados rapazes (e raparigas, digo eu…) que estudaram
economia em certas Universidades americanas ou, pelo menos, nos livros e
autores que elas usam.
«Em terceiro lugar, registe-se a capacidade do FMI para a
adequação do “receituário” à maior ou menor resistência do “paciente”. Onde se
dispõe ainda de alternativas, de vontade política nacional suficientemente
coesa e firme, o modelo padrão de política económica recomendada pelo FMI é adoptado,
e cedências mais ou menos substanciais são ainda possíveis, Ao invés,
tratamentos duros e inflexíveis são aplicados aos casos onde os governos
perderam, também em sentido literal, toda e qualquer moeda de troca, ou pelo
menos, a vontade de usá-la.
«Finalmente, o leitor poderá interrogar-se sobre
alternativas…»
A estas se voltará mais adiante.
E como tal se fará fora deste livro, ainda se deixa a “moral da
história” com que ele termina:
“A moral deste trabalho é simples e antiquada: que as nações,
como os indivíduos, não podem gastar mais do que ganham sem contrair dívidas, e
uma dívida pesada obstrui o caminho à acção autónoma (teria traduzido por soberana). Isto é verdade, sobretudo
quando o credor é também o cliente, o fornecedor e o patrão.”
Na década em que o livro foi publicado e traduzido aconteceram,
na cena internacional, muitas e importantes coisas que, de certo modo,
determinaram o que estamos vivendo.
Para nós, e antes de tudo, claro!, aconteceu o 25 de Abril de
1974. Mas, já antes, a chamada Europa a 6 (ou os 6 da CECA) tinha
tentado e falhado o aprofundamento, com a moeda única – projectada como objectivo
para 1980 – e o sr. Nixon decidira unilateralmente a inconvertibilidade do
dólar, da moeda considerada comum desde Bretton-Woods, tudo convergindo para a
criação, pela CEE – já a 9 –do ECU, esse cabaz de moedas, unidade de conta e peça
de um Sistema Monetário Europeu, com um Mecanismo de Taxas de Câmbio e um Fundo
Monetário Europeu.
Não se pode esquecer o que já houve, e de onde se partiu para o
que somos.
Como outra nota que me parece de referir, é de 1975 a adopção
para a integração capitalista europeia de uma estratégia (relatório Tindemans),
que se baseava num núcleo super-integrado e numa periferia a ter
de ser criada, numa orla em que se incluiriam as duas peças então isoladas do
sul da Itália e da Irlanda.
(Não sei bem porquê… tenho esta tendência para falar de coisas
passadas e vividas… ou sei!)
Sublinharia que se o livro de Payer trata da armadilha armada
contra países e povos em busca de se libertarem da dependência
pós-colonial, é a mesma armadilha, e são os mesmos fautores que criam situações
de dependência quase ou pré coloniais.
Mas, tal como a vida, tudo é igual e tudo é também diferente.
Desde 1971 que teria deixado de haver um sistema monetário mundial, como foi criado
em Bretton-Woods, e, pela sua inconvertibilidade, as moedas bem como o crédito,
tomaram os freios nos dentes para uma cavalgada infrene, possibilitada pela
livre (ou libertina!...) circulação de capitais na forma-dinheiro (material ou
não). E se não há sistema monetário mundial, há um sistema bancário-creditício
transnacional que funciona impunemente acima de todas as leis e regras que ele próprio
aceita, propõe ou impõe… aos outros.
A financeirização da economia poderia chamar-se o
desfinanciamento da produção por a acumulação do capital-dinheiro se fazer por
via de D-D’ mais do que pela metamorfose D-M-…P…-M’-D’, por esta circulação
apenas se fazer em condições em que a criação de mais-valia só é possível com
cada vez menos suportáveis taxas de exploração dos trabalhadores.
Neste contributo para esta sessão, queria deixar apenas uns
dados e umas notas em que tenho reflectido a partir de episódios vividos em
tarefa.
Daqui que, mais uma vez e de outra maneira, queira sublinhar o
que já teria ficado entendido do que disse, e do que já foi dito e se vai dizer
melhor que eu: que a dívida, qualquer dívida, tem a sua origem no déficit do
que se produz em relação ao que se consome. Em termos monetários, do que se
recebe (ou tem para receber) do que se paga (ou tem de se pagar). O primeiro
caso, trata-se em contabilidade como registo de variações patrimoniais; no
segundo está no campo das contaHabilidades.
E se se ataca o défice pela via da redução do que se consome ou
gasta, isso obrigaria a reduzir os consumos ou gastos supérfluos, a começar
pelos escandalosos, e nunca os indispensáveis a um viver digno das populações
nestes tempos que vivemos.
Mas esse ataque deve sobretudo privilegiar o aumento do que
se produz, usando os recursos naturais e/ou adquiridos, as localizações, as
capacidades de criar… a riqueza nas nações.
E aqui coloca-se a questão clássica da divisão internacional do
trabalho (DIT) no aproveitamento dos recursos.
Pois na divisão “europeia” de trabalho (e coloquei aspas a orlar
a palavra europeia…), nos Estados que foram formando a orla periférica deste
centro foi sendo preterida, condicionadamente segundo o peso no conjunto, a
correlação de forças sociais e a resistência, foi sendo preterida ou até
abandonada a capacidade de aproveitamento dos recursos, as vantagens
comparativas nacionais, como a do mar nosso, ou que nosso foi, a das
terras em pousio
Dessa estratégia, não explícita mas insidiosamente posta em
prática com a cumplicidade das “quinta-colunas locais”, teria de
resultar o endividamento externo desses Estados-membros. Como armadilha numa
luta de classes sem tréguas ou hiatos.
E é necessário, ao falar de dívida externa, ter presente que ela
não é uma mas, sim, uma soma cujas parcelas são a dívida pública e a dívida
privada, com as sub-parcelas empresas e famílias. E julga-se necessário fazê-lo
pois há a tendência, que não tem raízes inócuas ou aéreas, para se falar de
dívida como se ela fosse apenas a dívida pública.
As situações variam consoante os Estados, as contabilidades e as
contaHabilidades. Públicas, e publicadas, e manipuladas. Que, não obstante,
importa conhecer e dilucidar.
Numa página da internet, é-nos facultada, a evolução da dívida
ao segundo. Acompanhamo-la – não ao segundo – e dela retiramos que a dívida
externa da Irlanda ultrapassa, há muito, 1000 por cento do PIB, enquanto a sua
dívida pública, apesar de ter absorvido alguma dessa dívida externa, tem
diminuído. Nos últimos dois anos e meio, a Irlanda passou de segundo Estado com
maior dívida pública dos 5 alvo de maior atenção (os PIIGS) para 5º, baixando,
nas duas parcelas, mais de 10%. Em contrapartida, Portugal é o segundo em
acréscimo de dívida externa (depois da Grécia) e é o segundo em acréscimo de
dívida pública (depois da Espanha) no mesmo período, acréscimo que o torna o de
mais elevada percentagem de dívida pública entre esses 5 Estados-membros.
Não será essa a leitura contabilística do Eurostat, que usa
conceito de dívida pública definido e retirado de Maastrich, e mantém Portugal,
nos últimos dados publicados (do 1º trimestre de 2014), no nada honroso 3º
lugar de todos os 38 Estados-membros (mais a Noruega), com um acréscimo de
dívida pública que é de 24% desde o 2º trimestre de 2011 (só ultrapassado pela
Espanha). Aliás, o caso da Espanha merece referência pois, nestes 3 anos, teria
subido 44% a sua dívida pública, apenas ultrapassada por Chipre, forte
candidato a PIIGS, sendo parte da periferia e tendo tido forte resistência a
esta armadilha, em que só recentemente caiu.
Estes dois casos merecem destaque, pois a Espanha passa de 12º a
7º e Chipre de 13º a 5º, com a agravante de ter tido um salto brusco pois no 1º
trimestre de 2013 dívida pública de Chipre era estimada em 87,6% do PIB e já
ultrapassa os 100% desde o 3º trimestre desse ano.
Aliás, o grupo dos Estados-membros com dívida pública superior a
100% do PIB merece destaque: eram 3 no 1º trimestre de 2011 e são 6, ou já 7 em
2014:
À Grécia, Itália e Portugal vieram juntar-se Irlanda, Chipre e
Bélgica, com Espanha “à porta” com 97% no 1º trimestre.
Perguntar-se-á: e que tem o Euro a ver com isso?
Poderia responder-se com estas mesmas tabelas do Eurostat:
enquanto no conjunto doa 28 Estados-membros a dívida pública subiu, entre 2011
e 2014, de 81,2% do PIB para 88%, isto é, 8%, enquanto na área do Eurogrupo
(que está incluído na U.E.) atingiu 96,4% do PIB e subiu, desde 2011, 9%.
Mas trata-se, apenas de um sinal, com todas as cautelas e
reservas que as estatísticas merecem.
O que vos posso transmitir como vivido vem de ter feito parte da
comissão monetária do Parlamento Europeu, que acompanhou a criação da moeda
única, primeiro projectada para 1995, com algumas pretensões a fundamentar
técnica e teoricamente essa criação através do Mecanismo das Taxas de Câmbio
com faixas de flutuação em que as moedas candidatas serpenteavam,
estreitando-se num túnel até à flutuação zero numa zona monetária óptima ou
fazendo por isso. Falhou. Porque, em vez de estreitar esmagando a serpente,
esta, as taxas de flutuação, rebentou o chão e o tecto do túnel.
Em vez de acontecer o que acontecera 25 anos antes, ou seja, a
constatação de que não havia condições, o Conselho Europeu de Madrid (de
Dezembro de 1995) decidiu o adiamento por dois anos e forçar essa criação.
Dessa cimeira saiu o 1º ministro português (Guterres) com a bíblica declaração
de que “nasceu o euro e sobre ele se edificará a Europa!”.
O que me pareceu evidente foi que o euro iria ser criado
custasse o que custasse, como moeda de um grupo de países, e seriam incómodos
os que forçassem a sua entrada (à custa de sacrifícios dos seus povos) e teriam
de pagar muito caro essa pretensão. No caso de Portugal, com uma dupla
valorização: i) directamente, do escudo para se apagar no euro, ii) indirectamente,
do euro em relação ao dólar. Em termos monetários, a competitividade da nossa
produção sofreu brutal golpe, a juntar ao papel que nos estava reservado na
divisão “europeia” de trabalho. E tornou-se um dos dentes mais aguçados da
armadilha da dívida!
Continuando a década anterior de ilusão e de criação de
condições, os anos deste século foram desastrosos economicamente. Há que pôr
fim ao desastre!
Como? É a pergunta mais próxima
da que fazer?
Há 20 anos que estou convicto que, estrategicamente, seriamos
incómodos na moeda única mas que, uma vez estando nela, essa presença foi
aproveitada como peça da armadilha encarregada de nos corrigir de descaminho a
que nos levara o 25 de Abril.
É muito importante, para o povo português, não estar na moeda
única mas sair dela pode ser perverso se, tal como na entrada, a correlação de
forças sociais possibilitar (ou não impedir) que essa saída seja aproveitada
para mais destruir Abrl e as suas conquistas e abertura para o futuro.
O imobilismo não pode ser a nossa atitude. E não tem sido, nem
será! A exigência de renegociação da dívida e a mobilização das massas para
espaldar essa exigência tem-no demonstrado. Vejo todas as iniciativas com esse
sentido como necessárias, indispensáveis e… insuficientes. Mas é a força que
temos.
Juntaria, ainda, duas últimas observações.
Uma, de fundo. Só esse esclarecimento e mobilização das massas,
com a enfase na valorização da produção, poderá enfrentar e anular o que chamei
perversidades em medidas inevitáveis e políticas servindo interesses nacionais E
relembro e reforço as campanhas do PCP pela produção. Pôr Portugal a produzir!
Outra,
talvez terminológica (e para terminar) Faz-se alguma confusão com os verbos
renegociar e reestruturar. Há que renegociar a dívida pública, e há que reestruturar
a dívida externa, quer numa quer noutra acção (verbalizar é agir) há que ter
em particular atenção o controlo da circulação de capitais sob a forma de
dinheiro, e desmistificar fórmulas falaciosas de capitalismo controlador,
putativo sucessor de um capitalismo regulador cuja evolução recente tem
episódios que são reveladores do seu sempre visto por nós como de inevitável
fracasso. Sendo uma consensualidade que não se pode pagar uma dívida com uma
política que a faz crescer – o último número é de 11% de aumento dos juros da
dívida pública –, só uma política patriótica e de esquerda conseguirá
renegociar e reestruturar, com complexas, exigentes, rigorosas traduções
técnicas escoradas na nossa base teórica, num quadro geral em que são possíveis
e necessárias solidariedades entre povos que é vital tornar protagonistas da
política.
Porque
Juros da dívida de Portugal a subir em todos os prazos
Os juros da dívida de Portugal estavam hoje a subir em todos os prazos em relação a sexta-feira, alinhados com os da Grécia, Irlanda, Itália e Espanha.
Porque...
não quero perder este "espaço de antena",
sobretudo porque não quero perder
este tempo de contacto convosco!
quinta-feira, setembro 25, 2014
505 euros de salário mínimo... mas COM TROCO!
aqui a(POST)ADO:
TERÇA-FEIRA, SETEMBRO 16, 2014
Vai uma apostinha?
Tenho mesmo azar ao jogo!
Ou não jogo ou não jogam (apostam) comigo
... também dizem que só aposto pela certa!
---------------------
Fechado acordo
para subir
o salário mínimo
CRISTINA OLIVEIRA DA SILVA
Está selado o acordo: o salário mínimo vai aumentar para 505 euros e os descontos das empresas para a Segurança Social vão descer 0,75 pontos percentuais.
O acordo será formalizado hoje em concertação social, numa reunião agendada para as 18h30 que contará com a presença do Primeiro-Ministro, apurou o Económico.
Em troca do aumento do salário mínimo para 505 euros, os descontos das empresas para a Segurança Social vão descer em 0,75 pontos percentuais.
No entanto, esta redução apenas deverá abranger os trabalhadores que recebem a remuneração mínima (485 euros) e que obrigatoriamente serão aumentados para 505 euros quando o novo montante estiver em vigor, apurou o Diário Económico.
A subida para 505 euros, com efeitos a Outubro, era reivindicada pela UGT, mas os patrões inicialmente só estavam dispostos a ir até 500 euros. Já a CGTP queria aumentos mais significativos.
quarta-feira, setembro 24, 2014
Dias de agora - a mediocre idade
23.09.2014
(...)
Mais uma pequena nota sobre o que ouvi,
ontem, no Prós e Contras:
se tivesse dúvidas sobre o que se está a
passar no Ministério da Justiça, tinha ficado totalmente esclarecido.
&-----&-----&
O que se está a passar neste ministério,
bem como no da Educação é… indesculpável seja por quem for, pense o que pensar.
&-----&-----&
Sendo os objectivos o que são, e se
escondem detrás do que se afirma objectivos serem, a mediocridade e a
incompetência estão a desmascara-los e, criminosamente, a “sair-nos do pêlo”.
&-----&-----&
Nem falo em dinheiro…porque não tem preço o que estão a destruir.
&-----&-----&
E lembro-me de, quando Passos Coelho
chegou ao lugar que ocupa, ter sublinhado o lado medíocre, rasca, do fulano.
&-----&-----&
Neste curto intervalo de tempo, de poucos anos e tantas mudanças, tem sido
dolorosa a confirmação.
&-----&-----&
É que, ele e alguns muitos da sua equipa,
agridem a inteligência mediana e a cultura básica.
(...)
segunda-feira, setembro 22, 2014
domingo, setembro 21, 2014
Para este domingo
¡Ay qué trabajo me cuesta
quererte como te quiero! Por tu amor me duele el aire,
el corazón
y el sombrero.
¿Quién me compraría a mí
este cintillo que tengo
y esta tristeza de hilo
blanco, para hacer pañuelos?
¡Ay qué trabajo me cuesta
quererte como te quiero!
Por el arco de Elvira
quiero verte pasar
Para saber tu nombre
y ponerme a llorar.
¿Qué luna gris de las nueve
te desangró la mejilla?
¿Quién recoge tu semilla
de llamarada en la nieve?
¿Qué alfiler de cactus breve
asesina tu cristal?
Por el arco de Elvira
voy a verte pasar
para beber tus ojos
y ponerme a llorar.
¡Qué voz para mi castigo
levantas por el mercado!
¡Qué clavel enajenado
en los montones de trigo!
¡Qué lejos estoy contigo!
¡qué cerca cuando te vas!
Por el arco de Elvira
voy a verte pasar
para sufrir tus muslos
y ponerme a llorar.
quiero verte pasar
Para saber tu nombre
y ponerme a llorar.
¿Qué luna gris de las nueve
te desangró la mejilla?
¿Quién recoge tu semilla
de llamarada en la nieve?
¿Qué alfiler de cactus breve
asesina tu cristal?
Por el arco de Elvira
voy a verte pasar
para beber tus ojos
y ponerme a llorar.
¡Qué voz para mi castigo
levantas por el mercado!
¡Qué clavel enajenado
en los montones de trigo!
¡Qué lejos estoy contigo!
¡qué cerca cuando te vas!
Por el arco de Elvira
voy a verte pasar
para sufrir tus muslos
y ponerme a llorar.
Tengo miedo a perder la maravilla
de tus ojos de estatua y el acento
que de noche me pone en la mejilla
la solitaria rosa de tu aliento.
Tengo pena de ser en esta orilla
tronco sin ramas; y lo que más siento
es no tener la flor, pulpa o arcilla,
para el gusano de mi sufrimiento.
Si tú eres el tesoro oculto mío,
si eres mi cruz y mi dolor mojado,
si soy el perro de tu señorío,
no me dejes perder lo que he ganado
y decora las aguas de tu río
con hojas de mi otoño enajenado.
de tus ojos de estatua y el acento
que de noche me pone en la mejilla
la solitaria rosa de tu aliento.
Tengo pena de ser en esta orilla
tronco sin ramas; y lo que más siento
es no tener la flor, pulpa o arcilla,
para el gusano de mi sufrimiento.
Si tú eres el tesoro oculto mío,
si eres mi cruz y mi dolor mojado,
si soy el perro de tu señorío,
no me dejes perder lo que he ganado
y decora las aguas de tu río
con hojas de mi otoño enajenado.
muito grato pela prenda que me deram
da publicação e cd editados
pelo Sector Intelectual do Porto
do PCP.
deles se falará aqui
sexta-feira, setembro 19, 2014
citações
final de artigo de opinião de Aurora Teixeira no Expresso-diário on-line, de hoje
«(...)
Pode parecer despropositado, mas estas sucessões de eventos e as desculpas apresentadas por parte dos nossos ministros relembrarem-me a definição de 'hipócritas' de Abraham Lincoln: "indivíduos que depois de matarem os pais imploram por misericórdia alegando que são órfãos".»
A mim
não me parece nada despropositado
por isso:
cito!
CONVERSA UM
Cena 1 – há um quarto de século
O “político”-
O banco que foi da tua família vai ser desnacionalizado… gostaria de to
devolver!
O “banqueiro”
- Quanto terei de pagar ao Estado para o poder controlar?
O “político”-
Aí com uns 10 cifrões poderás ser dono disto tudo, que vale aí 100 cifrões…
O “banqueiro”-
Mas eu não tenho essa massa disponível. 10, dizes tu?
O “político” - Eu
arranjo quem tos emprestes, um banco francês que é mon ami…
Cena 2 – intermédia
O “político”-
Andas metido em grandes negócios…
O “banqueiro”-
Nem imaginas! É um ver se me avio pelo mundo todo, e com ajuda das Telecom unicações..
O “político”-
Boa… mas não te esqueceste de pagar ao banco mon ami, de que te dei a dica e a
cunha…
O “banqueiro”-
Claro que não! Andamos numa boa! É só colaboração…
O “político”-
Vê lá, não exageres. Sei de umas coisas que todos sabem e fingem não saber, que olha que são arriscadas…
O “banqueiro”-
Não te preocupes! Tudo controlado sob a capa do capitalismo regulado… os
reguladores funcionam não funcionando.
O “político”-
Vê lá…
Cena 3 – actual
O “político”-
E agora?
O “banqueiro”-
É uma chatice… mas hei-de dar a volta por cima.
O “político”-
Mas… e o teu banco?
O “banqueiro”-
Olha, o Governo está a ver se o vende. As coisas estão a arranjar-se para ir
ser comprado por 5 por quem me emprestou os 10 para eu ficar dono de 100 e,
depois, de milhões… está descansado, cá por mim hei-de safar-me…
(voz off) – Olhe que talvez não, olhe que
talvez não. Tantas vezes vai o cântaro à fonte…
saída pela
esquerda… baixa?
Esclarecedor!
- Edição Nº2129 - 18-9-2014
Soares ao telefone
O caso não é para menos e já vamos perdendo a conta às inúmeras notícias, reportagens, comentários e outras peças que sobre o caso BES/GES têm vindo à estampa. Uma informação abundante que vai circulando nos diferentes órgãos de comunicação, mais em jeito de novela policial do que de apuramento real dos factos e responsabilidades políticas e económicas inerentes ao colapso do império Espírito Santo. Estratégia ou não dos poderes dominantes, o facto é que na enxurrada da informação que vai estando disponível muitos vão perdendo o fio à meada por entre a complexa teia de labirínticas relações entre grupos económicos e poder político, ou perante a sucessão de episódios, como a recente demissão dos administradores do chamado Novo Banco, entre eles o conselheiro de Estado, escolhido por Cavaco, chamado Vítor Bento.
Surgem no entanto pequenas «pérolas» que lançam alguma luz sobre a forma em como este polvo foi ganhando (e está a ganhar, não nos iludamos!) força e poder na sociedade portuguesa, na inversa medida, claro está, do agravamento da exploração e pobreza do nosso povo.
Vem isto a propósito de uma reportagem exibida pela RTP1 no programa linha da frente que faz uma espécie de reconstituição da vida e percurso do banqueiro Ricardo Salgado e onde, lá para o minuto 5 da referida reportagem, nos aparece a figura de Mário Soares a explicar – por vaidade ou distracção – o seguinte: estávamos no início da década de 90 quando o próprio telefonou a Ricardo Salgado dizendo-lhe que estavam a «desnacionalizar» a economia e se ele não queria ficar com o «seu banco», ao que Ricardo Salgado lhe terá respondido que sim, mas que, pobre coitado, não tinha dinheiro, coisa que Soares se prontificou a resolver com um simples telefonema ao «mon ami Miterrand» que por via de um banco francês (BNP Paribas) lhe disponibilizou a massa.
Não sei quantos mais telefonemas fez Mário Soares nessa como em outras alturas para dar a mão a um punhado de capitalistas que anos antes eram o suporte do regime fascista. Mas o que é certo e seguro é que sem a intervenção activa do PS, mas também do PSD e CDS, não teria sido possível assistirmos ao criminoso percurso de privatizações de empresas estratégicas para o País e à reconstituição dos grupos monopolistas que a Revolução de Abril, por razões que são cada vez mais evidentes, justamente liquidou.
Vasco Cardoso
quinta-feira, setembro 18, 2014
Desculpas de maus pagadores
De sapo (e a ter de os engolir!):Colocação de professores: Crato reconhece erro, pede «desculpa ao país» e manda refazer listas (Expresso)
Professores já contratados pelas bolsas de contratação de escola não perdem o lugar. Entre mil a dois mil docentes poderão ser agora repescados.
Notícias Relacionadas
- article Manifestantes gritam por demissão de Crato nas galerias do Parlamento (DD)
- article Crato é o segundo ministro a pedir desculpa ao país em 24 horas(Económico)
Que devem fazer os responsáveis políticos
quando se vêem obrigados a pedir desculpa
pelos erros e "transtornos"?!
Enquanto se vota na Escócia
... ler esta informação no sapo-Rádio Renascença ajuda a entender a importância deste voto dos escoceses ( e só os que lá vivem) mais os não-escoceses que lá vivem:
O que vai a UE fazer
se a Escócia quiser a
independência?
Foto:
Andy Rain/EPA
Bombardeados com perguntas, os
responsáveis europeus mostram cautela (muita cautela): a questão tem um enorme
potencial de contágio, cujo alcance ninguém é capaz de prever.
17-09-2014 20:24 por Daniel Rosário, em Bruxelas
Caso a Escócia se torne independente, deixará automaticamente de fazer parte da União Europeia e, caso assim o entenda, terá que voltar a solicitar a adesão. Esta era até há bem pouco tempo a posição oficial da Comissão Europeia. Era, mas já não é.
Não
porque tenha deixado verdadeiramente de o ser, mas porque, à medida que avança
a contagem decrescente para o referendo de quinta-feira, a ordem em Bruxelas é
para evitar todo e qualquer tipo de comentário. Mesmo o mais factual e
aparentemente inofensivo, para evitar qualquer derrapagem ou, pior ainda,
acusação de envolvimento na escolha dos escoceses.
A
cautela europeia em relação a este assunto decorre da sua delicadeza, mas não
só. Esta é uma questão com um enorme potencial de contágio, cujo alcance
ninguém é capaz de prever ao certo.
Por
um lado, em relação ao destino da própria Escócia e a sua relação com a União.
Por outro, em relação à situação de vários territórios de vários países
europeus onde o separatismo ganha cada vez mais adeptos. Na vizinha Espanha,
com a Catalunha. Mas também na Bélgica, com a Flandres. E há mais exemplos.
Numa
altura em que a situação na Ucrânia já obrigou a redesenhar os mapas da Europa,
com a anexação da Crimeia pela Rússia, as causas separatistas não entusiasmam
Bruxelas.
Uma lição via Europa?...
A
Comissão começou a ser bombardeada com perguntas há cerca de dois anos devido à
situação na Escócia e na Catalunha e rapidamente estabeleceu a tese de que se
parte de um território de um Estado-membro deixar de fazer parte desse mesmo
Estado, o território em causa deixa de fazer parte da União.
No
entanto, em Fevereiro deste ano, Durão Barroso foi muito mais longe. Numa
entrevista à BBC, afirmou que caso uma Escócia independente queira voltar a
integrar a União, será “extremamente difícil (…), se não impossível”, obter o
apoio de todos os outros Estados-membros.
Qualquer
adesão tem que ser aprovada por unanimidade e ninguém garante que o Reino
Unido, mas também outros países, como Espanha, percam essa oportunidade para
dar uma lição aos seus próprios movimentos secessionistas. O aviso de Barroso
foi factual, mas soou a ameaça.
… ou o bom velho pragmatismo?
No
entanto, esta é a retórica pré-referendo e ninguém se atreve a ser demasiado
taxativo em relação ao que acontecerá caso o “sim” à independência leve a
melhor. O mais provável é que, depois de alguma confusão inicial, acabe por
prevalecer o pragmatismo.
A
verdade é que, embora não haja nenhum precedente idêntico, não faltam exemplos
de soluções criativas para casos que mexeram com as fronteiras de países da
União.
Basta
pensar no processo da reunificação alemã, na saída da Gronelândia da então
Comunidade Europeia e na ilha de Chipre, um Estado-membro com parte do seu
território ocupada por um país terceiro.
Dez-a-fio
17.09.2014
(...)
Entretanto, ontem à noite, respondi a um
des-a-fio.
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Ainda não o mandei e não sei se mandarei…
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Mas fica aqui a resposta:
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Dez-a-fio
Não
costumo responder a desafios deste tipo. Os 10 mais isto ou mais aquilo
(livros, filmes, canções). Temos tantas solicitações e tão variadas que
dez-a-fios não me tentam. O facto é que, desta vez, me puseram a pensar quais
os 10 livros (de ficção ou quase…) que mais me teriam influenciado, e desa…tei
a fazer uma lista.
Não
sei se sairão dez, nem estou certo que terão sido os que mais me influenciaram
(no sentido de ter ficado diferente ou mais o mesmo depois de os ter lido). Mas
que muito me influenciaram é tão evidente que, ao soltar a memória, esta os
trouxe para a lista.
Começo
cronologicamente, e cronologicamente procurarei continuar:
i)
livros
de Júlio Diniz (porque
despertaram, ou acirraram, o gosto de ler, e de conhecer o País de que sou… e
que não era, nem é, bem aquele…)
ii)
As
vinhas da ira, de J. Steinbeck (pelo que me deram, em ficção, a
lição – de vida, de economia – que muitos tratados não tratam ou escamoteiam)
iii)
A
mãe,
de M. Gorki (pelas
mesmas razões)
iv)
Os subterrâneos da liberdade, do Jorge
Amado (os três
volumes comprados, em 1958, em Luanda, e aí começados a “devorar” – eram em Santos, três soldados, baioneta
calada…)
v)
Djamilia,
de T. Aitmantov, e Serioja, de Vera Panova (porque companheiros inestimáveis
de tempos de muita leitura e reconstrução, no Aljube e em Caxias)
vi)
Levantado do chão, de José Saramago (pela revelação de um enorme
escritor, que era um amigo, a contar-nos a revolução e a reforma agrária)
vii)
O
ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago (porque me relata, ao vivo, o que
foi o meu primeiro ano de vida, 1936)
viii)
E
do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto, de Rubem Fonseca
(quase só pelo
título, que se me agarrou…)
ix)
Dias comuns, de
José Gomes Ferreira (diários que estimulam e ensinam – o que não quer dizer que
eu tenha aprendido – a contar a História por cada um vivida)
x)
Embora
muito recentes, ainda a tempo (sempre é!) de me influenciar:
a. Leite derramado, de F. Buarque de Holanda (pela surpreendente compreensão da
velhice)
b. O animal moribundo e O Fantasma sai de cena, de Philip Roth (pelas mesmas
razões, embora sem surpresa…, e pelo enorme escritor que é)
c. Chagrin d’école, de Daniel Pénnac (por, como todos os livros deste autor, ser o que e como eu
gostaria de saber escrever)
d. Nós, de Helder Macedo (porque, sendo um snsaio, me ter feito redescobrir Cesário
Verde e nele me fixar – Se eu não morresse nunca/E eternamente buscasse e
conseguisse a perfeição das cousas…)
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Foi o que saiu!
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Se fosse hoje, 18, teria saído outra lista...
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