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Continuando em marcha atrás (no processo histórico), até se encontra pegada bem portuguesa
nesses caminhos, com a descoberta de como atravessar os mares para chegar às
Índias e mercanciar especiarias e o que fosse, que até ali se negociava apenas
por terra e com ainda maiores obstáculos que os gigantes adamastores.
Um caminhar com
desvios para estibordo, os erráticos,os maus – os para a direita – que nos faziam, e ao
resto da Ibéria, descobrir Brasis e encalhar, Atlântico Norte, na NATO, e peço
perdão pela acronologia (neologismo inventado para significar ausência de
cronologia… e que será parente chegada de necrologia).
Coube-nos a nós essa odisseia
de atravessar mares daqueles, com embarcações que eram as daquele tempo e não as mui seguras dos tempos modernos e contemporâneos (como Titanics...) e navegadores atrevidos ou forçados a
serem-no.
Em 1984, lembrava uma publicação do BIT (Bureau da agência das Nações Unidas Organização Internacional do
Trabalho) que Napoleão se transportava com a mesma dificuldade e lentidão que
César, mas que Khrouchtchov e Kennedy puderam, souberam e quiseram decidir a
propulsão de objectos habitados por seres humanos no espaço extra-terrestre (assim o cito do BIT mas, como lembraria Brecht, o que homens isolados poderiam talvez decidir só muitos e outros seres humanos realizariam...). Adiante.
Salto esse que, sendo enorme, não chegou para globalização
intra-planetária de uns ou de outros, e poucos anos depois, com a queda do muro,
para que o capitalismo, ou o estádio de predomínio de uma classe social,
justificasse a auto-designação de globalizado para o mundo. Assim como não
impede que se diga que, nas 3 décadas que se vêm referindo, muito se avançou
nas migrações – voluntárias e involuntárias – em meios de transporte que vão
desde os anteriores aos do tempo das descobertas portuguesas e que são um retrato/filme de trágica desumanidade com sinais que pedem meças ao documentado tráfico de escravos, até inimagináveis
cruzeiros de mares e ares para turismos “de massas” (quantidade) e/ou “de luxo”
(qualidade).
continua
3 comentários:
Os delírios da globalização acabam de evidenciar a luta de classes.Continuo atenta às lúcidas reflexões.Bjo
Muito obrigado. Há quem me vá lendo e, no seu caso, estimulando a continuar a escrever.
Estamos na luta. Que é de classes. E vai ser muito dura nos próximos tempos. Como sempre é... mas estes tempos são outros. De certo modo inesperados. Vá, camaradas, mais um passo...
Recordo-me bem de discussões acaloradas no PREC em que a temática do Muro de Berlim vinha à baila como arma de arremesso contra as ideias comunistas ... e eu na altura com dez anos, no ciclo, já "papagueava" aquilo ... a realidade e a análise dos factos é bem mais complexa.
Um abraço
PS - o termo "luta de classes" causa desconforto a muita gente... mas nem por isso deixo de partilhar os seus escritos, salientando sempre, como uma vez me referiu, que é preciso "Outra informação"
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