Ontem, nas instâncias ditas europeias, ter-se-á confirmado, mais uma vez, por que carris e
descarrila-mentes (via comunicação "social") anda a informação ao
povinho.
Depois da insistência num Plano Marshall pintado com as cores róseas de um passado fictício
de solidariedade que nunca existiu, aí está a descarrilada informação para
convencer mentes massacradas com informação descarrilada, cintilando
com milagres e luzes ao fundo de túneis que não têm saída, a adiar para nunca
mais o que se publicita que será qualquer dia.
Vivemos num jogo de enganos,
fazendo de todos nós ou ignorantes ou parvos. Mas, no entanto, respeitáveis
cidadãos porque de nós se espera o voto... ou a abstenção que querem dizer “continuem
a dar o poder (político e servil) aqueles que servem o poder financeiro
instalado”. Depois, logo se verá (e a médio prazo todos estaremos mortos,
se não for antes…).
O que está a servir de palavra-passe neste jogo é austeridade. Porque teve grande peso, por aquilo que, em passado recente, a identificou, e a que
se diz, afirma, jura, não querer voltar, enquanto se seguem os passos que
levaram a esse passado e… à austeridade!
Tudo parte do pressuposto indiscutível,
inabalável, de que se chegou ao fim da História (enquanto há História ou quem a
conte!), no que respeita às relações sociais.
Tempo de espantalhos que se
acenam como fantasmas que se pretende remover da fresca memória e que, sorrateiramente,
se vão alindando, assim se evitando que haja oportunas críticas e recusa. Assim
a modos de "estejam descansados, nem pensar em repetir o
que foi tão mau", e
se anula ou retarda o protesto, reacção, revolta, revolução, por se
estarem a repetir os passos que replantarão os fantasmagóricos espantalhos
que dão pelo nome de austeridade.
Um exemplo, para acabar. Num
dia, lê-se em editorial de jornal de referência uma sensata e informativa
posição sobre a encenação das
celebrações do 25 de Abril na actividade normal e ininterrompida da Assembleia
da República, nas condições de anormalidade em que estamos. Congratulámo-nos.
No dia seguinte, o mesmo director-fundista escreve
sobre O regresso da palavra maldita (não diz a palavra no título e mais
maldita a torna pelo que escreve) e, a meio do que escreve, arruma como devaneios do que/de quem questiona a infinitude do dinheiro, que ele aceita como
inevitabilidade intangível, e como devaneios
arquiva o que/quem fala da indizível perversidade do
capital, para ele definitiva.
E nós? os tolinhos que devaneamos sobre a
infinitude do dinheiro que se tornou imaterial por humana decisão desumana e
serve de armadilha à matéria que somos, e temos a estultícia de dizer o indizível,
a perversidade do capital que é, tão só, um modo de relação entre humanos.
Porque, porra!, terá a Humanidade de se
conformar com a perversidade da relação social que assenta na exploração de uma
classe social sobre os que trabalham e querem viver, porque terá de aceitar que toda a
construção secular, milenar, resultado da relação do ser humano com a natureza seja
perversamente aproveitada por alguns em desumana desigualdade?
Quer-se um exemplo?: desemprego, lay-off,
precariedade para indivíduos e colectivos que trabalham, manutenção de lucros,
dividendos, prebendas para os que exigem protecção para aquela egoísta iniciativa
privada que usa a falácia da ser para bem de todos (a bem da nação!, como ouvi
em pequenino e recusei quando comecei a crescer), como já o era para os escravos
e para os servos.
3 comentários:
Descarrila-mentes que não conseguem fazer com que a humanidade aceite a "ordem única"do poder dominante,Bjo
Neste dia de respirar fundo, recordar e sorrir - estiolaríamos, sem esses momentos... - desejo um festivo 25 de Abril!
Modo divertido mas didáctico de falar de coisas muito sérias!
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