Terça-feira, Setembro 11, 2007
11 de Setembro...
... de 1973! Estava em Paris.
Numa esplanada instalada num passeio, como se aquele passeio existisse para ali se colocar aquela esplanada parisiense.
Jantava, ou comia qualquer coisa porque as notícias me tinham tirado a vontade de tudo... talvez apenas de comer.
Apetecia-me chorar. De raiva. De impotência. Era, naquele dia, em Santiago do Chile, o que já tinha sido em tanto lugar. De outras maneiras.
O que viria a ser, depois de então, em tantos outros. De outras maneiras
O virá a ser, ainda, em mais lugares. De outras maneiras.
Sempre, o imperialismo.
Na mesa ao lado, jantavam alegremente uns jovens, com ar de bem engravatados tecnocratas. Por coincidência, falavam castelhano. Mas éramos, ou estávamos, em mundos diferentes. E nada me dizia que, sendo diferentes os mundos em que, naquele momento, estávamos, houvesse diferenças profundas que nos separassem.
Só senti que esses dois mundos, ali contíguos, ali não antagónicos, se tocavam, que algo os unia, quando os vi trincar uns vermelhíssimos e suculentos morangos com os seus dentes muito brancos...
Um arrepio percorreu-me o corpo todo. Ainda hoje o lembro.
11 de Setembro...
... de 1973! Estava em Paris.
Numa esplanada instalada num passeio, como se aquele passeio existisse para ali se colocar aquela esplanada parisiense.
Jantava, ou comia qualquer coisa porque as notícias me tinham tirado a vontade de tudo... talvez apenas de comer.
Apetecia-me chorar. De raiva. De impotência. Era, naquele dia, em Santiago do Chile, o que já tinha sido em tanto lugar. De outras maneiras.
O que viria a ser, depois de então, em tantos outros. De outras maneiras
O virá a ser, ainda, em mais lugares. De outras maneiras.
Sempre, o imperialismo.
Na mesa ao lado, jantavam alegremente uns jovens, com ar de bem engravatados tecnocratas. Por coincidência, falavam castelhano. Mas éramos, ou estávamos, em mundos diferentes. E nada me dizia que, sendo diferentes os mundos em que, naquele momento, estávamos, houvesse diferenças profundas que nos separassem.
Só senti que esses dois mundos, ali contíguos, ali não antagónicos, se tocavam, que algo os unia, quando os vi trincar uns vermelhíssimos e suculentos morangos com os seus dentes muito brancos...
Um arrepio percorreu-me o corpo todo. Ainda hoje o lembro.
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O Chile vencerá!
5 comentários:
Foi um ano difícil, que prefiro não recordar, porque de pouca coisa me lembro.
Mas tenha bem vivas na memória as fotos que vieram publicadas no 'República' e no 'diário de lisboa', que sofregamente foram lidos. E que (ainda) guardo. Algures, no sótão...
O Chile vencerá!
Beijo
Para lembrar, sempre!
Recordo, como se fosse hoje, de ligar o pequeno aparelho de rádio que tínhamos em casa e ser surpreendida pelo tom grave e triste da voz do Rui Pedro (que eu não sabia que era nosso camarada)informando que o palácio de La Moneda estava a ser bombardeado.
Já passaram 36 anos desde esse dia e ainda agora sinto a escuridão que senti cair em mim e a tristeza, preocupação e raiva que me invadiram, naquele momento,no meu país, no meio duma ditadura fascista e mergulhada na mais profunda clandestinidade.
Campaniça
Encontrar-se-ão tenho a certeza. Não sei é se será no meu tempo. "HASTA LA VICTORIA SIEMPRE". Abreijos.
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